No Reino de Hastinapura, havia um rei justo e bom. Até as deusas se apaixonavam por ele. Isso aconteceu com Ganga, a deusa do rio. Com ela Santanu, esse era o nome do rei, teve um filho. Menino forte e valente era esse Bhishma! Já nasceu sábio e armado. Por isso, era invencível e temido por todos.
Já fazia 20 anos que Santanu conhecera a deusa Ganga. Depois disso nunca mais a viu apesar das longas vigílias à beira do rio. Um dia, enquanto parava, com o olhar perdido sobre as ondas do Ganges, eis que sente um aroma delicioso. Atrás do aroma, havia uma mulher. Era ela mesma: Satyavati, aquela que antes da transformação amorosa carregava cheiro de peixe. Foi amor à primeira vista!
Santanu procurou o pai daquela “morena formosa” para pedi-la em casamento. O velho era meio ranzinza, mas acabou concordando com uma condição: que o filho do casal fosse o novo rei de Hastinapura. Agora, nada feito. Santanu já tinha um filho e naturalmente ele, Bhishma, deveria ser o rei. Voltou para casa xué e sem saber o que fazer da vida. Acontece que, Bhishma era um homem de valor. Pudera! Era filho de uma deusa. Por isso entrou na história com o desejo de ajudar seu pai. Não queria vê-lo sofrer daquela maneira. Velho apaixonado é algo doído de se ver...
Bhishma resolveu procurar o pai de Satyavati, a tal da morena formosa e suplicou: Olhe, se sua filha não casar-se com meu pai, ele vai acabar morrendo de tristeza. Por isso, estou aqui, intercedendo por ele. O velho tinha medo daquele jovem porque ele era valente. Mas, ainda assim, retrucou: - Olhe eu gosto muito do seu pai. Mas, esse casamento só trará problemas para você. Os filhos do novo casal irão complicar a sua vida. Irão disputar o trono... Bhishma pensou, coçou a cabeça e respondeu: - Se a questão é essa o senhor não precisa se preocupar. Eu renuncio ao meu direito ao trono. Diante dessa resposta o velho ficou alegre, mas, ainda assim, retrucou: - Tudo bem. Você até pode renunciar ao trono, mas quem garante que seus filhos no futuro não irão brigar por ele? Naquele momento Bhishma fez um novo juramento: - Pela felicidade de meu pai, que deseja muito casar-se com sua filha eu prometo renunciar ao trono e nunca tocar em mulher alguma! Diante disso, o velho que era o rei dos pescadores não teve outra saída a não ser entregar a mão de Satyavati a Santanu, rei de Hastinapura. Por causa desse gesto de heroísmo, Bhishma recebeu do pai o direito de escolher o dia de sua própria morte. De alguma forma tornou-se imortal, pois só morreria caso quisesse...
Santanu e Satyavati tiveram dois filhos. O primeiro morreu em combate. Logo em seguida morreu também Santanu. O segundo filho, o que seria herdeiro do trono, era meio perrengue. Não conseguia caçar e não vencia ninguém nos combates. Vendo aquela situação Bhishma mais uma vez, entrou na história. Isso é que é ser amigo! Ofereceu-se para ajudá-lo na busca de uma esposa ideal. Combateu por ele e saiu vencedor. Por isso, trouxe-lhe, não apenas uma, mas, três moças para desposá-lo. Uma das moças chamava-se Amba. No caminho de volta ao palácio Bhishma viu que Amba chorava muito. Veio, a saber, que ela era apaixonada por um rapaz chamado Salva. Seu choro denunciava sua paixão. Num determinado momento ela abriu seu coração para Bhishma: - Antes desse bendito torneio no qual me ganhaste, eu já havia escolhido meu esposo em segredo. Trata-se do rei Salva. Ele sabe e me ama. De que maneira tu, que veneras a fidelidade, podes casar-me com teu meio- irmão (o perrengue) se estou ligada a outro pelo amor?
O desabafo de Amba comoveu o coração de Bhishma. Afinal, ninguém melhor do que ele sabia que não se podia romper com a Lei do Dharma e ficar impune. Nada poderia ser superior à ordem impecável das coisas, ordem que, com freqüência era desprezada pelos mortais. Então, resolveu liberar a moça que saiu correndo ao encontro dos seus sonhos. Mas, nem todos os nossos sonhos se realizam. Isso é a mais pura verdade. O rei Salva, infelizmente, não quis mais saber da pobre moça. Disse-lhe palavras duras e a desprezou em nome de um orgulho machista e bobo. Disse-lhe que não a queria mais, tendo em vista que, ela já estivera com outro. Isso não era verdade. Mas, deu no que deu. Desprezada e abandonada Amba retorna com o problema para Bhishma: - A culpa foi toda sua! Foi você que me disputou e acabou me ganhando. Se agora estou na lama, você é o único responsável. Agora você tem que se casar comigo! Meu Deus, e agora? – Se correr o bicho pega, se pegar o bicho come...
Amba sabia que Bhishma tinha feito um voto de nunca tocar em mulher. Ainda assim, resolveu complicar sua vida. Como se não bastasse ela também fez um juramento: - Não iria ficar sossegada enquanto não acabasse com a vida de Bhishma! Acontece que Bhishma era imortal. Isso nem sempre é vantajoso quando se tem uma mulher infernizando sua vida! Amba, no entanto, não se conformava. Odiava por não poder amar. Qualquer semelhança com dos dias de hoje não é mera coincidência! Paixão é um sentimento perigoso. Às vezes se mata a pessoa amada só porque não pode possuí-la. Mata sem dó e chora depois. Dá para entender?
Coisas da vida.
