Coração aberto
Otávio Augusto, Imperador Romano, desejava conhecer as forças de seu império. Ordenou um recenseamento em todas as províncias. Quirino, ...
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Otávio Augusto, Imperador Romano, desejava conhecer as forças de seu império. Ordenou um recenseamento em todas as províncias. Quirino, Governador da Síria, ordenou, por sua vez, que todos os moradores da região se inscrevessem em seus locais de origem e pagassem um tributo. José dirigiu-se, com Maria até Belém, para cumprir o mandato. Maria que estava grávida entrou em trabalhos de parto em Belém. José, como seria normal com qualquer pai em situação parecida, é envolto num misto de alegria e preocupação. Nada parecia favorecer a vida do casal. As hospedarias estavam lotadas de gente que, certamente, iriam também, participar do censo. A falta de hospedagem e os constantes nãos que recebiam aumentaram a preocupação de José. Como enfrentar tal situação? Com dificuldades o casal se dirige para fora da cidade. Ali havia algumas grutas perdidas em meio ao terreno pedregoso que serviam de abrigo aos animais e às feras. Foi numa delas que, no limite de suas forças, encontrou abrigo, o casal de viajantes. Nesse local, em total despojamento e pobreza, nasceu o filho daquele que criou tudo o que existe...
Como são misteriosos os caminhos de Deus! Ele que tudo pode, escolheu a fraqueza para revelar-se ao mundo. Não existe nada mais frágil e carente que uma criança. Se não puder contar com o apoio dos adultos não consegue sobreviver ao primeiro mês de vida! Em tudo ela depende dos outros! Esse foi o caminho escolhido por Deus para se tornar mais conhecido entre nós. Ele que não depende de nada nem de ninguém, quis depender de tudo e de todos. Talvez, por se revelar de forma tão simples e despojada, acabou sendo ignorado por quase todos. “Veio para os seus e os seus não o receberam...”
Qualquer rei ou chefe de estado costuma ser recebido em outro país com banquetes e honrarias. Mas, o Rei de todos não encontrou sequer um lugar onde repousar a cabeça! Havia lugar para todos, mesmo para os mais pobres, só para Jesus não existiu um único teto onde pudesse nascer! Nasceu num estábulo e foi colocado sobre as palhas entre os animais! Onde está sua corte, Jesus? – Pergunta São Bernardo. Onde está o seu trono? Lá não vejo senão animais para lhe fazer companhia e sua manjedoura para lhe servir de berço. Ó gruta ditosa, que tiveste a ventura de ver nascer o verbo divino! Ó venturoso presépio, que tiveste a honra de receber o senhor do universo! Ó palha afortunada, que serviste de leito àquele que repousa sobre as asas dos serafins! Fostes felizes, ó gruta, ó presépio, ó palha! Porém, bem mais felizes, são os corações que amam com fervor e ternura esse doce e amável salvador, e que, inflamados de amor, o recebem na santa comunhão!
Jesus nasceu numa gruta e as grutas não têm portas. Os palácios dos príncipes são cercados de sentinelas, guardas e portões. Os mais simples jamais cruzam tais cercas! Jesus, o rei do universo, nasceu numa gruta sem portas para que todos pudessem encontrá-lo, sem agendamento prévio. A imagem aberta da gruta antecipou outra imagem, ainda mais forte, de seu coração aberto pela lança. Seu coração nunca teve portas! É a gruta segura na qual podemos nos abrigar em dias de tempestades. O que estamos esperando? Corramos logo, ao encontro desse abrigo seguro e aconchegante que é o coração de nosso Deus...