Os fatos narrados nesse texto se passaram com São Vicente de Paulo entre 1618 a 1623. Mas, depois e tomar consciência da grande miséria dos condenados, Vicente nunca mais os deixou.
A família de Gondi passava o inverno em Paris. Durante esses meses Vicente, que já trabalhava nas propriedades dessa família, estendia ainda mais suas ações de caridade. Numa dessas ocasiões visitou as prisões da Conciergerie e de Chântelet. Nessas prisões os condenados esperavam a viagem para Marselha onde ficava o quartel geral das galeras do rei.
Na prisão Vicente ficou transtornado ao ver a profunda desumanidade com a qual os presos eram tratados. Viviam amontoados em subterrâneos úmidos e escuros, ou acorrentados como feras, presos às muralhas. Mal vestidos, alimentados apenas a pão e água comidos de bicheiras, desalentados e com as costas nuas para os açoites dos guardas. As prisões eram verdadeiros infernos! São Vicente procurou Filipe Manuel de Gondi, General das Galeras e relatou-lhe tudo o que viu. Filipe de Gondi o pediu que o ajudasse nesse trabalho e lhe deu plena autoridade para esse novo empreendimento.
Vicente, com ajuda de alguns colaboradores começou um intenso trabalho de visita aos condenados. Mudar aquela situação era, praticamente, impossível. Mas, isso não impedia Vicente de atuar caridosamente junto aos detentos. Graças ao seu esforço um hospital foi comprado e adaptado às necessidades dos prisioneiros. Nesse local eles puderam ter mais alimentação e mais dignidade. Sem medo de contrair doenças Vicente se misturava aos presos e permanecia com eles o dia inteiro, ouvindo-os abençoando-os e fazendo o que fosse possível para ajudá-los.
A fama do trabalho daquele padre ganhou o reino. O Rei Luís XIII resolveu, então, conferir-lhe, no dia 08 de fevereiro de 1619, a patente de “Capelão geral e real das galeras de França, com a ajuda de seiscentas libras por ano, e posto de oficial da marinha do Levante, tendo sob as suas ordens todos os capelães das galeras”. Isso não envaideceu em nada o coração de Vicente. Apenas lhe deu mais condições de ampliar o seu trabalho pastoral.
Mas, o que eram mesmo as galeras?
Eram navios ligeiros de, aproximadamente sessenta metros de comprimento, chatos, e manobrados por trezentos remadores; eram armadas com cinco canhões e tinham duplo convés: um para cem soldados; o outro, ornado de veludo e com bela aparência, para os oficiais. Esses navios eram usados para fazer a guarda costeira ou atacar, se fosse o caso. À flor d´àgua, em bancos para cinco remadores, os galés, com o pé esquerdo acorrentado à palanqueta, permaneciam sentados durante todo o tempo da viagem. Aí mesmo dormiam e morriam. Da proa à popa da embarcação havia um corredor esguio, onde o chefe dos forçados (comitre) com dois ajudantes armados de chicotes flagelavam as costas nuas dos remadores, que se esvaiam por extremo cansaço ou doença. Se algum deles morria, era logo atirado ao mar sem a menor cerimônia. Os condenados, normalmente eram presos de guerra, ladrões, assassinos e infratores... Por causa da necessidade de braços para tocar esses barcos o governo não fazia nenhuma questão de apressar os julgamentos. Grande parte dos condenados morria em condições sub-humanas.
A respeito desse trabalho os biógrafos de São Vicente contam um fato interessante. Ao ver o extremo cansaço de um dos condenados Vicente pediu para substituí-lo nos remos. As algemas foram amarradas em sua perna e ele, movido de intensa compaixão, trocou de lugar com aquele condenado. Ao descobrirem esse fato, ele também foi libertado. Vicente mesmo nunca confirmou isso. Mas, alguns atribuíram a esse episódio a constante dor na perna esquerda que ele passou a ter na velhice. Quando alguém tocava no assunto ele, simplesmente, sorria e tratava de mudar a conversa... Não é de duvidar que algo assim ele tenha feito. Pois não media esforços para ajudar aqueles que mais precisavam.
Esse exemplo missionário de São Vicente de Paulo é muito inspirador para o nosso tempo. O trabalho pastoral junto aos presos ainda é um grande desafio para todos nós. As condições das penitenciárias modernas são diferentes dos modelos de prisões daquele tempo. Mas, elas ainda pedem nossa presença cristã e nosso testemunho amoroso. O amor nunca está fora de moda. O amor cristão se estende a todos, mas principalmente aqueles que mais sofrem. Pense nisso!
Obs: Obras consultadas para escrever esse texto:
Castro, Jerônimo. Padre. São Vicente de Paulo e a Magnificência de Suas Obras. Petrópolis,RJ. Vozes, 1957 – PP 273ss
Guillaume, Marie- Joelle. São Vicente de Paulo: uma biografia. RJ, Record, 2017
A família de Gondi passava o inverno em Paris. Durante esses meses Vicente, que já trabalhava nas propriedades dessa família, estendia ainda mais suas ações de caridade. Numa dessas ocasiões visitou as prisões da Conciergerie e de Chântelet. Nessas prisões os condenados esperavam a viagem para Marselha onde ficava o quartel geral das galeras do rei.
