Quando a ginástica perde para o êxtase
Gosto de fazer minhas caminhadas, principalmente, ao entardecer quando o sol está sonolento e o dia pedindo arrego. O dia não é feito de p...

Gosto de fazer minhas caminhadas, principalmente, ao
entardecer quando o sol está sonolento e o dia pedindo arrego. O dia não é
feito de partes iguais e, sendo assim, precisamos fatiá-lo para saborear, separadamente,
cada uma de suas partes. A aurora tem seus encantos quando nos surpreende recheadas
de passarinhos; as manhãs efervescentes são como Sonrisal em copo d’água; o
meio do dia é modorrento e apropriado à borboletas... Não sei porque elas
gostam de desfilar nesse excesso de luz; o início da tarde só funciona na
marcha lenta e o crepúsculo é a cereja do bolo.
Antes que o sol se despeça eu boto o pé no chão e a cabeça no
lugar. Normalmente, caminho rezando ou curtindo
uma boa música, mas, sacrifico, facilmente, a ginástica pelo êxtase que, que, às
vezes, me surpreende sem marcação de data ou hora. Aliás, o êxtase é o inimigo
do que chamamos de tempo, horas e minutos. Na sua presença o tempo se esvai e
se evapora feito bolha de sabão. Alguns
santos, quando em êxtases, relativizam até as leis da física e se levantam do
chão feito bailarinos de uma música inaudível ao comum dos mortais. Naturalmente,
não chego a tanto, mas, confesso que, às vezes, sou roubado de mim mesmo,
diante de um beija-flor que voa parado no ar ou de uma simples formiga, que
luta para carregar uma folha verde, três vezes, maior do que ela!
Outros dias, isso me ocorreu. Fui interceptado por uma trilha
de formigas apressadas e nervosas seguindo em marcha na mesma direção como se
tivessem sob olhar punitivo de algum feitor. Notei que, algumas pareciam
perdidas no trajeto e, em vez de andar “seguindo o fluxo,” remavam contra a
correnteza. Talvez, estivessem recebendo um castigo por terem abandonado a
carga o trocado a mesma por uma menor. Quem sabe não fossem as filósofas ou
poetas do mundo das formigas... Perdido ali, na estrada comtemplando aquele
desfile, nem vi quando o dia se foi. As formigas pareciam ainda mais apressadas,
retornando às suas profundezas antes que a cortina da noite caísse sobre a
terra. Por alguns instantes, fiquei triste, constatando que nessa vida tudo
passa depressa demais. Aquele sol desmaiado parecia se despedir de mim, pela
última vez. Foi então, que senti o peso do tempo cronológico como se fosse uma
guilhotina sobre minha nuca. Mas, voltemos às formigas: Naquele dia, por mais
que eu me esforçasse elas não responderam minhas perguntas. Assim, como boa
parte dos homens, estavam atarefadas demais para perderem tempo com filosofias.
Alguém ensinou as formigas que “tempo é dinheiro”, ou somente
aos homens fizeram tal maldade?
Descrever o dia como foi descrito é mais que um poema.Observar o trabalho das formigas também nos engrandece e nos mostra que tamanho não é documento a força de vontade é que mostra o nosso tamanho, tanto físico com o tamanho do nosso coração.Aa formigas se unem para sobreviver e se ajudam, é o que falta em nós , todo texto nos leva a uma reflexão, o descrever do dia e o trabalho destas operárias.Gratidao por me proporcionar ler um texto tão belo!!
ResponderExcluirBelo texto!
ResponderExcluirAs formigas sobrevivem; nós podemos escolher viver.
ResponderExcluirO dia e a natureza tem um encanto que poucos contemplam.
ResponderExcluirBelo texto para reflexão.
ResponderExcluirParabéns! O Padre Geraldo Gabriel é um Grande Escritor,Poeta de DEUS.Parabéns pelos Dons que Deus Te deu e que o Senhor não enterrou!O Poeta carrega dentro de si a felicidade.E o Amor é a merecida homenagem que presenteia um Caro Poeta.Que DEUS te ilumine sempre a brilhar nesta força Cósmica Transcendental,nesta Comunicação para o bem Cultural.Um grande abraço!
ResponderExcluirPadre esta descrição do passeio do fim do dia, melhor dizendo, a caminhada necessária à saude, e as observações de tudo que a vida nos oferece foi gostoso de se ler.
ResponderExcluirÉ muito bom ter esta sensibilidade, e usar do talento na escrita, para nos levar a perceber os sentimentos vividos.
Vou confessar a público, o que hoje para mim foi uma ignorância covarde. Usei alguns venenos para matar as indesejadas formigas. Não faria mais uma ação dessas. Acho que minha consciência ecológica, me levaria a atuar com meios mais naturais, para afastá-las. Atualmente respeito todo ser vivente, e se tivermos que matar por exemplo uma barata, que a sua morte seja sem crueldade, e sim rápida quase que indolor. Vantagem da idade! Vivendo e aprendendo.
Não é que fomos atacados pela mesma mosca existencial? E o sol resolveu falar conosco nos últimos raios. No meu caso foi um resto de luz na copa do ipê em frente ao meu apartamento que me fez pensar: nunca mais, agora esse dia acabou realmente... E a gente com tanta pressa! Pra quê?! Como é difícil aprender. Parabéns! Seu texto é poético e tem gosto de Adélia.
ResponderExcluirEsse texto me fez refletir sobre a beleza que podemos encontrar nas coisas mais simples da vida , e também sobre a conscientização de preservar a natureza. Uma caminhada ecológica! Isso faz bem para o corpo ,e mente . E ler esse texto faz bem para a alma!!
ResponderExcluirParabéns Padre Gabriel por escrever coisas tão belas.
Belíssima reflexão. Com o olhar de Deus a beleza do fim do dia e a simplicidade das formigas em sua existência que nunca percebemos e tem a sua finalidade em nossa existência. É nos pequenos delhalhes que vemos as maravilhas de Deus. 🦗🍃🙏🤗
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