Um toque de vida!
O Evangelho é muito claro. Jesus ia para uma pequena aldeia da Galileia, chamada Naim. O lugar deveria ser muito insignificante dado que n...
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O Evangelho é muito claro. Jesus ia para uma pequena aldeia da Galileia, chamada Naim. O lugar deveria ser muito insignificante dado que não aparece nenhuma vez no Primeiro Testamento. Por duas vezes, o Evangelho fala de “grandes multidões”. Uma “grande multidão” acompanhava Jesus e a outra acompanhava uma pobre viúva no auge de seu desespero… Motivos para desespero a viúva tinha de sobra. Levava seu único filho para a sepultura! O ambiente era de dor e desespero. Mesmo se ela tivesse outros filhos, já teria motivos suficientes para chorar a morte de um deles. Com a morte do filho único, certamente, ficaria a mercês de outros. “Gaviões” não faltavam! As viúvas ocupavam um dos últimos degraus da escala social. Jesus diversas vezes condenou os doutores da lei por “devorarem as casas das viúvas”…
Ainda hoje, nos pequenos lugarejos, a cena de um enterro, mobiliza a comunidade. No tempo de Jesus também era assim. Até o estudo da lei, obrigação considerada sagrada para os judeus, poderia ser interrompido, para que todos participassem da procissão do enterro. Ao ver a dor e o desamparo da viúva Jesus parou a viagem e fez uma coisa inédita para aquele tempo: tocar o caixão do defunto. Quem fizesse isso, seria “contaminado” e deveria passar por todo um ritual de purificação. Mas, o amor tem suas próprias leis. Nesse caso, quem sofreu as influências desse toque de vida, foi o morto que recobrou, imediatamente, a vida.
Diante da dor e desamparo daquela pobre mulher, Jesus fala e age. Primeiro a consola: “não chores”! depois age: toca o caixão. O Evangelho nos poupa de muitos detalhes. Diz apenas, que Jesus tocou o caixão e disse: “Jovem, eu te ordeno, levanta-te”. O moço sentou-se e começou a falar. Não era preciso dizer que nesta hora muitos saíram correndo, outros pensaram ser fraude, e outros exageraram a história. Muitos disseram: Deus visitou o seu povo! Apesar da distância que nos separa desse fato, é preciso lembrar que o ser humano não é muito criativo para agir. A diferença é que, se o fato tivesse ocorrido hoje, no mesmo dia, teríamos uma turma de “especialistas” discutindo o fato, ao vivo, num programa vespertino de televisão.
No encontro de Jesus com essa pobre viúva desamparada, Deus, mais uma vez, mostrou-nos sua misericórdia. Jesus se compadece da dor humana. A palavra “compaixão”, empregada no texto é uma palavra forte. Vem do grego e quer dizer “comover-se nas entranhas” (splangnízomai). Falando de outra forma, o coração de Jesus doeu, diante do sofrimento alheio. Aqui, nós temos a infinita misericórdia e a grande miséria humana! A viúva está entre aqueles que não têm ninguém para defendê-los. Sua condição miserável, no entanto, fez com que Jesus parasse sua viagem para dar-lhe atenção. Seu toque muda toda a atmosfera local.
Muitos, ainda hoje, precisam ouvir as palavras consoladoras de Jesus: “Não chores”! A morte teima em rondar nossos ambientes. Ela pode ser gerada pelas drogas, desentendimentos e egoísmos. Existem muitas viúvas de maridos vivos gritando por socorro. Jesus não está surdo. Para agir ele quer usar nossos braços e nossos pés. Mas, será que temos ouvidos para escutar as viúvas de nosso tempo?
Pense nisso!