La Guadalupana

Hoje é dia de Nossa Senhora de Guadalupe, padroeira do México  e das Américas. A história de Guadalupe começou no México, numa época muito difícil para os nativos, por causa da dominação espanhola. Assim, como aconteceu no Brasil Colonial, o México também foi alvo da ganância desmedida dos europeus que colocavam a busca do ouro acima de qualquer valor. Milhares de vidas foram sacrificadas no altar no egoísmo para que o sistema colonial pudesse sobreviver no Séc XVI.

Em 1531, no alto da Colina de Tepeyac, ao norte da atual Ciudad de México, um índio chamado Juan Diego teve uma visão muito curiosa. Apareceu-lhe uma senhora muito bonita e com semblante amigo pediu que lhe fosse construída uma igreja naquele lugar. Mas, antes, ele deveria procurar o Bispo e comunicar-lhe aquele pedido. O Bispo não acreditou no índio e pediu-lhe um sinal. Tempos depois, quando Juan Diego ia chamar um padre para visitar seu tio enfermo, a tal senhora o cercou novamente. Pediu ao índio que colhesse algumas rosas e as levassem ao bispo como sinal. Apesar do frio intenso, Juan Diego encontrou as rosas e, com a ajuda da própria senhora, colocou-as no seu manto (Tilma), uma espécie de avental. Ao chegar diante do bispo e abrir o manto em vez de rosas apareceu estampada no manto a figura daquela mulher, que depois foi chamada de Nossa Senhora de Guadalupe.

A palavra “Guadalupe” não era conhecida na cultura asteca. Ela foi associada à palavra “(Tie)-Cuauh-tlacup-euh, da língua náhuati, que quer dizer: “a que vem do oriente, como o sol” ou então,  “a que precede a região da luz”. Na Espanha a Mãe de Jesus já era venerada com o título de Guadalupe.

Numa época em que ainda não havia mestiçagem no México, a Virgem de Guadalupe se manifestou com traços mestiços, indicando que os nativos também eram  seus filhos.  Maria, a Mãe de Jesus tem muitos rostos e muitos nomes... No México é mestiça, no Brasil é negra, em Portugal é branca...

Na imagem de Guadalupe, a mesma estampada no manto, ralo, do índio, muitos detalhes curiosos chamam a atenção dos pesquisadores:

O pobre manto, tecido a partir das fibras de uma planta (Manguey), não duraria tanto tempo, se não fosse por um milagre! 

A “tela” de 1,68m x 1,05m, encontra-se em perfeito estado, mesmo após enfrentar inúmeras intempéries. 

Também, não se encontrou até hoje a explicação sobre a “pintura” do quadro. Ao que parece o que aconteceu foi uma espécie de impressão imediata. 

Nas córneas dos olhos da imagem, constatou-se, após uma pesquisa da Nasa, a figura de treze pessoas, entre elas Juán de Zumárraga, o bispo da época, seu criado, outro frade e o índio Juan Diego no momento, imediatamente, seguinte à abertura do manto. 

O cabelo da virgem, solto e repartido ao meio, era usado pelas moças índias virgens. A virgem mãe do menino Sol trazia consigo o nascimento de Cristo, o Sol Nascente que veio nos visitar. Maria de Guadalupe se nos apresenta como a aurora do sol nascente. Por isso sua imagem é representada diante dos raios do sol.

Muitos outros elementos curiosos podem ser estudados na imagem da Virgem de Guadalupe. Mas, isso não vem ao caso. Importa-nos entender quais os recados ela quis transmitir numa época controversa e marcada por profundas dificuldades, sobretudo, para os povos da América. Aquela que nos trouxe o Cristo trouxe-o para todos. Jesus é o Sol que ilumina todas as nações e povos e nos quer a todos como irmãos. 

Ao se manifestar como mestiça, negra, ou branca, Maria nos ensina que somos iguais diante de Deus. A devoção mariana nos ensina os caminhos da fraternidade universal, ainda que possa parecer um sonho impossível. Vale a pena refletir sobre isso!