Mitologia africana: Oxum

Oxum é a divindade de um rio de mesmo nome, que corre na Nigéria, em Ijexá e Ijebu. Segundo as lendas era filha de Yemanjá e Orunmilá. ...


Oxum é a divindade de um rio de mesmo nome, que corre na Nigéria, em Ijexá e Ijebu. Segundo as lendas era filha de Yemanjá e Orunmilá.  Foi a segunda esposa de Xangô. Viveu antes com Ogum. Quando vivia com Ogum o ajudava na forja. Ela forçava os foles de tal maneira que provocava um vento constante para que seu marido pudesse trabalhar  o ferro. Ficou famosa nesse ofício. Agitava os foles de forma tão ritmada que quem passasse por perto pensava tratar-se de música. Certa vez, passou por ali um egúngún e no embalo daquela musicalidade começou a dançar em plena rua. Outros passantes ao ver sua alegria ofereceram-lhe dinheiro, como se faz, costumeiramente com os artistas de rua. Ao final do dia o egúngún deu todo o dinheiro recebido a Oxum.

Oxum é a “protetora” das mulheres desejosas de engravidar. O itã que fala sobre isso, descreve a história da seguinte maneira:

Quando todos os orixás chegaram a terra organizaram reuniões entre eles e as mulheres foram proibidas de participar de tais reuniões. Revoltada com essa discriminação, Oxum tornou todas as mulheres estéreis. A realidade ficou insustentável. Então, os Orixás procuraram Olodumaré querendo uma solução. Olodumaré resolveu o problema aconselhando os Orixás a convidarem Oxum para as reuniões. Depois de resolvido esse impasse as mulheres voltaram a engravidar sem maiores dificuldades.

Oxum foi chamada de Iyalodê, a mulher mais importante da cidade. Além disso, é a senhora dos rios e exerce seu poder sobre a água doce, sem a qual a vida na terra seria impossível. Seu metal predileto é o cobre. Por isso suas cores são amarelo ouro. Vale lembrar que esse metal era o mais precioso do país dos Yorubás, em tempos antigos. Nas saudações que lhe são dirigidas esse metal costuma ser mencionado:

 “Mulher elegante que tem jóias de cobre maciço”. É uma cliente dos mercadores de cobre. Oxum limpa suas joias antes de limpar seus filhos.

 No sincretismo religioso cubano Oxum tornou-se Nossa Senhora da Caridad del Cobre. No Brasil, foi sincretizada com Nossa Senhora. Das Candeias (Bahia) e Nossa Senhora dos Prazeres (Recife).

Como bailarina, pelo visto, Oxum tirava de letras. Foi ela a responsável para trazer Ogum de volta ao seu ofício quando esse estava refugiado na mata. Ogum estava cansado de sua tenda de ferreiro e queria refugiar-se no mato. Todos os orixás ficaram preocupados. Se Ogum não voltasse, certamente, iriam faltar ferramentas para o trabalho. Ninguém sabia como resolver aquele impasse. Foi quando Oxum se ofereceu para convencer Ogum a mudar de ideia. Então, ela confeccionou para si uma saia feita com alguns lenços transparentes amarrados nas pontas  e, em seguida, encaminhou-se para a floresta. Perto do local onde estava Ogum ela começou a dançar como se não estivesse percebendo os seus olhares que, a essas alturas, já cruzavam sobre ela. Seu jogo de sedução deu certo. Babando de desejos Ogum foi seguindo sem perceber aquela dançarina. Quando deu por si já estava na praça da cidade. Ao ver que todos o observavam fingiu ter ido para a cidade por conta própria. O problema estava resolvido. Ogum estava de volta e acabou reassumindo seus trabalhos na forja. O que não faz um homem diante de uma mulher sedutora!

A filha de Oxum, principal esposa de Oxalá, certa ocasião foi vitima de grande inveja. Num dia de festa, quando ela deveria estar no assento principal do palácio, ao lado do marido ela acabou tendo uma cólica menstrual e, por causa disso, sujou o assento de sangue. Oxalá ficou irritado com sua esposa nesse estado de impureza e a expulsou de casa. Retornando para a casa de Oxum, sua mãe, ela resolveu o seu problema. Fez um preparo especial e deu um banho em sua filha. Ao final do banho, no fundo da bacia, em vez de sangue apareceram lindas penas vermelhas, do papagaio da costa (edidé). Essas penas vermelhas, da cauda do papagaio, eram valiosíssimas e por isso, muito disputadas pelos orixás. Oxum enfeitou sua filha com tais penas de tal maneira que ela ficou deslumbrante e acabou chamando a atenção de Oxalá que a recebeu de volta em sua casa.

Oxum é vaidosa e sedutora, bonita e poderosa; um verdadeiro “sonho de consumo” de todas as mulheres. Talvez, por isso, seja tão lembrada ainda hoje como modelo de mulher fatal.

Fontes inspiradoras desse texto:

1- Moura, Clóvis. Dicionário da Escravidão Negra no Brasil. SP. Ed Universidade de São Paulo, 2013.

2- Verger, Pierre-Fatumbi. Lendas Africanas dos Orixás. 4ª edição. Salvador, BA, Corrupio, 1997. pp. 14.


03-__________________ . Orixás, deuses Iorubás, na África e no Novo Mundo. 5ª Edição

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