A veste adequada
No Evangelho de São Mateus (Mt 22,1-14), Jesus nos conta que, após aceitar o convite para a festa de casamento, um dos convidados foi colo...
No Evangelho de São Mateus (Mt 22,1-14), Jesus nos conta que,
após aceitar o convite para a festa de casamento, um dos convidados foi
colocado para fora por não usar o traje adequado ao evento. Inicialmente, o
texto parece contraditório. Como o rei quis encher o salão de convidados mas,
ao mesmo tempo, resolveu excluir um deles? Vamos refletir um pouco sobre isso.
Em primeiro lugar, fico pensando no despropósito dos
primeiros convidados quando rejeitaram o convite para a festa de casamento do
príncipe. Eles seriam os “vips” do evento e poderiam aproveitar a “boca livre”,
ao lado de uma pessoa famosa... Fosse hoje, o normal seria disputar à tapas, um
convite desses. Uma festa glamorosa assim, poderia render muitas imagens no “Face”
ou “Insta” quando, “naturalmente”, todos exibiriam um sorriso de felicidade
postiça. Em eventos desse naipe não faltam borbulhantes e saltitantes. O que
aconteceu na festa da parábola, no entanto, foi diferente. Os primeiros
convidados simplesmente rejeitaram esse privilégio em nome da defesa de seus
próprios interesses. Ao ler a parábola não dá para ignorar que esses primeiros
convidados foi Israel. Por causa dessa rejeição Jesus chorou sobre Jerusalém (Lc
19, 41 -44) assim como também fizeram boa parte dos profetas no Antigo
Testamento. Mas a festa do rei não deixou de acontecer por causa disso. O
convite foi aberto aos novos personagens:
“O banquete está
pronto, mas os convidados não foram dignos dele. Ide, então, às saídas dos
caminhos e convidai para o banquete todo os que encontrardes...”
Quem seriam esses convidados da última hora? Talvez, os
cristãos...eu e você! Seja como for, o simples
convite não garantia o lugar na festa. Ao que parece, era necessário algo mais.
O fato de sermos batizados em Cristo não nos garante um lugar em seu reino. Batizado
não é ingresso para o céu! Muitos mancharam a veste batismal com seus pecados.
Então, qual seria o traje adequado para participar do banquete de pai? São Paulo nos ajuda nesse quesito quando afirma
na Carta aos Efésios (Ef 6, 10 -24):
“Vistam a armadura de Deus
para que, no dia mau, vocês possam resistir e permanecer firmes, superando
todas as provas. Estejam portanto, bem
firmes: Cingidos com o cinturão da verdade, vestidos com a couraça da justiça
(...) tenham sempre na mão o escudo da fé...”
Quem nos oferece a veste da salvação é o próprio Cristo. Cabe-nos,
apenas, aceitar tal vestimenta e adotar para nossas vidas o manequim de Cristo,
ou seja, as mesmas medidas dele:
“A noite vai avançada e
o dia está próximo. Deixemos, portanto, as obras das trevas e vistamos as armas
da luz (...) vistam-se do Senhor Jesus Cristo, e não sigam os desejos dos
instintos egoístas”
(Rom 13,12). Vestir-se de Cristo é condição para participar do grande banquete
no Reino de Deus. O convite ao banquete é, sem dúvida, uma grande oportunidade.
Mas, a caminhada não encerra aí. Ela continua pela vida toda. Precisamos nos
revestir de Cristo todos os dias, sob pena de ficarmos desprotegidos sujeitos
aos perigos da caminhada. “Viver é muito perigoso”, conforme dizia Riobaldo,
personagem de Guimarães Rosa em Grande Sertão Veredas. De fato é perigoso. Na
caminhada podemos pisar em pedras falsas ou areias movediças. Por isso, a fé é
tão importante e necessária. Sem ela corremos o risco de ficarmos paralisados e
sem coragem de caminhar.
Imagem de marcioshaffer por Pixabay
Padre Gabriel, arrasou hoje!!! Todas as palavras bem colocadas..."Quem seriam esses convidados da última hora? Talvez, os cristãos...eu e você!" Precisamos pensar nisso e trabalhar, seguir as dicas deixadas por Jesus, São Paulo( citadas aqui) e esperar pelo banquete. Senão seremos convidados a nos retirarmos ou a ouvir" não vos conheço". Que o Senhor nos ajude na caminhada para o céu!!!
ResponderExcluirRealmente se não tivermos vestidos em Cristo com vamos conseguir superar os obstáculos pelo caminho.So em Cristo teremos forças para superar os obstáculos. Ótima reflexão
ResponderExcluirEspetacular essa reflexão, tão antiga e ao mesmo tempo tão atual. Parabéns Gabriel. Obrigado
ResponderExcluirDeus seja louvado!
ResponderExcluir“Viver é muito perigoso”, conforme dizia Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa em Grande Sertão Veredas. De fato é perigoso. Na caminhada podemos pisar em pedras falsas ou areias movediças. Por isso, a fé é tão importante e necessária. Sem ela corremos o risco de ficarmos paralisados e sem coragem de caminhar.
ResponderExcluirDeus seja louvado! Parabéns Padre Gabriel!
..."a fé é tão importante e necessária. Sem ela corremos o risco de ficarmos paralisados e sem coragem de caminhar..."
ResponderExcluirAmem Padre Gabriel.
Parabens
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