Céu antecipado

O Catecismo da Igreja Católica nos diz que “a fé faz-nos degustar como por antecipação a alegria e a visão beatífica, meta de nossa caminhada na terra” (Nº 163). São Paulo, completa essa idéia dizendo que, pela fé, possuímos antecipadamente as realidades que esperamos (Hb 11,1). Nesse sentido, podemos afirmar a importância da fé. Na Sagrada Escritura Abraão é citado como modelo de fé. Ele soube acreditar acima de tudo. Deixou sua pátria e parentes para buscar uma “terra prometida” acreditando apenas numa promessa divina. Estava idoso e fraco. Apesar disso, Deus lhe prometera descendência mais numerosa do que as estrelas do céu (Gn 15, 5). Sua fidelidade a Deus foi provada quando se mostrou disposto a sacrificar o próprio filho Isaac. É claro que Deus jamais exigiria isso de alguém. A Bíblia quer realçar apenas a fidelidade de Abraão. Movido pela fé Abraão venceu inúmeros desafios e provações. Assim como Abraão, Maria também, foi um grande exemplo de fé. “Feliz aquela que acreditou”, disse Isabel, ao receber Maria em sua casa (Lc 1,45). “Certo dia, Jesus estava pregando e foi interrompido por uma mulher entusiasmada: Feliz o seio que te amamentou…” Jesus não pensou duas vezes para responder aquela mulher: “Feliz, antes, aquele que ouve a Palavra de Deus e a põe em prática” (Lc 11, 28). Podemos dizer que Maria foi duplamente feliz. Ela soube acolher a palavra e soube colocá-la em prática. Mas, assim como no caso de Abraão, Maria também não foi poupada de sacrifícios. Concebeu um filho antes do casamento, viveu a experiência de imigração e viu seu filho ser rejeitado e morto pelas autoridades de seu tempo. Apesar disso, não percebemos nenhuma murmuração nos lábios de Maria. Ela não entendia. Guardava tudo em seu coração e sabia que Deus não haveria de abandoná-la.

Ter fé e ter a certeza que não se caminha sozinho. Quem tem fé em Deus olha para o horizonte e, diante da beleza do “Sol nascente”, arranja forças para caminhar. Pela fé sabemos que Deus não nos engana. Ainda quando não entendemos os seus desígnios sabemos que sua mão nos conduz e protege. A fé é um dom que deve ser pedido a Deus. Ela também precisa ser alimentada. Isso pode ser feito pela oração diária, pela prática da caridade e, sobretudo, na Eucaristia. “Sem Deus a vida é burra”, dizia Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa no livro: Grande Sertões Veredas. De fato, a vida sem Deus corre o risco de perder completamente o sentido. É bom lembrar que “Deus é amor”, conforme nos diz S. João. Sendo assim, viver com Deus é viver no amor e quem vive no amor está perto de Deus, ainda que não admita…