És tu?
Quanto maior o nosso tempo de espera por qualquer coisa mais aumentam as nossas fantasias sobre o objeto ou mesmo pela pessoa esperada...
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Quanto
maior o nosso tempo de espera por qualquer coisa mais aumentam as
nossas fantasias sobre o objeto ou mesmo pela pessoa esperada. Há
quem diga que o tempo de espera é até mais prazeroso que o
encontro. No nível das relações isso parece acontecer com
frequência. A pessoa namora dez anos e alimenta mil fantasias para o
dia do casamento. Depois do casório vem a pergunta: - mas, é isso?
Já dizia um cantor popular que de perto ninguém é normal. Por
isso, idealizamos tanto os artistas da televisão. Lá eles estão
sempre bonitos e tem a solução para tudo. Na vida real o tempo é
mais pesado e custa a passar. Os sonhos costumam ser bem mais
coloridos do que a realidade.
Existe
um mito grego (Eros e Psiquê) em que ele para namorar com ela põe
uma condição. Ela nunca poderá vê-lo. Ambos se encontravam
sempre na escuridão da torre. Mas, a mulher era curiosa e numa noite
acendeu a vela. Ele foi se embora e nunca mais voltou. É claro que
essa lenda nos ensina muitas coisas. Mas, penso que, no campo da
fantasia, tudo parece idealizado e mais gostoso…
Havia
milhares de anos que a humanidade esperava por um Messias. Profetas,
juízes e doutores alimentavam diferentes expectativas quanto ao
papel desse Messias. Alguns, certamente, pensavam que ele seria
descendente de um trono real. Outros, por certo, imaginavam que ele
viria nos moldes do profeta Elias e, nesse sentido iria “botar
fogo” no mundo. Talvez, alguns pensassem que ele viesse sobre as
nuvens cheio de poder e glória com os anjos em volta de seu trono.
Não duvido que outros ansiassem por um messias justiceiro tipo
Lampião, no Cangaço brasileiro. Um messias de verdade, pensava
outra turma, deveria ser um líder nacionalista que viesse para
libertar Israel da dominação romana e resgatar a glória do pais…
Nesse
cenário controverso é que entendo a pergunta que João Batista
manda fazer a Jesus: - És tu, aquele que há de vir ou devemos
esperar um outro? Será que João, estava sem entender o
comportamento de Jesus? - Será que queria apenas confirmar a fé dos
seus discípulos? Será que João esperava de Jesus um comportamento
diferente? Essas e outras perguntas talvez nunca sejam respondidas a
contento. Aliás, nem Jesus respondeu da maneira como gostamos: Preto
no branco! Jesus apontou para suas obras em direção aos pobres,
cegos, paralíticos, leprosos… Para quem esperava uma resposta
conceitual e definitiva isso não deixou de ser frustrante. Mas, é
preciso entender que palavras são poucas para falar do Messias que é
Jesus. Suas palavras são confirmadas pela própria atuação. Jesus
não é um mestre a mais. Ele não um guru cheio das verdades. É
Deus. E como tal, será sempre uma surpresa para João e para nós.
Ele não entra nas nossas caixinhas de respostas prontas.
Muito
tempo se passou desde o nascimento de Jesus. Ele veio, ensinou-nos os
caminhos de Deus, revelou-nos os seus segredos e deu-nos a vida por
amor. Mas, apesar disso, ainda hoje alguns esperam por um novo
messias. Ainda não aceitaram Jesus. Desejam um messias diferente,
talvez, mais ao gosto do freguês. Sonham com um Messias que venha
por ordem no mundo e separar logo o joio do trigo. Esse falso messias
está longe de perceber os pobres, cegos e paralíticos… Sonham com
um Deus diferente; que não seja vazio de si mesmo, que não faça
opção pelos pobres e não morra como fracassado pendurado numa cruz
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