Congado: Festa de cores e tambores
Todo o ano acontece em Pará de Minas-MG, a Festa do congado, ou congada, conforme alguns. A festa é marcada por uma profusão de cores, s...
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Todo o ano acontece em Pará de Minas-MG, a Festa do congado, ou congada, conforme alguns. A festa é marcada por uma profusão de cores, sons e bailados. Atualmente, temos duas festas. Uma organizada pela Irmandade dos Nonatos e outra pelos diversos grupos de congados da cidade.
No congado a fé é expressa com o corpo todo. O tambor marca o ritmo da dança e orienta os movimentos do corpo. Mais que uma manifestação cultural é expressão religiosa de um povo que busca, na saudade, um passado que foi sufocado pela crueldade da escravidão. Durante os festejos os papéis são invertidos. Quem nunca reinou recebe coroa; quem nunca foi reconhecido é aplaudido nas ruas. A comida é farta e saborosa.
Os congadeiros não economizam nos adereços, fitas, chapéus e colares. Puxando o cortejo vai a bandeira com o santo de devoção. São santos negros, com os quais os negros se identificam. Vale dizer que o Congado é uma festa afro-brasileira. Brotou no Brasil como se fosse uma semente da África carregada pelos portugueses que deram origem ao nosso povo. África e Brasil se tornaram irmãos separados por um oceano( Calunga ou Atlântico). Por isso, o mar foi assumido em forma de canções:
...Ô céu, ô terra, ô sol a brilhar, tava na beira da praia quando vi marinheiro chorar(...) A Senhora do Rosário foi quem me trouxe aqui, a água do mar é santa eu vim eu vim eu vim...
No Brasil os elementos indígenas também foram incorporados à festa enriquecendo-a, ainda mais. Nesse caso, as músicas falam de bichos, de pássaros ou outras realidades do mato:
Ô beija flor toma conta do jardim. Vou pedir Nossa Senhora prá tomar conta de mim...
O centro dos festejos é a Igreja. A missa é o auge da festa. Os congadeiros nutrem profundo respeito pela Eucaristia, por Nossa Senhora e pela figura do padre. A mãe de Jesus foi eleita pelo escravo, órfão de mãe ou violentamente, arrancado dos de seus laços familiares. Numa de suas músicas se cantam:
No tempo de cativeiro, quando o senhor me batia. Eu gritava por Nossa Senhora, meu Deus, quando a pancada doía...
Em outro verso cantam:
A Igreja precisa do Padre, como o vinho precisa da uva, eu também preciso de você meu irmão, como a terra precisa da chuva...
Em outro canto expressam todo o amor à Eucaristia:
Deus vos salve, ó casa santa, onde Deus fez a morada, onde mora o cálice bento e a hóstia consagrada...
Como se pode ver, a festa do congado é profundamente religiosa. O Rosário de Maria é a coroa que une os diversos grupos da mesma tradição: Marinheiros, vilões, penachos, catopés e outros mais. As roupas, os instrumentos e as músicas são diferentes. Mas, a fé é a mesma. Todos se consideram filhos de Nossa Senhora, irmãos de São Benedito, Santa Efigênia... O tambor não é apenas um instrumento. É o banquinho de Nossa Senhora do Rosário. O mastro levantado com a bandeira do santo protetor é o elemento que liga a terra ao céu. Na terra experimentamos os sofrimentos gerados pelas desigualdades. No céu gozaremos da liberdade dos filhos de Deus. Negros e brancos, pobres e ricos seremos todos iguais.
No congado a fé é expressa com o corpo todo. O tambor marca o ritmo da dança e orienta os movimentos do corpo. Mais que uma manifestação cultural é expressão religiosa de um povo que busca, na saudade, um passado que foi sufocado pela crueldade da escravidão. Durante os festejos os papéis são invertidos. Quem nunca reinou recebe coroa; quem nunca foi reconhecido é aplaudido nas ruas. A comida é farta e saborosa.
Os congadeiros não economizam nos adereços, fitas, chapéus e colares. Puxando o cortejo vai a bandeira com o santo de devoção. São santos negros, com os quais os negros se identificam. Vale dizer que o Congado é uma festa afro-brasileira. Brotou no Brasil como se fosse uma semente da África carregada pelos portugueses que deram origem ao nosso povo. África e Brasil se tornaram irmãos separados por um oceano( Calunga ou Atlântico). Por isso, o mar foi assumido em forma de canções:
...Ô céu, ô terra, ô sol a brilhar, tava na beira da praia quando vi marinheiro chorar(...) A Senhora do Rosário foi quem me trouxe aqui, a água do mar é santa eu vim eu vim eu vim...
No Brasil os elementos indígenas também foram incorporados à festa enriquecendo-a, ainda mais. Nesse caso, as músicas falam de bichos, de pássaros ou outras realidades do mato:
Ô beija flor toma conta do jardim. Vou pedir Nossa Senhora prá tomar conta de mim...
O centro dos festejos é a Igreja. A missa é o auge da festa. Os congadeiros nutrem profundo respeito pela Eucaristia, por Nossa Senhora e pela figura do padre. A mãe de Jesus foi eleita pelo escravo, órfão de mãe ou violentamente, arrancado dos de seus laços familiares. Numa de suas músicas se cantam:
No tempo de cativeiro, quando o senhor me batia. Eu gritava por Nossa Senhora, meu Deus, quando a pancada doía...
Em outro verso cantam:
A Igreja precisa do Padre, como o vinho precisa da uva, eu também preciso de você meu irmão, como a terra precisa da chuva...
Em outro canto expressam todo o amor à Eucaristia:
Deus vos salve, ó casa santa, onde Deus fez a morada, onde mora o cálice bento e a hóstia consagrada...
Como se pode ver, a festa do congado é profundamente religiosa. O Rosário de Maria é a coroa que une os diversos grupos da mesma tradição: Marinheiros, vilões, penachos, catopés e outros mais. As roupas, os instrumentos e as músicas são diferentes. Mas, a fé é a mesma. Todos se consideram filhos de Nossa Senhora, irmãos de São Benedito, Santa Efigênia... O tambor não é apenas um instrumento. É o banquinho de Nossa Senhora do Rosário. O mastro levantado com a bandeira do santo protetor é o elemento que liga a terra ao céu. Na terra experimentamos os sofrimentos gerados pelas desigualdades. No céu gozaremos da liberdade dos filhos de Deus. Negros e brancos, pobres e ricos seremos todos iguais.