Lógica de Deus

O homem mais amado em nossa região, não construiu pontes nem viadutos. Não inaugurou obras nem registrou selfies. Aqui, em Pará de Minas, é difícil uma casa que não tenha sua foto pendurada na parede da sala. Estou falando de Pe. Libério. Ele não fez “coaching”, não era doutor nem conferencista internacional. Era um homem de Deus! E foi isso que fez toda a diferença. Pe. Libério nasceu pobre, viveu pobre e morreu num asilo... Não pertencia a nenhuma família tradicional da cidade, não era colunista em jornal, não tinha programas de rádios nem saia na televisão. Apesar disso, é o nome mais conhecido e amado da região. Acho que não estou exagerando ao dizer isso. Ele foi a pequena porção de fermento escondida que transformou a massa toda. Foi a sementinha mais simples que nunca quis “roubar cena” alguma e acabou se transformando num grande arbusto para abrigar as aves do céu.

Pensei em Pe. Libério para comentar uma passagem do Evangelho de São Lucas (13,18-21). Acho que precisamos aprender muito com as duas parábolas desse texto: a da semente e a do fermento na massa. Mas, compreender isso é navegar contra um movimento de nosso tempo; um tempo onde “a aparência é tudo”.  O fermento não aparece, mas sua ausência faz toda a diferença no pão! Sem ele o pão torna-se duro e sem valor no mercado. Essa ideia deveria motivar-nos na vivência de nossa fé. Cada um de nós deve agir, silenciosamente, na massa. O nosso testemunho cristão pode fazer toda a diferença numa sociedade vaidosa e corrompida. Ser fermento é colocar em prática os ensinamentos de Jesus de forma anônima e discreta. Ninguém precisa “roubar a cena”, ao dar testemunho de Cristo.

Acreditar na força da semente é difícil onde os grandes dominam e marcam territórios, às vezes, de forma violenta. A semente é quase desprezível quando  predomina a lógica da grandeza.

 Deus pensa diferente de nós. Em Nazaré, um lugar desconhecido no mundo antigo Ele buscou uma jovem mulher e com ela mudou o mundo inteiro! A partir do sim daquela mulher “o Verbo se fez carne e habitou entre nós”. Jesus para formar sua Igreja não convidou os grandes do mundo, mas pescadores, cobradores de impostos e gente do povo. Os primeiros visitantes do Menino Jesus foram os pastores, homens simples, de pés no chão que passavam as noites vigiando seus rebanhos.

Deus acredita na força dos fracos. Eles os escolheu para confundir os fortes. Acredita na força dos simples e também os escolheu para confundir os sábios (1ª Cor 1,27-29). Mas como é difícil apostar nisso onde o que mais importa é a aparência! No facebook todo mundo está feliz; na coluna social todos estão sorridentes! Ainda que o cara esteja falido ele tem que sustentar uma imagem de vencedor...  De fato, a lógica de Deus é bem diferente da nossa. Deus não liga para os nossos planos de grandeza. Ele, que de fato é grande, se fez pequeno e se tornou um de nós. Como seria bom se entendêssemos isso! Tudo seria bem mais fácil para nós. Fazer-se pequeno é assemelhar-se a Cristo. Quem quiser se o primeiro que seja o servidor de todos...
Vale a pena pensar nisso!