Obs: Crônica baseada no resumo de um dos capítulos de “O Mahabharata”.
Já fazia 20 anos que Santanu conhecera a deusa Ganga. Depois disso nunca mais a viu apesar das longas vigílias à beira do rio. Um dia, enquanto parava, com o olhar perdido sobre as ondas do Ganges, eis que sente um aroma delicioso. Atrás do aroma, havia uma mulher. Era ela mesma: Satyavati, aquela que antes da transformação amorosa carregava cheiro de peixe. Foi amor à primeira vista!
Santanu procurou o pai daquela “morena formosa” para pedi-la em casamento. O velho era meio ranzinza, mas acabou concordando com uma condição: que o filho do casal fosse o novo rei de Hastinapura. Agora, nada feito. Santanu já tinha um filho e naturalmente ele, Bhishma, deveria ser o rei. Voltou para casa xué e sem saber o que fazer da vida. Acontece que, Bhishma era um homem de valor. Pudera! Era filho de uma deusa. Por isso entrou na história com o desejo de ajudar seu pai. Não queria vê-lo sofrer daquela maneira. Velho apaixonado é algo doído de se ver...
Bhishma resolveu procurar o pai de Satyavati, a tal da morena formosa e suplicou: Olhe, se sua filha não casar-se com meu pai, ele vai acabar morrendo de tristeza. Por isso, estou aqui, intercedendo por ele. O velho tinha medo daquele jovem porque ele era valente. Mas, ainda assim, retrucou: - Olhe eu gosto muito do seu pai. Mas, esse casamento só trará problemas para você. Os filhos do novo casal irão complicar a sua vida. Irão disputar o trono... Bhishma pensou, coçou a cabeça e respondeu: - Se a questão é essa o senhor não precisa se preocupar. Eu renuncio ao meu direito ao trono. Diante dessa resposta o velho ficou alegre, mas, ainda assim, retrucou: - Tudo bem. Você até pode renunciar ao trono, mas quem garante que seus filhos no futuro não irão brigar por ele? Naquele momento Bhishma fez um novo juramento: - Pela felicidade de meu pai, que deseja muito casar-se com sua filha eu prometo renunciar ao trono e nunca tocar em mulher alguma! Diante disso, o velho que era o rei dos pescadores não teve outra saída a não ser entregar a mão de Satyavati a Santanu, rei de Hastinapura. Por causa desse gesto de heroísmo, Bhishma recebeu do pai o direito de escolher o dia de sua própria morte. De alguma forma tornou-se imortal, pois só morreria caso quisesse...
Santanu e Satyavati tiveram dois filhos. O primeiro morreu em combate. Logo em seguida morreu também Santanu. O segundo filho, o que seria herdeiro do trono, era meio perrengue. Não conseguia caçar e não vencia ninguém nos combates. Vendo aquela situação Bhishma mais uma vez, entrou na história. Isso é que é ser amigo! Ofereceu-se para ajudá-lo na busca de uma esposa ideal. Combateu por ele e saiu vencedor. Por isso, trouxe-lhe, não apenas uma, mas, três moças para desposá-lo. Uma das moças chamava-se Amba. No caminho de volta ao palácio Bhishma viu que Amba chorava muito. Veio, a saber, que ela era apaixonada por um rapaz chamado Salva. Seu choro denunciava sua paixão. Num determinado momento ela abriu seu coração para Bhishma: - Antes desse bendito torneio no qual me ganhaste, eu já havia escolhido meu esposo em segredo. Trata-se do rei Salva. Ele sabe e me ama. De que maneira tu, que veneras a fidelidade, podes casar-me com teu meio- irmão (o perrengue) se estou ligada a outro pelo amor?
O desabafo de Amba comoveu o coração de Bhishma. Afinal, ninguém melhor do que ele sabia que não se podia romper com a Lei do Dharma e ficar impune. Nada poderia ser superior à ordem impecável das coisas, ordem que, com freqüência era desprezada pelos mortais. Então, resolveu liberar a moça que saiu correndo ao encontro dos seus sonhos. Mas, nem todos os nossos sonhos se realizam. Isso é a mais pura verdade. O rei Salva, infelizmente, não quis mais saber da pobre moça. Disse-lhe palavras duras e a desprezou em nome de um orgulho machista e bobo. Disse-lhe que não a queria mais, tendo em vista que, ela já estivera com outro. Isso não era verdade. Mas, deu no que deu. Desprezada e abandonada Amba retorna com o problema para Bhishma: - A culpa foi toda sua! Foi você que me disputou e acabou me ganhando. Se agora estou na lama, você é o único responsável. Agora você tem que se casar comigo! Meu Deus, e agora? – Se correr o bicho pega, se pegar o bicho come...
Amba sabia que Bhishma tinha feito um voto de nunca tocar em mulher. Ainda assim, resolveu complicar sua vida. Como se não bastasse ela também fez um juramento: - Não iria ficar sossegada enquanto não acabasse com a vida de Bhishma! Acontece que Bhishma era imortal. Isso nem sempre é vantajoso quando se tem uma mulher infernizando sua vida! Amba, no entanto, não se conformava. Odiava por não poder amar. Qualquer semelhança com dos dias de hoje não é mera coincidência! Paixão é um sentimento perigoso. Às vezes se mata a pessoa amada só porque não pode possuí-la. Mata sem dó e chora depois. Dá para entender?
Coisas da vida.
Obs: Crônica baseada no resumo de um dos capítulos de “O Mahabharata”.
"Bhishma era imortal. Isso nem sempre é vantajoso quando se tem uma mulher infernizando sua vida" kkkkk Verdade!!!
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