Santo Antônio
Achei curioso o nome de um filme sobre Santo Antônio que foi produzido em 2006: “Antônio – Guerreiro de Deus”. Trata-se de um drama de A...
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Achei curioso o nome de um filme sobre Santo Antônio que foi produzido em 2006: “Antônio – Guerreiro de Deus”. Trata-se de um drama de Antonello Belluco, retratando a vida do Santo. Em Pádua, um frade ajoelha-se e chora sobre um túmulo muito simples. Trata-se de Folco, um ex-criminoso enviado para ameaçar a vida de Santo Antônio…
Através dele o filme mostra, com muita beleza e simplicidade, quem foi esse santo, um dos mais populares do mundo católico. Fernando era o nome de batismo de Santo Antônio. Ele nasceu em Lisboa no ano de 1195. Aos 15 anos entrou para a ordem agostiniana. Em 1220, tendo presenciado o sepultamento de alguns franciscanos martirizados em Marrocos, tomou a decisão de ser franciscano. Foi então que recebeu o nome de Antônio. Tentou viajar em missão para a África, mas foi cometido de uma grande febre e, enquanto retornava a Lisboa, o navio perdeu a direção e foi para a Sicília. Logo depois, foi para Assis, onde reuniram três mil frades num capítulo da Ordem. Ao final do mesmo, cada grupo recebeu uma missão. Antônio era praticamente desconhecido. Acabou permanecendo nove meses no anonimato ajudando os frades idosos. Numa determinada ocasião, durante a ordenação sacerdotal e na falta de um pregador, Santo Antônio foi convidado para dirigir uma “palavrinha” aos novos sacerdotes. Foi uma revelação! Sua pregação encantou a todos. Só então, foi descoberto esse grande talento no futuro missionário franciscano.
No meio do povo existem muitas lendas sobre Santo Antônio. Mas, é preciso lembrar também sua coragem e profetismo para denunciar os abusos de seu tempo. Antônio viveu numa época de transição: passagem de uma sociedade feudal para uma sociedade burguesa. Esse tempo foi marcado por grandes doenças, miséria, exploração e dificuldades diversas. Os pobres dos campos e das cidades foram levados à mais extrema miséria pela burguesia nascente. Endividados e famintos os pobres buscavam empréstimos com juros altíssimos ( usura) e afundavam cada vez mais. A degradação dos costumes, filha da miséria, cresceu muito. Nesse contexto é que entra o “Guerreiro de Deus”, denunciando os poderosos e defendendo os pobres.
Para Antônio, a própria situação de riqueza de alguns constituía uma afronta aos pobres. Ao comentar, por exemplo, a parábola do rico e de Lázaro (Lc 16,19-31), assim ele se expressa: “O rico afligia a Lázaro, porque lhe roubava o benefício que lhe devia dar. Diz Isaías àqueles que não dão aos pobres o que lhes pertence: As rapinas feitas ao pobre encontram-se em vossa casa. Por que razão calcais aos pés o meu povo e moeis a pancadas os rostos dos pobres?… A abundância do rico afrontava a miséria do pobre e lançava-lhe ao rosto; o rico explorava Lázaro coberto de chagas, quando passava vestido de púrpura diante de Lázaro que estava em frente de suas portas” (1° Domingo de Pentecostes).
Em outro sermão, comentando o texto bíblico “vi entre os despojos uma capa de escarlate muito boa” (Js 7,21), Antônio indica quem são as pessoas que tiram os poucos bens dos pobres: “A capa escarlate significa os haveres dos pobres adquiridos com muito suor e sangue… Os soldados e os burgueses avarentos e os usurários roubam a capa de escarlate… Os ricos e os poderosos deste mundo tiram aos pobres, a quem chamam de vilões – sendo que eles próprios são os vilões do diabo – os seus pobres haveres adquiridos com sangue, de que se vestem de qualquer maneira” (10° Domingo Pentecostes).
(http://www.franciscanos.org.br/noticias/noticias_especiais/stantonio_06/pobres.php – acesso dia11/04/10)
Mais que ser “santo casamenteiro”, Antônio foi um verdadeiro guerreiro de Deus, que dedicou sua vida em defesa dos pobres e sofredores. Nesse sentido é que podemos usar a Expressão “guerreiro”. Foi alguém que lutou incansavelmente para aliviar a dor dos pequenos. Que ele nos abençoe e nos ajude a repartir o pão com quem nada possui…