Para quem tiro o chapéu em São José da Varginha

 

Pela terceira vez estou trabalhando, como padre, em São José da Varginha e, por isso, agradeço a Deus. Esse lugar me encanta por diversas razões. Gosto de ver suas paisagens que são lindas e gosto, sobretudo, da paisagem humana. Aqui sempre viveu e ainda vive muita gente de grande valor. Com uma população majoritariamente católica (77,81%), a Cidade respira paz e tranquilidade(*). Tiro o meu chapéu para muita gente desse lugar. Mas, hoje gostaria de falar de uma pessoa que muito contribuiu com a Cidade e já se encontra junto a Deus: Dona Jacinta Hermógenes Ferreira Braga.

Desde que cheguei aqui, pela primeira vez, em 1994, já ouvia falar muito de Dona Jacinta. Uma das principais ruas dessa Cidade leva o seu nome. Em Pará de Minas ela também dá nome para uma das ruas. Apesar de ter contribuído tanto com a Cidade eu não conhecia nenhuma foto dela. Foi então, que Dona Olímpia, hoje residente em Belo Horizonte, que entrou em contato comigo e me forneceu uma foto dela já melhorada, em preto e branco. Com ajuda de meu sobrinho conseguimos melhorar ainda mais a qualidade da mesma (a foto está em destaque) e mandei fazer dois quadros um para ser colocado na sacristia da Igreja e outro na casa paroquial.

Dona Maria Olímpia dos Santos (Liazinha), nasceu em Aparição em 1937, ano em que a Paróquia foi canonicamente fundada. Seus pais plantavam café e cana de açúcar para produção de rapaduras. Depois que ficou órfã passou a residir com sua madrinha, Dona Raimunda (Dona Dina), em São José da Varginha. Foi então, que conheceu Dona Jacinta. Com ela aprendeu a fazer crochê e a enfeitar a Igreja. Depois de certo tempo mudou-se para Três Corações e quando retornou Dona Jacinta já havia morrido. Numa única frase Dona Olímpia resume a história de Dona Jacinta: Ela foi uma santa mulher!

Dando uma folheada nos documentos antigos da Paróquia vejam o que encontrei sobre Dona Jacinta no Primeiro Livro de Tombos:

1-     Ela foi a primeira tesoureira da Paróquia – pp 05 (1937)

2-     Tratou de assuntos relativos à Casa Paroquial e ao “ladrilhamento” da Igreja – Continuava tesoureira – acolheu Pe. Grevi – pp 28  (1941)

3-     Foi um “braço direito dos padres” – pp 33

4-     “Virtuosa Sra. Jacinta – modelo de cristã, exemplo edificante, benemérita do povo, mãe e braço direito dos sacerdotes” – pp 51

5-     Com Dona Jacinta o padre novo encontrou o seu primeiro abrigo – pp 56

6-     “Exemplo de dedicação, alma eleita para o serviço de Deus” pp 84

7-     “Benzemos o túmulo de Dona Jacinta” - 02 de novembro de 1967 - Côn. Hugo – pp 100.

Deixo aqui apenas alguns registros sobre Dona Jacinta. Precisamos colher ainda muitas informações sobre essa santa mulher que contribuiu, imensamente, com São José da Varginha. Como houve muitas trocas de padres em certos períodos da história que pesquisei creio que alguns nem tiveram muito tempo para anotações. Não encontrei anotações sobre sua morte, apenas uma bênção em sua sepultura. Na ocasião, pelo visto, não havia padre residente em São José da Varginha. Então, penso que muita coisa não foi registrada. É possível que esses registros encontram em outros ambientes fora da Igreja e seria muito bom poder resgatá-los para preservar a nossa memória.

A história de São José da Varginha pode contar com muitas mulheres fortes cujos nomes precisam ser lembrados e preservados. Homens e mulheres contribuíram muito para o bem de nossa Cidade. Que Deus os tenha no céu e os recompense por tudo. Que o exemplo deles e delas nos sirvam de inspiração para os jovens de hoje.

·       https://censo2022.ibge.gov.br/panorama/mapas.html?tema=catolica&recorte=N6 – Consulta em 13/06/25

Obs: Segundo Irmã Aidê Duarte, que hoje mora em Roma, Dona Jacinta faleceu em 1958 e foi sepultada em São José da Varginha: "Morreu como viveu, como uma santa"...  Ela foi professora de sua mãe Dona Claudemira Lucas de Jesus. Ver diploma emitido em 1914, abaixo: 

Irmã Aidê ainda falou de sua grande admiração por Dona Jacinta. Foi ela que a ensinou a fazer as anotações nos livros da Paróquia de São José quando já estava muito doente por volta de 1957. Disse ainda, que ela era sempre homenageada pelos alunos e por Dona Maria Amélia Nogueira (Dona Sinhá), por ocasião de seu aniversário em 27 de setembro.  Chegaram a compor uma música em sua homenagem. Ouça abaixo um trechinho da música cantada por Ir. Aidê: 

jiIrmã Aidê é outra mulher de grande valor. Ela visitou nossa Paróquia em 2023 e concedeu-nos uma valiosa entrevista conforme você pode conferir abaixo: 

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Essa matéria ainda terá acréscimos...