São Vicente de Paulo passou boa temporada de sua vida (1613 – 1617) na casa dos Gondi. Mas, quem eram os Gondi? – Era uma família rica de ascendência italiana que habitava em Paris. A relação dessa família com o reino da França era uma relação de amor e ódio. Naquela época havia um anti-italianismo despertado no século XVI pelo círculo de Catarina de Médici. Muitos afirmavam: “Os italianos vem pra cá magros e indigentes para engordar”... Os Gondi eram burgueses que enriqueceram no século XIII pelo comércio e pelo banco, dotados de brasões de condado no fim do Século XV. Eram frequentadores de grandes famílias florentinas, entre as quais os Médici. A união dos Gondi com a França fortaleceu mais ainda com o casamento de um deles, Antoine II com Marie- Catherine de Pierrevive, filha de um coletor de impostos de família instalada em Lyon.
Philippe- Emmanuel de Gondi foi quem recebeu São Vicente de Paulo em sua família. Philippe era general das galés e tenente-general do rei para os mares do Levante. Era um homem da corte e da guerra, sabia conciliar a vida na corte e o comando nas guerras. Era muito devoto, mas exercia a violência se fosse necessário. Junto à sua esposa Françoise Marguerite de Silly, procurava levar uma vida de fé e devoção. Em 1613, Philippe- Emmanuel e Fraçoise- Marguerite de Gondi já tinham dois filhos. Por recomendação de Padre De Bérulle aquele casal aceitou Vicente como professor de seus filhos. Vicente passa a ser não apenas um pedagogo, mas celebra a missa na capela da família e a acompanha em suas viagens. Phillipe e a esposa dividiam o tempo entre Paris e suas vastas propriedades rurais. Entre eles estabeleceu, aos poucos, uma sólida amizade.
Françoise- Marguerite, vê no enviado de Bérulle uma bênção de Deus. Pelo visto, ela era um tanto quanto escrupulosa e deve ter dado muita canseira ao padre confessor. Seu excesso de escrúpulos, seu medo do inferno, sua devoção tendente ao dolorismo fazia com ela procurasse a confissão com certo excesso. Apesar dessa consciência escrupulosa era muito apegada aos filhos e generosa com os camponeses. Tinha por Vicente uma grande admiração e também uma dependência. Tanto é que quando ele se ausentava por um tempo de apenas três dias ela caia enferma. Essa dependência meio doentia fez com que Vicente escolhesse um segundo padre para confessá-la. Talvez, tenha sido por causa disso que ele sempre orientava as Filhas da Caridade, mais tarde, a não se apegarem apenas a um confessor...
Philippe de Gondi também nutria grande simpatia por Vicente. Naquela época a nobreza costumava duelar para exercer a vingança. Certa vez, Philippe estava disposto a lutar contra um senhor da corte para vingar a morte de um parente próximo. Antes, porém quis participar da missa com Pe. Vicente. São Vicente que sabia de tudo isso direcionou o seu sermão no sentido contrário. Ao acabar a missa Philippe decidiu perdoar o adversário sem, necessariamente, bater em duelo contra ele.
Enquanto ainda morava com os Gondi, a vida de Vicente foi tomando outro contorno. Tudo começou quando ele saiu para atender a confissão de um enfermo em 1658. Ele mesmo nos conta como foi:
“Certo dia fui chamado a ir confessar um pobre homem, perigosamente doente, que tinha fama de ser o maior homem de bem, ou pelos menos um dos maiores homens de bem de sua aldeia. Verificou-se, contudo, que estava coberto de pecados que jamais ousara declarar em confissão, assim como ele mesmo veio a declarar em alto e bom som, na presença da falecida senhora generala das galés, dizendo-lhe: - ‘Senhora, eu estaria amaldiçoado se não tivesse feito uma confissão geral, em virtude dos enormes pecados que não ousara confessar’”.
Diante desse depoimento, Senhora Gondi, pediu que o trabalho de atendimento de confissões fosse ampliado. Vicente passou então a cuidar da vida material e, sobretudo, espiritual dos moradores da fazenda dos Gondi. Estava lançada a semente das missões populares e também da formação do Clero, que naquele tempo não sabia sequer pronunciar a fórmula da absolvição.
