Jerônimo: "Nome de guerra" de um santo desertor
A Revolução Francesa deixou na França e, sobretudo, na Igreja Católica um rastro de dor e destruição. Em 1790, a Constituição Civil do ...
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A Revolução Francesa deixou na França e, sobretudo, na Igreja Católica um rastro de dor e destruição. Em 1790, a Constituição Civil do Clero dividia em duas, a Igreja da França. De um lado, os “padres juramentados,” de outro, os “refratários”. Esses últimos resistiram às ingerências do estado na vida da Igreja. Por causa disso, passaram a ser perseguidos e mortos. Muitos foram parar debaixo da guilhotina que, nunca trabalhou tanto em tempo de liberdade, igualdade e fraternidade... Uma parte da Igreja viveu, naquele tempo, uma experiência de catacumbas. Essa realidade atingiu de cheio, a família de São João Maria Vianney até porque ele fugiu do serviço militar e foi considerado um desertor.
Por dezesseis meses Vianney passou a morar num sitio afastado e adotou para si o nome de “Jerônimo”. A dona do sitio era viúva e se chamava Claudine Fayot. Vianney ficou eternamente grato àquela viúva. Em 1811 foi anistiado após o engajamento voluntário de seu irmão caçula no serviço militar. Nesse período de exílio perdeu sua mãe e enfrentou as censuras do pai. Por causa de sua deserção a família sofreu as perseguições da polícia imperial. Nesse mesmo ano foi morar com Pe. Balley em Ecully. Em 1812 foi para o seminário da Arquidiocese de Lião. No seminário sofreu diversas humilhações pois tinha a cabeça “rebelde aos estudos” e isso custava-lhe as zombarias dos colegas. Não conseguindo aprovação nos exames de teologia foi devolvido ao seu vigário Pe. Balley. Pe. Balley esforçou-se por ensinar-lhe latim e teologia e seis meses após o primeiro exame foi reprovado novamente numa segunda tentativa. Mais uma vez Pe. Balley o socorreu e intercedeu por ele. Então foi permitido que Vianney fizesse o exame com o próprio Pe. Balley. Assim, então, ele foi “aprovado” nos exames. Essa aprovação, no entanto, não lhe dava o direito de ser ordenado. Deveria ser “chamado” pelas autoridades da diocese. Esse procedimento acabou não acontecendo e o Vigário Geral da Diocese perguntou: - O jovem Vianney é piedoso? Sabe rezar o rsário? É devoto da Vírgem Maria? – É um modelo de piedade, responderam-lhe. – Pois eu o recebo e a graça fará o resto, respondeu.
No dia 02 de julho de 1814 ele recebia as ordens menores e o subdiaconato. “Cursou” mais um ano de teologia com Pe. Balley e recebeu o diaconato em 23 de julho de 1815, na Capela do Seminário. Sua ordenação sacerdotal foi no dia 13 de agosto de 1815. A cerimônia da ordenação foi antecipada em um ano pois, Pe. Balley reclamou que estava doente e precisava de ajuda de um auxiliar. Alegou ainda, que ensinaria teologia, por mais um ano, ao Pe. Vianney. Se não fosse Pe. Balley, um santo padre de Ecully, a Igreja de hoje, certamente, não teria um grande santo. Talvez, nem padre, João Maria Vianney tivesse se tornado...