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terça-feira, 7 de agosto de 2018

Com os olhos fitos em Jesus

Ontem, aconteceu aqui em Pará de Minas, uma grande chuva de granizo. Não deixou de causar prejuízos, sobretudo, em alguns bairros. No Centro Pastoral, no Bairro Santos Dumont, algumas telhas caíram sobre outras e a coisa foi feia. O barulho era ensurdecedor. Muita gente quase morreu de medo. Soube de um caso, onde o sujeito, um homem de barba e bigode, enfiou-se debaixo da mesa e só saiu de lá, quando a chuva passou. Outros rezaram, acederam velas e se desmancharam em devoções de última hora. Os alarmes dos carros dispararam, a luz apagou e, em pouco tempo, o caos parecia instaurado...

O episódio de ontem, me servirá para comentar o Evangelho de hoje (Mc 9,2-10). Jesus, depois de um dia cansativo, despediu às multidões, colocou os apóstolos num barco e subiu sozinho a uma montanha para rezar. Mergulhado no diálogo amoroso com o Pai, esqueceu-se da hora, da fome, do sono... Só não se esqueceu dos apóstolos. Percebeu que o grupo corria perigo, pois começou a soprar um vento muito forte. Isso devia ser lá pelas três horas da madrugada. Resolveu, então, ir ao encontro do grupo caminhando sobre as águas.  Ao verem aquela cena inusitada, ao meio da noite, os apóstolos que já estavam com medo ficaram com mais medo ainda. Pensavam que fosse um fantasma. Um para agravar, ainda mais, aquela situação desesperadora. Só ficaram mais tranquilos ao ouvirem a voz de Jesus encorajando-os.

Pedro, com a audácia própria, fornecida pelo amor, manifestou o desejo de, também caminhar sobre as águas, ao encontro de Cristo. Olhou bem para Jesus, e saltou sobre as ondas. Deixou a segurança da embarcação e começou a caminhar sobre as águas. A partir de então, só seria sustentado por Deus. Isso pode soar como loucura num mundo tão obcecado por segurança como o nosso! Pedro continuou pisando sobre as águas em direção a Jesus. Não ignorava os perigos do mar e os riscos do momento. Seguia firme seu caminho sustentado pela confiança na palavra do mestre. Mas, Pedro era um homem fraco. Por isso, entrou em crise ao sentir que um vento mais forte lhe soprou sobre o rosto. Naquela hora fez o que não podia: - desviou o olhar para outra direção. Deixou de olhar para Jesus.  Sentiu, então, que suas pernas tremiam e a água, que antes parecia firme, agora o engolia, rapidamente. Temendo o pior, gritou por Jesus: Senhor, salva-me! E já quase afundando, sentiu que Jesus lhe estendeu a mão, puxando-o para a superfície.

Dom José Carlos, Bispo de nossa Diocese, escolheu como tema de seu episcopado, a expressão que intitula esse artigo: - Com os olhos fitos em Jesus! Penso que ele não poderia ter escolhido um tema mais feliz. O Bispo, como todos nós, devemos ter a certeza de que, o que sustenta nossa caminhada é a fé. A fé é uma aposta naquilo que não se vê. É uma forma de possuir, antecipadamente, o que se espera. É ela que nos dá a certeza que, em tudo, seremos vencedores. É um  grande tesouro que carregamos em vasos de argila. Somos fracos e sabemos disso. Nossa fortaleza vem de Deus. É seu olhar misericordioso que nos sustenta e não nos deixa afundar nos oceanos da existência. Com os olhos fitos em Jesus conseguiremos vencer as grandes ondas que nos ameaçam e as ventanias que nos assombram.
Que Deus abençoe nosso Bispo e a cada um de nós que, muitas vezes, só podemos contar mesmo, com a força que vem de Deus.

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