Prisioneiro do amor

Deus, que é nosso Pai, quer estar sempre ao nosso lado e oferecer-nos seu grande amor. “Quero atraí-los, disse o Senhor, e uni-los a mim pelos laços do amor”, assim está escrito no Profeta Oséias (Os 11,4). Fazendo-se homem e morrendo na cruz Jesus nos deu a maior prova de amor. Fez isso para ganhar nossos corações e libertar-nos do pecado. Santo Afonso Maria de Ligório, conta-nos uma história que ilustra isso:

Sob a forma de um menino, Jesus se revelou diversas vezes ao Pe. Francisco de São Tiago, um piedoso sacerdote. O religioso gostou da criança e, por diversas vezes, quis retê-lo por mais tempo ao seu lado. O menino, no entanto, desaparecia sem que ele percebesse. Isso era motivo de constantes queixas, por parte do sacerdote. Certo dia, o menino lhe apareceu e, dessa vez, empunhava cadeias de ouro para dar a entender que vinha com a intenção de prendê-lo e de ficar preso a ele para não mais se separarem. Encorajado com isso, o religioso tomou as cadeias, prendeu os pés do menino e estreitou-o contra o coração. Desde então, creu ver sempre em seu coração o Menino Jesus feito seu prisioneiro de amor.

Foi, exatamente, isso que Jesus fez com todos os homens quando se encarnou. Deixou-se amarrar em seus corações com os laços do amor. Pela encarnação o Verbo de Deus extrapolou todos os limites para nos resgatar. A misericórdia desceu aos pecadores; a verdade se apresentou aos desviados e a vida veio em socorro dos que estavam mortos. Quando Adão pecou, por ironia, Deus disse: Adão se fez como um de nós (Gn 3,22), mas, pela encarnação, sem ironia, podemos afirmar: Deus se fez como um de nós! “Considera esse prodígio ó homem”, exclamou Santo Agostinho: O teu Deus se fez teu irmão, tornou-se semelhante a ti, fez-se filho de Adão como tu. E como se houvesse glória nisso, fazia questão de se apresentar como “o Filho do homem”! São Bernardo afirmava: Quanto mais Deus se humilhou, fazendo-se homem por nós, tanto mais fez conhecer a grandeza de sua bondade. Só a fé nos assegura, de fato, dessa realidade. Caso contrário, como poderíamos imaginar que, por amor dum verme da terra como é o homem, um Deus se fez verme da terra como o homem!

Quem ama não ama senão para ser amado; assim, continua Bernardo. Deus que tanto nos amou, só quer de nós, o nosso amor. O que mais Deus poderia ter feito para merecer o nosso amor e nossa gratidão? Se algum amigo tivesse morrido para salvá-lo de algum acidente, pelo menos, por gratidão, você estaria preso a ele pelo resto da vida. Jesus deu sua própria vida por você e por mim. Qual têm sido nossas respostas a tal gesto? Podemos encontrar, fora de Deus, alguma realidade que seja capaz de nos conferir maior realização e felicidade? Então abramos o nosso coração ao Deus Menino. Ele veio do Céu para encontrar-se conosco e a hora é agora...