Sinis está vivo

Sínis é um personagem da mitologia grega que foi derrotado por Teseu em sua viagem para Atenas. Era um gigante e dizia ser filho de Posíd...

Sínis é um personagem da mitologia grega que foi derrotado por Teseu em sua viagem para Atenas. Era um gigante e dizia ser filho de Posídon, o deus do oceano. Maldoso e sádico cercava os passantes perto do istmo de Corinto e matava-os cruelmente. Como era muito forte amarrava sua presa entre as extremidades de dois pinheiros e depois soltava as árvores que, no repuxo partia a vítima pelo meio. Derrotado por Teseu acabou sofrendo o mesmo castigo que aplicava às suas vítimas.

Em minha experiência já ouvi muitas  histórias que me fizeram lembrar o mito de Sínis. Em algumas situações a pessoa é colocada num beco sem saída. Se ficar o bicho pega se correr o bicho come. Ela é posta numa encruzilhada que, independentemente do rumo que tomar, poderá se dar mal. Por sorte, ou por graça de Deus nem todo mundo entra na armadilha  de Sinis.

Uma das situações mais comuns que se assemelham à história acima é quando a mulher coloca o homem diante de uma escolha entre ela e a mãe dele. Mas, já ouvi também o contrário. A mulher teve que escolher entre ele, o marido, e o pai dela que estava só e  doente. Quando isso acontece jogo fica muito cruel. Amarrado entre duas situações que puxam para lados opostos nem sempre a pessoa consegue uma solução.  De um lado está a mãe idosa e doente; do outro a mãe dos filhos dele. E agora? Para que lado seguir?

Certa vez, ouvi de uma criança ao perguntar-lhe sobre seu  próximo final de semana: - Irei para a casa do papai se o juiz permitir... Aquela resposta incomodou-me profundamente. Entre o pai e a mãe a figura do juiz nunca deveria falar mais alto para uma criança. Senti que ali havia uma  nova vítima de Sinis. Pai e mãe puxavam-na para direções opostas sem perceber sua vontade própria. Cada um puxava a vítima para o seu  lado. Rezei para que ela não se partisse ao meio...

Certa vez pedi a um pai que procurasse pelo filho que estava doente de saudade dele. Por causa da nova esposa ele acabou tendo que se afastar dos filhos que teve com a primeira mulher. Isso não me pareceu justo. Procurei o pai e supliquei-lhe que procurasse o seu filho, antes que ele cometesse uma loucura. Não sei se me atendeu. Só quis o bem do adolescente que sofria muito a ausência do pai.  Infelizmente, quem costuma pagar o preço de uma separação são os filhos. Muitos pais não pensam nisso. Pensam apenas neles sem considerar que geraram outras vidas pelas quais são também responsáveis. Sei que alguns casamentos não dão certo mesmo. São coisas que acontecem. Mas, os filhos nunca deveriam  pagar o preço da separação. Cada um deveria assumir sua parte de responsabilidade por aqueles que geraram. Mas, nem sempre isso acontece. Por isso, penso, que Sínis ainda está vivo e ainda comete seus desatinos contra os mais fracos.

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