Na prisão Vicente ficou transtornado ao ver a profunda desumanidade com a qual os presos eram tratados. Viviam amontoados em subterrâneos úmidos e escuros, ou acorrentados como feras, presos às muralhas. Mal vestidos, alimentados apenas a pão e água comidos de bicheiras, desalentados e com as costas nuas para os açoites dos guardas. As prisões eram verdadeiros infernos! São Vicente procurou Filipe Manuel de Gondi, General das Galeras e relatou-lhe tudo o que viu. Filipe de Gondi o pediu que o ajudasse nesse trabalho e lhe deu plena autoridade para esse novo empreendimento.
Vicente, com ajuda de alguns colaboradores começou um intenso trabalho de visita aos condenados. Mudar aquela situação era, praticamente, impossível. Mas, isso não impedia Vicente de atuar caridosamente junto aos detentos. Graças ao seu esforço um hospital foi comprado e adaptado às necessidades dos prisioneiros. Nesse local eles puderam ter mais alimentação e mais dignidade. Sem medo de contrair doenças Vicente se misturava aos presos e permanecia com eles o dia inteiro, ouvindo-os abençoando-os e fazendo o que fosse possível para ajudá-los.
A fama do trabalho daquele padre ganhou o reino. O Rei Luís XIII resolveu, então, conferir-lhe, no dia 08 de fevereiro de 1619, a patente de “Capelão geral e real das galeras de França, com a ajuda de seiscentas libras por ano, e posto de oficial da marinha do Levante, tendo sob as suas ordens todos os capelães das galeras”. Isso não envaideceu em nada o coração de Vicente. Apenas lhe deu mais condições de ampliar o seu trabalho pastoral.
Mas, o que eram mesmo as galeras?
Eram navios ligeiros de, aproximadamente sessenta metros de comprimento, chatos, e manobrados por trezentos remadores; eram armadas com cinco canhões e tinham duplo convés: um para cem soldados; o outro, ornado de veludo e com bela aparência, para os oficiais. Esses navios eram usados para fazer a guarda costeira ou atacar, se fosse o caso. À flor d´àgua, em bancos para cinco remadores, os galés, com o pé esquerdo acorrentado à palanqueta, permaneciam sentados durante todo o tempo da viagem. Aí mesmo dormiam e morriam. Da proa à popa da embarcação havia um corredor esguio, onde o chefe dos forçados (comitre) com dois ajudantes armados de chicotes flagelavam as costas nuas dos remadores, que se esvaiam por extremo cansaço ou doença. Se algum deles morria, era logo atirado ao mar sem a menor cerimônia. Os condenados, normalmente eram presos de guerra, ladrões, assassinos e infratores... Por causa da necessidade de braços para tocar esses barcos o governo não fazia nenhuma questão de apressar os julgamentos. Grande parte dos condenados morria em condições sub-humanas.
A respeito desse trabalho os biógrafos de São Vicente contam um fato interessante. Ao ver o extremo cansaço de um dos condenados Vicente pediu para substituí-lo nos remos. As algemas foram amarradas em sua perna e ele, movido de intensa compaixão, trocou de lugar com aquele condenado. Ao descobrirem esse fato, ele também foi libertado. Vicente mesmo nunca confirmou isso. Mas, alguns atribuíram a esse episódio a constante dor na perna esquerda que ele passou a ter na velhice. Quando alguém tocava no assunto ele, simplesmente, sorria e tratava de mudar a conversa... Não é de duvidar que algo assim ele tenha feito. Pois não media esforços para ajudar aqueles que mais precisavam.
Esse exemplo missionário de São Vicente de Paulo é muito inspirador para o nosso tempo. O trabalho pastoral junto aos presos ainda é um grande desafio para todos nós. As condições das penitenciárias modernas são diferentes dos modelos de prisões daquele tempo. Mas, elas ainda pedem nossa presença cristã e nosso testemunho amoroso. O amor nunca está fora de moda. O amor cristão se estende a todos, mas principalmente aqueles que mais sofrem. Pense nisso!
Obs: Obras consultadas para escrever esse texto:
Castro, Jerônimo. Padre. São Vicente de Paulo e a Magnificência de Suas Obras. Petrópolis,RJ. Vozes, 1957 – PP 273ss
Guillaume, Marie- Joelle. São Vicente de Paulo: uma biografia. RJ, Record, 2017
Que maravilha de frase: O amor nunca está fora de moda. O amor cristão se estende a todos, mas principalmente aqueles que mais sofrem.
ResponderExcluirDai-me o querido São Vicente um coração caridoso e humilde!
Daí me senhor. Um coração caridoso e humilde.para atender aqueles que mais sofrem.
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