Fogo de palha não cozinha feijão
O texto que me proponho a escrever agora, nasceu em razão de algo que sempre me incomodou e que costumo chamar de “fogo de palha”. E...
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O texto que me proponho a
escrever agora, nasceu em razão de algo que sempre me incomodou e que costumo
chamar de “fogo de palha”. Em minha infância, quando meu pai matava um porco costumava
ser uma festa. De família pobre, a gente, quase nunca, tinha carne para comer.
Por isso, a morte do porco era um acontecimento! Os sentimentos de tristeza e
alegria se misturavam. A gente não gostava de ver o sangue correr. Fazia dó.
Mas, era tão bom um pedacinho de carne no almoço! E a “lingüiça de vento”, nem
me fale! Com talo de mamona minha mãe enchia de vento algumas tripas do porco,
passava sal e as deixavam secar ao sol. Aquilo assado no espeto depois era o
paraíso! Da bexiga do porco, a gente fazia uma bola. Nada do bicho se perdia.
Mas, a festa não era só nossa. Cada vizinho recebia uma “prova de carne”. Ê
trem que era bão, sô!
Para sapecar o porco a gente
colhia folhas secas de bananeiras no dia anterior. A grande festa começava com
a expectativa. Aquele montão de folhas secas prenunciava um grande dia. Para
matar o porco meu pai se levantava cedo e a gente ficava marcando a hora certa
da facada para tampar os ouvidos. Só depois da calmaria é que a gente chegava
perto do local do abate. Aí se punham as folhas sobre o porco e sapecava-o de um
lado e do outro. Raspavam-se os pelos do bicho e a pele ficava dourada e
cheirosa. Naquele tempo não existia colesterol... O fogo de palha na madrugada
era um espetáculo à parte. Brilhava longe e pipocava enquanto nossos corações
acelerados esperavam pelo melhor.
Nem sei por que me alonguei tanto
na imagem anterior. Eu só queria falar mesmo do fogo de palha. É que na Igreja, já vi muito fogo de palha. Gente que passa por conversões repentinas e prometem
ajudar em tudo na comunidade. Mas, aquele fervor todo não passa de nem quinze dias! Às vezes, quando acontece um encontro ou retiro,
a pessoa sai de lá jurando amor a Deus e
prometendo mudar o mundo. Daí a pouco, esquece tudo o que experimentou no
encontro e, às vezes, volta a ser pior do que antes. Elas são inconstantes e
volúveis como o Rei Saul ao final de sua vida.
A Bíblia nos mostra que o Rei
Saul, movido por ciúmes desencadeou uma feroz perseguição contra Davi. Certa vez, organizou
um verdadeiro exército para perseguir Davi que se escondera em uma gruta, no
alto de uma montanha. Mas, num determinado momento, o Rei Saul sentiu
necessidade de “ir ao banheiro”(1 Sm 24,4ss). Não ficava bem o rei se agachar diante das
tropas e mostrar a todos suas partes. Por isso, entrou numa gruta que havia por
ali para realizar suas necessidades. Acontece que era, exatamente, nessa gruta
que Davi estava escondido. Então, enquanto o rei fazia o “número 2”, Davi cortou
um pedaço de seu manto. Saul nada percebeu porque a gruta era meio escura e ele
estava muito concentrado no ato. Depois que Saul terminou o serviço, Davi o
gritou de longe: Ó meu rei, eu não lhe matei porque não quis! Veja o que tenho
em minhas mãos: um pedaço do seu manto real. Naquele momento, Saul ficou todo
arrependido e sem graça. Chegou a chamar Davi de “meu filho” e disse que ele
mereceria ser o novo rei de Israel. Isso foi o “fogo de palha” de Saul, pois logo depois, mudou-se de ideia e voltou a perseguir Davi.
Pois é. Na Igreja também existe
muito fogo de palha. Mas, essa é uma realidade para qualquer organização. É bom
lembrar que “fogo de palha não cozinha feijão”. A coisa mais difícil na vida é
a perseverança. Isso vale também para o casamento, para a vida religiosa e para
a Igreja. Uma fé, movida apenas pelo entusiasmo não vai longe. A fé precisa ser
alimentada todos os dias. Nosso compromisso com Deus também deve ser renovado
todos os dias. Não basta ter tudo hoje e nada amanhã. É melhor ir devagar e
sempre. Nem todos os dias são ensolarados! Às vezes, enfrentamos verdadeiros invernos mas, nem por isso, devemos "chutar o balde".
