O que faz toda a diferença no
nosso trato com as realidades são as nossas disposições interiores. A isso
podemos chamar de motivação. A disposição que você tem para ir ao encontro de
uma pessoa amada é bem diferente da que você tem para ir ao trabalho. Alguns dizem: vou “enfrentar”
mais um dia de trabalho! Para ir ao encontro da pessoa amada você se enfeita,
mas para ir ao delegado, a coisa muda de figura, a não ser que o delegado seja
a pessoa amada. Para resolver algumas coisas agimos com rapidez, para outras,
preferimos um “banho Maria”.
Num trecho do Evangelho sobre a infância
de Jesus, podemos constatar que, ao serem avisados do nascimento de Jesus, os
pastores foram às pressas à sua procura. Em outra passagem constatamos que
Maria foi às pressas visitar sua prima Isabel. Ao ver Zaqueu em cima da árvore,
Jesus o pediu que descesse depressa Dali, pois, iria almoçar em sua casa.
Assim, Maria tem pressa em poder ajudar, Jesus tem pressa em salvar e os
pastores tem pressa para encontrarem o salvador. Ao saberem da notícia da
ressurreição Pedro e João correm à sepultura. Tem pressa para constatarem a
novidade.
A pergunta que não quer calar é a
seguinte: Para quais situações eu tenho pressa? Tenho pressa porque deixo tudo para a última hora? Quais as motivações eu
tenho para fazer o que faço? Procuro fazer com amor ou vou levando? Para as
coisas de Deus eu tenho pressa? Alguns têm pressa para ganhar dinheiro. Aprenderam
que “Times is Money”. Por isso, não querem perder tempo. Não tem tempo nem para
namorar, pois nessa ótica, namorar é perder tempo...
O livro “ O Pequeno Príncipe”,
traz um diálogo interessante entre o príncipe e a raposa que poderia nos ajudar
nesse texto. A certa altura da conversa entre ambos, a raposa lhe disse: Até a
pouco tempo eu olhava a lavoura de trigo e ela nada me dizia. Hoje, quando a
vejo ser balançada pelos ventos eu me lembro de seus cabelos dourados... O que
fez diferença, no caso, foi o encontro amoroso entre os dois. Ambos passaram a
ver a vida de maneira diferente. Numa outra passagem ele dizia: Uma rosa, para
mim, antes que eu cativasse a minha, era apenas uma rosa. Agora não. A rosa
ganhou outro significado. Talvez, o
mesmo a gente pudesse dizer com relação à Eucaristia. Antes da fé a hóstia era apenas um pedaço de pão. Agora
não. É o próprio Cristo!
Mas voltemos aos pastores. Qual
seria a razão da pressa que os levaram a Belém? Primeiro o anúncio direto feito
pelo anjo. Depois a longa espera pelo salvador. Os pastores, naquele tempo,
pertenciam à categoria de excluídos. Conforme o Talmude Babilônico, um pastor
não podia ser eleito ao cargo de juiz ou testemunha nos tribunais, por causa da
má fama e do desrespeito à propriedade. Eles se encontravam entre os últimos da
sociedade. Passavam as noites sob o relento cuidando do rebanho. Nunca ocupavam
as colunas sociais daquele tempo. Apesar das dificuldades conseguiam manter
acesas as chamas da esperança. Esperavam um salvador. Alguém que pudesse voltar
os olhos para eles. Sabiam que, no passado, o grande Rei Davi fora pastor. Não
tinham outra riqueza que fosse maior do que a esperança. Por isso foram
recompensados. Eles foram os primeiros a receberem o anúncio do nascimento de
Jesus. Por isso, foram às pressas ao encontro dele. Não podiam perder tempo.
Agora, viam concretizada a esperança multissecular
que alimentavam seus sonhos. O Evangelho não fala. Mas, com certeza, também
levaram alguns presentes para o recém-nascido. Quem sabe um pouco de lã para
aquecer o menino ou um queijo fresco para a mãe? Quem sabe um pedaço de carne
seca para reforçar a sopa, ou um novo cajado para José? Nem tudo o Evangelho
relata. Mas, com nossa imaginação podemos recriar o ambiente. Naquele ambiente
familiar e amigo os pastores foram recompensados. Viram aquele que seria o bom
pastor, aquele que mais tarde daria a vida pelas ovelhas. Entre essas ovelhas estou
eu e você também. Graças a Deus!
Como sempre, textos que nos enche o espirito de sabedoria e engrandece nossos conhecimentos. Textos que msm sem perceber me deixa uma a pensar e repensar o dia a dia. Valeu.
ResponderExcluirMuito obrigado pela reflexão , um ano novo cheio dessa pressa necessária. Um grande abraço!
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