Inimigos da alma
Santo Afonso de Ligório, em seu livro “Encarnação, Nascimento e infância de Jesus Cristo”, enumera três más paixões que se apoderam dos ...
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Santo Afonso de Ligório, em seu livro “Encarnação, Nascimento e infância de Jesus Cristo”, enumera três más paixões que se apoderam dos homens: Apego aos prazeres, riquezas e honras.
O antídoto usado por Jesus para combater esses três inimigos da alma humana ele também enumerou: Contra a tentação dos prazeres, a mortificação dos sentidos. Para vencer a tentação das riquezas Cristo, se fez padecente; contra a tentação da honra se rebaixou. No presente texto, comentaremos sobre a primeira tentação: O apego aos prazeres. O remédio contra ele é a mortificação dos sentidos.
Deus, ao criar-nos, colocou-nos, num jardim. Isso revela que Ele não queria o nosso sofrimento. Do jardim ao paraíso celestial seria, apenas, um pulinho! Mas, o homem pecou e, com isso, estragou os planos de Deus. Fechou para si mesmo as portas do paraíso. Para livrar o homem desse trágico destino o Filho de Deus, que possuía uma felicidade infinita, junto ao Pai, quis submeter-se às dores e penas. Naturalmente, não precisava sofrer para nos salvar. Para isso, bastaria uma gota de seu divino sangue tamanha é sua dignidade. Mas, como afirma São João Crisóstomo, o que bastava à nossa redenção, não bastava ao seu amor por nós. Tornou-se, portanto, o homem das dores para ganhar a nossa amizade. Isso aconteceu, porque Ele entrou no mundo e teve um corpo sensível. “Não quisestes hóstias nem oblação, mas me formate um corpo”. O Corpo de Cristo foi a hóstia viva, que Ele oferece em sacrifício ao Pai, pela nossa redenção. Ao nascer entre nós, o Filho de Deus não teve nenhum privilégio. Nasceu numa gruta em grande pobreza. Sua primeira lágrima já ofereceu ao Pai para nos livrar dos eternos prantos. “Lágrimas de Jesus, como sóis preciosas, vós lavastes nossas almas criminosas” (São Tomás de Vilanova). Sua fuga para o Egito, sua vida anônima em Nazaré e seu sacrifício na cruz mostram-nos que, toda a vida de Jesus, foi um oceano de águas salgadas, sem nenhum refrigério ou alívio... Vale dizer, todavia, que o sofrimento de Cristo não terminou na cruz. Ainda hoje, Ele sofre o peso de nossa rejeição. Nossos pecados são outros tantos carrascos que ainda torturam o seu coração divino.
Diante do que foi exposto, podemos nos questionar: Como podemos reparar os danos que causamos ao Coração de Jesus com os nossos pecados? - Uma boa dica é: Sofrer com paciência as penas e cruzes que o Senhor coloca em nossos caminhos. O exemplo de Jesus nos encoraja para enfrentar as tribulações do dia-a-dia. Quando aceito com amor, o sofrimento acaba sendo remédio para curar a tentação de dar vazão aos prazeres dos sentidos. Jesus quis Ele próprio provar desse remédio, antes de oferecê-lo a nós. Cientes da importância do sofrimento, alguns santos chegaram mesmo, a suplicar por ele para obterem maior grau de mortificação e identificação com Cristo. Se não temos condições de chegar a tanto, pelo menos, não reclamemos das cruzes, que são, naturalmente, colocadas em nossos caminhos! A conformidade com a vontade divina, afirma São Boaventura é, como mel, que torna doce e amável, também a coisa amarga...