Vivemos atualmente o desafio de anunciar o Evangelho nas grandes periferias(físicas e existenciais). Que são Vicente de Paulo nos abençoe e nos ajude a cumprir com coragem e determinação aquilo que Deus planejou para cada um de nós! Amém.
Obs: Texto escrito a partir da leitura de:
Guillaume, Marie-Jelle. São Vicente de Paulo - Uma biografia. Rio de Janeiro, Recor, 2017. pp 105 ss
Philippe- Emmanuel de Gondi foi quem recebeu São Vicente de Paulo em sua família. Philippe era general das galés e tenente-general do rei para os mares do Levante. Era um homem da corte e da guerra, sabia conciliar a vida na corte e o comando nas guerras. Era muito devoto, mas exercia a violência se fosse necessário. Junto à sua esposa Françoise Marguerite de Silly, procurava levar uma vida de fé e devoção. Em 1613, Philippe- Emmanuel e Fraçoise- Marguerite de Gondi já tinham dois filhos. Por recomendação de Padre De Bérulle aquele casal aceitou Vicente como professor de seus filhos. Vicente passa a ser não apenas um pedagogo, mas celebra a missa na capela da família e a acompanha em suas viagens. Phillipe e a esposa dividiam o tempo entre Paris e suas vastas propriedades rurais. Entre eles estabeleceu, aos poucos, uma sólida amizade.
Françoise- Marguerite, vê no enviado de Bérulle uma bênção de Deus. Pelo visto, ela era um tanto quanto escrupulosa e deve ter dado muita canseira ao padre confessor. Seu excesso de escrúpulos, seu medo do inferno, sua devoção tendente ao dolorismo fazia com ela procurasse a confissão com certo excesso. Apesar dessa consciência escrupulosa era muito apegada aos filhos e generosa com os camponeses. Tinha por Vicente uma grande admiração e também uma dependência. Tanto é que quando ele se ausentava por um tempo de apenas três dias ela caia enferma. Essa dependência meio doentia fez com que Vicente escolhesse um segundo padre para confessá-la. Talvez, tenha sido por causa disso que ele sempre orientava as Filhas da Caridade, mais tarde, a não se apegarem apenas a um confessor...
Philippe de Gondi também nutria grande simpatia por Vicente. Naquela época a nobreza costumava duelar para exercer a vingança. Certa vez, Philippe estava disposto a lutar contra um senhor da corte para vingar a morte de um parente próximo. Antes, porém quis participar da missa com Pe. Vicente. São Vicente que sabia de tudo isso direcionou o seu sermão no sentido contrário. Ao acabar a missa Philippe decidiu perdoar o adversário sem, necessariamente, bater em duelo contra ele.
Enquanto ainda morava com os Gondi, a vida de Vicente foi tomando outro contorno. Tudo começou quando ele saiu para atender a confissão de um enfermo em 1658. Ele mesmo nos conta como foi:
“Certo dia fui chamado a ir confessar um pobre homem, perigosamente doente, que tinha fama de ser o maior homem de bem, ou pelos menos um dos maiores homens de bem de sua aldeia. Verificou-se, contudo, que estava coberto de pecados que jamais ousara declarar em confissão, assim como ele mesmo veio a declarar em alto e bom som, na presença da falecida senhora generala das galés, dizendo-lhe: - ‘Senhora, eu estaria amaldiçoado se não tivesse feito uma confissão geral, em virtude dos enormes pecados que não ousara confessar’”.
Diante desse depoimento, Senhora Gondi, pediu que o trabalho de atendimento de confissões fosse ampliado. Vicente passou então a cuidar da vida material e, sobretudo, espiritual dos moradores da fazenda dos Gondi. Estava lançada a semente das missões populares e também da formação do Clero, que naquele tempo não sabia sequer pronunciar a fórmula da absolvição.
Vivemos atualmente o desafio de anunciar o Evangelho nas grandes periferias(físicas e existenciais). Que são Vicente de Paulo nos abençoe e nos ajude a cumprir com coragem e determinação aquilo que Deus planejou para cada um de nós! Amém.
Obs: Texto escrito a partir da leitura de:
Guillaume, Marie-Jelle. São Vicente de Paulo - Uma biografia. Rio de Janeiro, Recor, 2017. pp 105 ss
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui seu comentário