A mulher adúltera

  Hoje farei uma breve reflexão sobre esse Evangelho tão bonito, o texto que fala do encontro de Jesus com a mulher adúltera (Jo 8, 1 – 11)....

 


Hoje farei uma breve reflexão sobre esse Evangelho tão bonito, o texto que fala do encontro de Jesus com a mulher adúltera (Jo 8, 1 – 11). O episódio me faz lembrar o mal que podemos causar quando agimos sob o chamado “efeito manada”. Naquele dia, uma turma de homens, arrastou, de qualquer jeito, uma pobre mulher acusada de adultério. Ninguém se importou muito com a situação daquela mulher colocada ao centro de todos e exposta sem piedade. Na verdade, eles estavam de olho mesmo era em Jesus. Queriam ver o que ele diria naquela situação. Sendo Filho de Deus deveria ter as três virtudes nomeadas por Santo Agostinho (Sl 45, 5): Verdade, mansidão e justiça! Aí começava um grande dilema: Quanto à verdade não se podia discutir, pois o fato fora constatado. Então sobrava o dilema de conciliar a mansidão com a justiça. Para agir com justiça,  deveria concordar com a punição da vítima. Mas, nesse caso, faltaria com a mansidão. Se agisse com mansidão faltaria com a justiça. De alguma maneira teria que renegar a lei ou a misericórdia. Opondo à lei seria acusado de transgressor, opondo à misericórdia negaria seu próprio discurso.

Diante da situação de ódio coletivo, penso que já estivessem com pedras nas mãos, Jesus age com calma. Inclinando-se, dobrando sobre si mesmo, ganha tempo para que todos refletissem sobre seus atos. Por algum tempo, permaneceu inclinado escrevendo no chão alguma coisa. Depois se levantou com grande autoridade e questionou: Quem não tem pecado atire a primeira pedra! Quem atirava a primeira pedra assumia a responsabilidade de ser a testemunha (Dt 17, 7) e, depois dele todos se sentiam no direito de apedrejar a vítima. Isso lembrava outra situação, a do “bode expiatório”(Lv 16, 7 -9), onde as pessoas, depois de uma cerimônia empurravam um bode para morrer no deserto. Ele passava a carregar todos os males do povo e, uma vez, morto, o mal seria extinto.

Não sei por que, mas, até hoje, gostamos de escolher bodes expiatórios e transferir nossas culpas para eles. Isso acontece quando se coloca toda a culpa da crise econômica sobre os imigrantes, por exemplo. Expulsar todos os imigrantes de uma região significaria em tirar o mal daquela região. Mas, será que é tão fácil assim?

Matando aquela pobre mulher criava-se a sensação de que o mal, sempre visto no outro e não em si, estaria sendo eliminado da sociedade. Além do mais, esse cumprimento da lei estava mal arranjado pois, nesses casos, a lei previa a morte da adúltera e do seu parceiro (Lv 20, 10). Era preciso perguntar, então, onde estaria o parceiro com quem a mulher cometera adultério.

Naquele instante, de réu Jesus passa a ser juiz. Cada um olhou para dentro de si e percebeu que o buraco era mais embaixo, ou seja, o mal não estava apenas naquela mulher. Começando pelos mais velhos, que deveriam atirar as pedras primeiro, todos foram saindo de fininho. Somente uma pessoa não saiu porque, de fato, não tinha pecado: Jesus! Ele que não tinha pecado, como vítima inocente morreu na cruz para salvar dos pecados os pecadores, ou seja, todos nós. Naquele cenário, então, só restaram duas pessoas. O inocente e a culpada, a misericórdia e a miséria. Jesus olhou com amor para aquela que estava prestes a ser morta e teve compaixão. Ele não veio para condenar, para fazer isso já tinha muita gente. Veio para salvar e perdoar. E foi o que ele fez. Eu também não te condeno, vai em paz e não peques mais!

Diante de uma cena tão comovedora podemos nos perguntar:

O que esse Evangelho nos ensina?

Como sair do “efeito manada” hoje tão presente e incentivado nas redes sociais?

Como agir corajosamente como Jesus em defesa dos mais fragilizados?

Como agir com compaixão na situação em que nos encontramos?

Pense nisso!

Imagem de Petra por Pixabay

Related

Um Deus apaixonado...

 Deus ordenou que se rebaixassem os altos montes e enchessem os vales a fim de que Israel pudesse caminhar com segurança. Ordenou as florestas que fizessem sombras e as árvores aromáticas que per...

Medo do altar

 Acho que não é só comigo que isso acontece. Percebi em algumas igrejas que já trabalhei certo medo dos fiéis de ocuparem os primeiros lugares durante as celebrações. Às vezes, a Igreja estava va...

Jesus, o incendiário!

 Deus prefere as lamparinas dos homens às suas estrelas imensas... (Tagore: Pássaros Perdidos, 194) No Evangelho de São Lucas encontramos essa pérola de Jesus: Eu vim lançar um fogo sobre a terr...

Postagem mais recente Mistérios do vento
Postagem mais antiga Sombras e cinzas

Postar um comentário

  1. Não devemos julgar e nem condenar ninguém. Pois somos cheios de defeitos.

    ResponderExcluir
  2. Este evangelho é muito rico de boas reflexões, destaco o que vejo ser muito comum como quem cuida das falas procura não ficar vulgando o outro em nada porque penso cada um tem sua receita de vida. Claro que existe norma morais do bem viver.

    ResponderExcluir
  3. Completo meu comentário do texto já que escolhi a palavra julgamento e que no evangelho Jesus mostra o que deseja de nos, que sejamos sempre misericordiosos.

    ResponderExcluir
  4. Somos todos pecadores e precisamos da misericórdia de Jesus.

    ResponderExcluir

Deixe aqui seu comentário

emo-but-icon
:noprob:
:smile:
:shy:
:trope:
:sneered:
:happy:
:escort:
:rapt:
:love:
:heart:
:angry:
:hate:
:sad:
:sigh:
:disappointed:
:cry:
:fear:
:surprise:
:unbelieve:
:shit:
:like:
:dislike:
:clap:
:cuff:
:fist:
:ok:
:file:
:link:
:place:
:contact:

Vídeos

Mais lidos

Mais lidos

Parceiras


Facebook

item