Raimundo e Maria Rita: uma grande história de amor
O dia chegava ao fim e Raimundo sonhava com a festa de São Sebastião que iria acontecer no Arraial de Pindaíbas. Na verdade, ele sonhava...

O dia chegava ao fim e Raimundo sonhava com a festa de São
Sebastião que iria acontecer no Arraial de Pindaíbas. Na verdade, ele sonhava encontrar sua cara
metade. Sabia que o santo encarregado dos casamentos era Santo Antônio, mas,
vai que, naquela noite ele estaria cobrindo a folga do outro...
O entardecer, naquele dia, não causava nenhuma tristeza aos
moradores de Pindaíbas. Pelo contrário, estavam ansiosos pelas festanças da
noite. Pindaíbas era o nome daquele lugar e a condição financeira de Raimundo
que, apesar de trabalhador, não conseguia juntar grana nem mesmo para as
necessidades mais urgentes. Mas, naquela tarde, o seu coração batia forte e algo
lhe dizia que ele se daria bem durante a festa.
O dono da Fazenda Pernambuco onde Raimundo trabalhava emprestou-lhe um
cavalo o "Furta-Moça" que era muito bom de sela. Isso, certamente, o ajudaria a causar boa
impressão. A noite chegou e Raimundo vestiu com esmero: Calça azul e camisa
listrada. Um chapéu tombado na cabeça escondendo os cabelos. Naquele tempo eles
ainda existiam! De longe, percebeu um clima de festa no arraial: Bandeirinhas,
fogos e som de uma acordeon que o fazia sentir cócegas nos pés.
Nas proximidades da Capela, Raimundo amarrou o cavalo, ajeitou
as botinas e em seguida cumprimentou os presentes. Viu que um grupo de senhoras
conversava animadamente, e desconfiou que falassem dele. Com o rabo de olho
reconheceu Dona Joana, esposa de Seu Nicanor, que viera de Pará de Minas para
os festejos. Fez-se de bobo e aproximou delas. Dona Joana se derreteu toda e logo
deu um jeito de apresentá-lo à Ritinha, sua filha. Maria Rita era o nome da
moça que, à primeira vista, parecia tímida e magricela. Conversa vai e conversa
vem e o sanfoneiro abriu o fole do instrumento.
Ao som do forró Raimundo que era “Pé de valsa”, chamou uma
conhecida para a dança. Na verdade, queria dançar com Maria Rita, mas, teve
receio de Seu Nicanor que tinha fama de bravo. De fato, Seu Nicanor impunha
respeito: Era alto, cabelos bem aparados e um bigode de galã da novela das
oito. Então, que Dona Joana facilitou as coisas dando um jeito de colocar Maria
Rita nos braços de Raimundo. Foi aí que juntou a fome com a vontade de comer! O
casal não dançava, mas voava pelo salão. Raimundo vivia um sonho! Mas, não quis
ir com muita sede ao pote. Por isso, fingiu que teria que olhar o cavalo
distanciando-se, por alguns instantes, um puro pretexto para que a moça fosse
atrás dele. E deu certo, ela foi! E foi assim mesmo que tudo começou. Daí a pouco
Raimundo teria que viajar a Pará de Minas duas vezes por mês. A moça ia
buscá-lo na rodoviária. Tudo ocorria sob o olhar vigilante de Seu Nicanor. Nem
mesmo uma rapadura que Raimundo o levou para adoçar a boca do velho o fez
baixar a guarda!
Depois de um ano nesse vai e vem Raimundo e Maria Rita se
casaram e ela foi morar com ele em Pindaíbas. Seu Nicanor, no entanto, não
aguentou o distanciamento da filha e buscou o casal para morar com ele e Dona
Joana. A essas alturas já tinha conseguido um emprego para Raimundo na Cerâmica
Raquel. Trabalhando na cerâmica, não foi difícil ao Raimundo juntar tijolos e
dinheiro para o seu próprio barracão nas proximidades do sogro. Hoje, passados
50 anos, Sr. Raimundo e Dona Maria Rita tiveram oito filhos, dos quais quatro
estão vivos, além dos sete netos que alegram a casa deles. Seu Nicanor e Dona
Joana abençoa, continuamente, o casal lá do céu onde se encontram. Acho que
Raimundo estava mesmo certo em sua intuição de homem simples: Naquela noite,
São Sebastião estava de folga e no lugar dele trabalhou Santo Antônio. Por isso,
hoje eles moram na Paróquia de Santo Antonio onde dedicam suas vidas. Aqui você
leu a história de um grande amor que, graças a Deus ainda sobrevive. Louvado
seja Deus!
Foto: Raimundo e Maria Rita - Arquivo pessoal
Que maravilhosa história de amor que se perpétua! Que seja de estímulo pra muitos casais.! 🙏🙏
ResponderExcluirDeus abençoe sempre a Maria Rita e o senhor Raimundo. E abençoe muito o senhor padre Gabriel que tem esse talento pra escrever esses textos . Conheço a Maria Rita e sei o quanto ela é dedicada a ajuda na paróquia.
ResponderExcluirBoa noite sua bênção, histórias que dá gosto de ser contada nos mínimos detalhes Deus abençoe a todos ...
ResponderExcluirUma História de Amor que leva amor a tantos!!!Viva a Vida!
ResponderExcluirEstou mesmo certa, o Senhor recebeu o dom da escrita. Conseguiu prender a atenção, e as emoções nesta história de amor que ficou muito agradável de se ler.
ResponderExcluirSerá que tem um pouco da força do destino em casos como este?
Foi bom o resultado porque estão a longos anos juntos, poderia dizer que receberam de Deus o dom do amor para ser compartilhado e consequentemente na construção de uma bela família. Se foi projeto de Deus este dom, com satisfação foi bem realizado.
Com essas palavras, consegui visualizar toda a cena e criar essa história em minha mente de forma romântica e envolvente. Foi possível sentir os olhares, o nervosismo do primeiro encontro e, por fim, o amor florescendo com compromisso e paixão. Parabéns ao casal! Histórias como essa nos inspiram a valorizar e fortalecer nossos relacionamentos.
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