Manikós Eros
A expressão grega Manikós Eros (amor louco), foi usada por Nicholas Cabásilas, teólogo bizantino do Séc. XV, para falar do amor infinito...
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A expressão grega Manikós Eros (amor louco), foi usada por Nicholas Cabásilas, teólogo bizantino do Séc. XV, para falar do amor infinito – “louco” – que Deus tem por nós. De fato, Cristo crucificado foi escândalo para os judeus e loucura pra os pagãos (1cor 1, 23), mas para os que creem, o que é loucura de Deus é sabedoria e o que é fraqueza de Deus, na verdade, é força. Os caminhos de Deus são diferentes dos nossos. Ele escolhe os fracos para confundir os fortes e os simples para confundir os sábios. Deus ganha perdendo e nos salva morrendo. Sim, a cruz parece fracasso e perda. Hoje sabemos que ela foi a vitória contra a morte e o pecado. Apesar disso, o mundo continua sem entender o seu mistério. Nosso tempo cultua os vencedores e os ocupantes dos primeiros lugares. Por isso, Cristo ainda continua a ser ignorado. Ele nunca ocupou o primeiro lugar. Nasceu pobre, de uma frágil mulher e morou num lugar, praticamente, desconhecido. Nunca ocupou as colunas sociais do seu tempo... Viveu em silêncio a maior parte da vida, escolheu homens simples para segui-lo e ainda foi traído por dois deles: Pedro e Judas. Enquanto o primeiro se arrependeu e chorou amargamente o seu erro, o segundo agiu de forma diferente. Ainda assim, ninguém pode dizer que ele tenha se perdido para sempre.
No Evangelho de São Lucas (Lc 19,41), ao aproximar-se de Jerusalém Jesus chorou. O seu choro nos revela a dor do amor não correspondido. O povo costuma dizer que “amor com amor se paga”. Isso, no entanto, não se aplicou a Jesus. Ele desceu do céu e se fez pobre; rebaixou-se à condição de escravo lavando os pés dos homens. Apesar disso, não foi aceito e ainda continua rejeitado por muitos.
Nosso Deus é um Deus que tem coração. E como deve doer esse coração ao ser rejeitado! Ele veio para buscar a ovelha perdida, curar os enfermos e dar vista aos cegos. Só fez o bem por onde passou. Definitivamente, não merecia a cruz! O preço que pagou pela nossa salvação foi caro demais. Somente um Deus louco de amor por nós faria tal coisa!
Às vezes, penso que Jesus ainda chora. Não chora mais como a criancinha do presépio, nem como o amigo de Lázaro ou diante da viúva de Naim. Chora pelos nossos pecados. Chora porque “o amor não é amado”. Deus chora por mim e por você. E nós? Por que choramos? Deus chora por amor. Por quais motivos choramos nós? Pedro chorou, amargamente, ao ver que havia traído a amizade de Jesus. Façamos, pois, como Pedro. Choremos, enquanto é tempo, por quem veio ao nosso encontro e derramou o seu divino sangue por nós!