A vida é muito comprida e tem muitas curvas. O mar da vida nem sempre é calmo e bonito. Existem ondas e redemoinhos. Por isso, é preciso usar bússolas também no mar da vida. Assim, como a bússola aponta para o norte, nossa bússola interior não pode desviar os olhos de Jesus. Esse é o lema do episcopado de Dom José Carlos: Com os olhos fitos em Jesus! Nosso bispo sabe que, para além das ondas e calmarias, nunca pode tirar os olhos de Cristo. Como seria bom se esse também fosse o nosso lema: Caminhar com os olhos fitos em Jesus! Isso nos levaria a manter sempre acessa a chama da fé e ela sustentaria nossa perseverança. Fogo de palha clareia muito, mas apaga rápido. Por isso, ele não deve ser apoio para a fé de ninguém.
Imagem de David Mark por Pixabay
A vida é muito comprida e tem muitas curvas. O mar da vida nem sempre é calmo e bonito. Existem ondas e redemoinhos. Por isso, é preciso usar bússolas também no mar da vida. Assim, como a bússola aponta para o norte, nossa bússola interior não pode desviar os olhos de Jesus. Esse é o lema do episcopado de Dom José Carlos: Com os olhos fitos em Jesus! Nosso bispo sabe que, para além das ondas e calmarias, nunca pode tirar os olhos de Cristo. Como seria bom se esse também fosse o nosso lema: Caminhar com os olhos fitos em Jesus! Isso nos levaria a manter sempre acessa a chama da fé e ela sustentaria nossa perseverança. Fogo de palha clareia muito, mas apaga rápido. Por isso, ele não deve ser apoio para a fé de ninguém.
Imagem de David Mark por Pixabay
Excelente texto. Além de ter revisitado minha infância, edificante mensagem para os dias atuais. Obrigado por esta pérola!
ResponderExcluirTambeT voltei a minha infância, me fez lembrar de tanta coisa boa. Muito bom este texto. Falou uma grande verdade.
ResponderExcluiraah ,que saudade da minha infância, deu até pra sentir o cheirinho do porco sendo sapecado rsrs, e esta mensagem que perfeita reflexão pra todos os diasdias.
ResponderExcluirPadre Gabriel, seus textos nos faz viajar no tempo. Triste mesmo é o fogo de palha da fé.Estamos atravessando tempos dificieis na igreja de Jesus. Onde o nosso Deus só serve para negociações em situações ruins. Só quem tem intimidade com Jesus sabe que com Ele, nosso caminho pode até ser difícil, mas temos a alegria de saber que podemos contar com Ele.
ResponderExcluirVerdade existem pessoas que só tem fogo de palha se tratando da igreja e religião nunca passa de um fogo de palha
ExcluirÀs vezes sinto como se estivesse num bate papo com o Sr, quando leio esses textos. É uma maravilha.
ResponderExcluir.
ResponderExcluirMuito bom mesmo, perseverar. 👏👏👏
ResponderExcluirCostumo falar que trabalhar pra Deus temos que ter 5 pedras na mão: perseverança,persistência, paciência,astucia e o principal: muito amor pelo que se propõe a fazer.
ResponderExcluirNão é fácil trabalhar para Deus. Se não mantermos vigilantes, fatalmente será apenas fogo de palha. E palha molhada pela chuva. Às vezes só fumega e nem chega ao fogo.
E verdade tem que ter entusiasmo e compromisso
ResponderExcluirO senhor me fez a lembrar da minha infância padre Geraldo Gabriel... triste é o fogo de palha né... obg por sempre compartilhar seus textos com nos
ResponderExcluirEspetacular! O Senhor tem uma maneira peculiar de evangelizar que me encanta! Seus textos nos faz refletir, viajar no tempo com ótimas recordações, é tudo de bom! Obrigada!
ResponderExcluirMuito lindo sua reflexão sobre o fogo de palha.Eu estou lendo o livro do Dom José Carlos,ComFCom os Olhos Fitos em Jesus.Maravilhoso!Quem não é rante, é como fogo de palha.Grande abraço pro Senhor.
ResponderExcluirMuito bonito!
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