A orientação de Jesus foi muito clara: Devemos rezar sempre e
nunca desistir! (Lc 18, 1- 8). Estando com seus discípulos ele contou uma parábola:
Havia um Juiz iniquo e uma viúva desamparada. Ele não temia a Deus e nem aos
homens. Ela, por sua vez, nunca desistiu de procurá-lo, exigindo justiça vencendo-o,
assim, pelo cansaço. Finalmente, conseguiu o que quis por causa de sua grande
insistência e perseverança.
Deus não pode ser comparado a esse juiz perverso. Mas, se até
quem é mau acaba cedendo à insistência do outro Deus age muito melhor. Às
vezes, Ele nos faz esperar um pouco, antes de nos atender. Isso servirá para
testar nossa perseverança e nossa firmeza na fé. Mônica, por exemplo, a mãe de Santo Agostinho
ficou trinta anos na fila! Mas, quando foi atendida Deus lhe deu mais do que
ela havia pedido, ela pediu pela conversão do filho e, Deus fez do seu filho,
um grande santo!
O ensinamento da parábola foi claro. Precisamos rezar, de
forma perseverante. Deus não gosta de “fogo de palha”, nem de arroubos
passageiros. E é, precisamente aí, que mora nossa dificuldade. De maneira
geral, não somos perseverantes, até gostamos de emoções fortes, mas não
suportamos a rotina do dia-a-dia.
Costumamos apelar às emoções na hora de rezar e para
facilitar as lágrimas e suspiros, às vezes, “douramos a pílula” com
fundo musical. Isso vai criando um clima emocional até ao derramamento de
lágrimas. Então, nesse caso, parece que a oração valeu e que, de fato, houve um
encontro com Deus. São Francisco de Sales critica esse apelo emocional nas
orações, na quarta parte do seu livro, Filoteia. À luz do seu ensinamento vamos
começar com duas perguntas: Será que é necessário sentir sensações espirituais
agradáveis para rezar? A qualidade de nossa oração está ligada ao fluxo das emoções?
As nossas emoções mudam como as ondas do mar. Para que nosso
barco não fique à deriva precisamos manter sempre um foco em Deus, como o
marinheiro olha sua bússola para orientar sua navegação. Caso, contrário,
seremos batido pelas ondas e corremos o risco de naufragar. As ondas são as nossas
emoções. Emocionar na hora da oração pode ser um truque de nossa mente ou até mesmo
uma espécie de vaidade oculta. Agindo assim, passamos a impressão que tivemos
uma “linha direta” com o Espírito Santo...
São Francisco de Sales cita o exemplo de Saul em sua relação
com Davi para falar da fragilidade das emoções. Em perseguição a Davi, Saul
entrou numa gruta para fazer suas necessidades fisiológicas. Davi achava-se
escondido nessa mesma gruta. Então, aproveitou o rei distraído para cortar um pedaço
do seu manto. Assim que ele saiu da gruta Davi gritou dizendo que não o matara
por respeito ao ungido do Senhor. Caso quisesse matá-lo, não teria nenhuma
dificuldade, pois cortara um pedaço do manto sem que ele percebesse. Naquela hora
Saul se emocionou e se derramou em lágrimas, chamou Davi de filho e prometeu
não mais persegui-lo. Mas, essa promessa, feita no calor da emoção, não durou
meia hora!
Ser Cristão não é ficar comovido com o Evangelho ou ter
momentos de oração carregado de emoções. É servir a Deus e procurá-lo no
próximo. É agir, concretamente, prontificando-se para o serviço à Comunidade.
Não adianta sentir arrepios na hora da oração e não fazer nada pelo outro
depois.
“Os sentimentos espirituais
muito fortes que experimentamos em nossa oração, a satisfação que encontramos
em nossa vida interior são encorajamentos que vale a pena aproveitar. Mas não
são critério de sucesso e de eficácia da nossa relação com Deus. Além disso,
acontece frequentemente sentir que as sensações positivas percebidas na oração
não vem de nós. É nosso lado narcisista que se compraz com o que acreditamos
ser a oração” (1)
Na realidade a gente conhece a qualidade da oração de alguém
pelos frutos que esse alguém produz na comunidade de fé. Quando a sua oração
faz de você uma pessoa mais generosa, mais caridosa, mas compassiva com os
outros, mais verdadeira, então é sinal que sua oração tem sido bem feita. De
nada adianta emocionar-se e chorar durante a oração se ela não faz
você mudar de vida. Algumas pessoas "se vendem" como modelos de oração mas,
ninguém aguenta conviver com elas no dia-a-dia.
A viúva, citada no Evangelho, conseguiu ser atendida porque
perseverou. Sua fé não foi um entusiasmo passageiro, pois, ela teve insistência
e perseverança. Isso nós devemos aprender, afinal, “fogo de palha, não cozinha
feijão”.
Foto de Ric Rodrigues: https://www.pexels.com/pt-br/foto/homem-de-olhos-fechados-segurando-o-rosto-com-as-duas-maos-1309052/
Bom dia à todos ,mais uma vez surpreendente reflexão ,pois a oração é um dos melhor alimento para nós , pois devemos estar sempre em oração porque a oração não só é alimento e sim remédio para nossa alma....
ResponderExcluirA viúva ,por insistência,por perseverar no seu pedido,ela conseguiu ser atendida pelo Juiz.Assim nós devemos Rezar e fazer a Deus nosso pedido.Na perseverança Deus nos atende.Tambem devemos dar graças a Deus,louvar a Deus em ação de graça,rezar o terço todos os dias,fazer Salmos maravilhosos,para louvar nosso Pai!
ResponderExcluirMinha mãe gostava muito de rezar. Ela rezava para os oito filhos, para os netos e bisnetos e para muitos que a pediam orações.Ela dizia assim..reza , mas reza muito porque todo tanto que rezamos ainda é pouco.
ResponderExcluirGrande ensinamento , suas reflexões é uma catequese que nos ensina como rezar e perseverar na oração
ResponderExcluirPara mim , a oração tem que me transformar , mas a oração tem que ser otimista e bem feita, chorar enquanto ora pra mim é fuga.Deus não nos quer sofrendo por isso deu seu filho para sofrer por nós.Prefiro pensar que Deus é alegria, a emoção deve ser diferente, deve ser para nós trazer felicidade!! Tenho visto uma linha de oração que deprime.
ResponderExcluirOrar e agradecer é uma das coisas que que mais faço. Não gosto de lamentações e muito menos questiono as vontades do Pai. Viver a vida com mais leveza, me dá um grande prazer.
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