A porta é estreita

  No Evangelho de São Lucas (Lc 13, 22- 30), Jesus nos diz o que é necessário para nossa salvação. O texto bíblico, afirma que a porta do cé...

 


No Evangelho de São Lucas (Lc 13, 22- 30), Jesus nos diz o que é necessário para nossa salvação. O texto bíblico, afirma que a porta do céu é estreita. De fato, deve ser estreita para quem tem o ego inflado. Se a salvação é de graça, é um dom, então, porque Jesus disse: - esforçai-vos para entrar na porta estreita? Ela deve ser estreitíssima para quem se julga merecedor da salvação, pois, com os próprios méritos, ninguém compra ingresso para o céu. Nosso esforço, portanto, não é para arrombar a porta ou forçar a entrada. Trata-se do esforço contra nossa própria arrogância e vaidade. Essa “morte do ego”, talvez, seja o maior desafio para cada um de nós. Alguns chegam a construir verdadeiros mausoléus para serem admirados além da vida. Temos excesso de amor próprio e, dificilmente, entendemos a lógica do esvaziamento de Deus. Quando olhamos o crucificado percebemos o quanto ele esvaziou-se, de si próprio, por amor. Na cruz, ele não teve nem mesmo a roupa do corpo... Jesus é um Deus fora de si enquanto nós somos muito cheios de nós mesmos! 

Podemos chamar de conversão a esse esforço para vencer a si mesmo, vencer as más inclinações. Uma verdadeira conversão provoca reviravolta na vida. Em vez de nos preocuparmos, apenas, conosco passamos a enxergar o próximo com suas limitações e necessidades. Mas, não se consegue isso sem muito esforço. Deve ter custado muito a São Francisco de Assis abraçar um leproso, na beira da estrada, vencendo a própria repulsa. Por isso, precisamos pedir ajuda à graça de Deus. Somente com ela podemos sair vitoriosos nesse combate. “Muitos tentarão entrar e não conseguirão”, diz o Evangelho. Na verdade, ninguém conseguirá salvar a si próprio. Somente um pode salvar a todos. Estou falando de jesus. Quanto mais reconhecermos nossa fraqueza, mais forte seremos diante de Deus (2 Cor 12, 10).  Foi Cristo, com seu lado aberto na cruz, que abriu-nos as portas do céu.  Depende dele, e não de nós, a nossa salvação. Mas, como é difícil para uma sociedade centrada no sujeito entender essa questão! Hoje, se pudessem, alguns substituiriam o heliocentrismo pelo egocentrismo! Vivemos num tempo de culto a si mesmo e esse culto à personalidade tem sido ampliado pelas redes sociais. 

O fermento dos fariseus ainda subsiste entre nós. Eles acreditavam no poder de compra da salvação por meia dúzias de boas ações. Certamente, pensavam que Deus tinha uma dívida com eles e, a salvação seria uma forma de quitá-la. Pensando assim, trocavam a graça pelo merecimento e esse “meretrício” roubava qualquer vestígio de humildade.

Jesus disse, certa vez, que para entrar no céu é preciso ter um coração semelhante ao das crianças. A criança, em tudo, depende do cuidado dos adultos. Nenhuma criança sobreviveria sem esses cuidados. Com relação a Deus, devemos pensar da mesma maneira. Somos pecadores e carentes da misericórdia divina. Quem não se sente pecador também não irá experimentar a misericórdia. É bom se lembrar de que Cristo não veio para os justos e santos mas, para os pecadores. Nessa lista eu me incluo no desejo de ser assinalado pelo sangue do Divino Cordeiro. Espero que seu nome também possa figurar nessa lista...

Imagem: https://pixabay.com/pt/photos/arquitetura-passagem-inferior-t%C3%BAnel-4927193/

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  1. "A salvação é dom de Deus e esforço humano. É decisão pessoal e intransferível! A porta é estreita porque nos tornamos grandes demais, autossuficientes, egoístas, egocêntricos, prepotentes, invejosos e insensíveis ao sofrimento humano. Por isso, a porta fica muito estreita. Requer, de todos nós, muita conversão! Não entrará no Reino de Deus quem não deixar o Reino entrar, primeiro, dentro do seu coração!"

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  2. Dificil mesmo Padre viver neste mundo materialista, mas para os que creem, conjugar com o aprimorar de nossa espíritualidade, para merecer a plenitude do reino de Deus, que deve ser o objetivo final da nossa existência.
    Sempre é bom ouvir Padre Zezinho, e o Senhor no capricho da escolha apropriada da música.

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