Natal e Folia de Reis

Estamos próximos do Natal, uma das festas mais lindas do ano. Nesse tempo os corações se abrem, mais facilmente, para Deus. Um Deus ...


Estamos próximos do Natal, uma das festas mais lindas do ano. Nesse tempo os corações se abrem, mais facilmente, para Deus. Um Deus que nos visita como criança. É preciso ser muito insensível para não refletir um pouco diante da simplicidade e inocência do presépio. Em nosso país o natal coincide como o “solstício de verão”, ou seja, um dos dias mais longos em que o sol permanece mais tempo no céu. Isso lembra-nos que Jesus é a luz que veio ao mundo. Por isso, devemos nos preparar para esse encontro luminoso com o Menino Deus. Existem sombras demais na sociedade. É hora de nos revestirmos das armaduras da luz pois “agora a salvação está mais perto do que quando abraçamos a fé (Rm 13,11-14)

Como se não bastasse a maravilha da natureza, que nesse tempo se reveste de verde e promete fartura, o tempo do natal é cheio de festas e tradições. Uma das festas próprias desse tempo é a Folia de Reis.

A Folia de Reis, também chamada de Terno de Reis ou Folia do Divino, a festa vem de tempos imemoriais. O grupo dos foliões é constituído por um número não muito grande de pessoas: Cantadores, violeiros, caixeiros, porta estandarte e palhaços. A festa assume feições próprias de acordo com a região do país. Na Bahia e demais estados do Nordeste além dos instrumentos clássicos (viola, cavaquinho, rabeca, caixas e pandeiros) que acompanham a folia nota-se também a presença da zabumba. A rabeca é um instrumento de origem árabe e parece que nasceu na Idade Média. É precursora do violino. No Brasil, encontramos a rabeca de norte a sul, confeccionada por artistas populares em comunidades rurais. Ela é tocada em manifestações populares e religiosas desde os tempos do Brasil Colônia. Sua construção, a afinação e a maneira de tocar mudam conforme a região de origem.

No Sudeste, onde a festa está presente em quase todas as regiões a religiosidade é a sua marca. Os foliões cantam por devoção cumprem promessas e arrecadam donativos para alguma obra assistencial ou para os custeios da própria festa. Na região amazônica soma-se à festa os jangadeiros, vaqueiros, além de outras festanças como o Bumba meu boi.

Em Minas Gerais, os ternos de reis com cantos acaipirados percorrem às noites, visitando as casas e os presépios, assim como os reis magos visitaram o Menino Jesus. De maneira geral a folia de reis se reveste de um caráter sagrado. Os foliões são representantes dos reis magos, que visitam os devotos e reverenciam as imagens que compõem os presepios. Os cantos giram em torno desses temas: anunciação, nascimento, estrela guia, Reis Magos, adoração, ofertório agradecimento e despedida.

A figura dos palhaços, quase sempre presente nos grupos de folias, chamam muito a atenção, sobretudo das crianças. Algumas fogem de medo deles, pois andam mascarados, carregam um bastão enfeitado com fitas e tampinhas de latas que retinem enquanto eles dançam e batem o cajado no chão. A presença dos palhaços em algumas folias não lhe tiram o caráter sagrado. A função deles varia. Não só a função mas também o simbolismo. Em alguns grupos de folia, sobretudo Capixabas eles representam satanás, daí trajarem-se de vermelho e usarem chapéu cônico. Dançam aparelhados com relhos e chicotes... Nesse caso, não entram nas casas onde há imagens de santos, presépio ou cruzes. Em Minas Gerais os palhaços são os representantes de Herodes, foram seus espias que seguiram os reis magos mas, acabaram convertendo-se ao cristianismo. São também chamados de “Guardas da Companhia”, Mocorongo ou Morondo ou Bastião. Todos usam disfarce pois andam mascarados. O número deles também varia em cada terno de folia. Em Alguns lugares quando a figura do palhaço existe o grupo e chamado de Folia de Reis, quando não existe é chamado de bandeira ou terno de reis.

Nas festas natalinas o presépio ocupa um lugar central. Também chamado de lapinha, em alguns lugares, o presépio representa com simplicidade o nascimento do Menino Jesus. Diversas figuras o compõem. Vale a pena registrar a presença de maquinário rural tipo monjolo, pilão e carros de bois… As crianças, normalmente, adoram montar os presépios que só são desfeitos após a festa dos Santos Reis, a Epifania, no dia 06 de janeiro.

O tempo do natal também é marcado por comidas tipicas que variam conforme a região. Enquanto em Goiás se come leitoa assada, em Minas come-se feijão-tropeiro, couve mineira, picadinho de carne com quiabo suã de porco, pão de queijo, biscoito de polvilho e broa de fubá… Ninguém se preocupa muito com a balança nesse tempo.

O profeta Isaías falando sobre a vinda do Messias afirmou que esse tempo é especial. É tempo de construção da paz e harmonia entre os povos (Is 2,1-5). Nesse sentido, o profeta disse que as espadas e lanças se transformariam em arados. As máquinas de guerra perderiam a utilidade. Oxalá venha logo esse tempo! Que haja mais instrumentos musicais do que armas de guerra… Mas, é bom lembrar que toda guerra começa primeiro no coração humano. Acompanhemos os Reis magos, acompanhemos os foliões pois na Gruta de Belém, certamente, encontraremos um novo sentido para nossas vidas!

Imagem de Jill Wellington por Pixabay 





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