Amor aos inimigos

  O Evangelho de hoje fala sobre o amor aos inimigos (Lc 6, 27 – 38). Parece, que Jesus foi longe demais, visto que, estamos com dificuldade...

 


O Evangelho de hoje fala sobre o amor aos inimigos (Lc 6, 27 – 38). Parece, que Jesus foi longe demais, visto que, estamos com dificuldades de amar até mesmo aqueles que nos amam! O que Jesus disse sobre o amor, vale também, para as boas ações. “Quem ama faz o bem sem olhar a quem”. Por isso, vou exemplificar o meu texto com um fato atual, noticiado pela mídia:

Ocorreu um grave acidente com um ônibus na zona norte do Rio de Janeiro (08/09/2024). No acidente um menino teve o braço amputado. Nisso, passou por ali um mototaxista e, vendo o desespero daquela gente, socorreu a criança levando-a, ao hospital mais próximo. Já no hospital a criança lhe confessou que sua cadelinha também estava no ônibus. O mototaxista retornou para buscá-la e encontrou, no gelo, o bracinho do menino. Levou esse braço ao hospital e, pelo visto, conseguiu a sua reimplantação (1).

O mototaxista da história, Diego Mendes, nem conhecia Davi, a criança do acidente. Certamente, ele tinha uma agenda a cumprir e outros tantos afazeres. Mas, ao ver a cena do acidente, agiu como o bom samaritano, e deixou suas tarefas pessoais para segundo plano. Deixou tudo para socorrer uma criança que nem conhecia, usando os recursos que dispunha e, assim, pode colocar em prática o amor ao próximo. É possível que estivessem por ali, muitos curiosos, apenas para assistirem ao “espetáculo”. É provável também, que outros estivessem filmando para postarem nas redes sociais com objetivo de arranjar seguidores. Mas, o mototaxista é que deu o bom exemplo, socorrendo as vítimas.  A isso eu chamo de amor no mais puro sentido da palavra.

Amar o inimigo, talvez, não seja possível, sem a graça de Deus. Mas, com o auxílio da graça tudo é possível. Os santos não foram heróis, mas, pessoas cheias de Deus e, por causa disso, foram especialistas em amor. Esse jeito de amar ensinado por Cristo deveria ser o nosso grande diferencial, pois amar a quem nos ama, isso todo mundo faz. Amar aqueles que nos são indiferentes, ou mesmo antipáticos é o nosso grande desafio. A propósito disso, vou contar uma história narrada por Santa Terezinha no livro História de uma alma. Trata-se de sua relação com uma religiosa de difícil temperamento:

Há na comunidade uma irmã que tem o talento de me desagradar em todas as coisas; os seus modos, as suas palavras, o seu caráter eram-me muito desagradáveis. No entanto, é uma santa religiosa, que deve ser muito agradável ao bom Deus; assim, não querendo ceder à antipatia natural que sentia, disse a mim própria que a caridade não devia ser composta por sentimentos, mas por obras. Decidi então fazer por esta irmã aquilo que faria pela pessoa que mais amasse. Cada vez que a encontrava, rezava ao Senhor por ela, oferecendo-Lhe todas as suas virtudes e méritos. Sentia que isso agradava a Jesus, pois não existe artista que não goste de receber louvores pelas suas obras e Jesus, o artista das almas, fica feliz quando não nos detemos no exterior, mas, penetrando até ao santuário íntimo que Ele escolheu para morar, admiramos a sua beleza. Não me contentava em rezar muito pela irmã que me suscitava tantos combates, obrigava-me a fazer-lhe todos os favores possíveis e, quando tinha a tentação de lhe responder de modo desagradável, contentava-me em lhe fazer o meu sorriso mais amável e fazia por desviar a conversa. […]

E também muitas vezes […], tendo algumas relações de trabalho com essa irmã, quando os embates eram demasiado violentos, fugia como um desertor. Como ela ignorava, totalmente, o que eu sentia por ela, nunca desconfiou dos motivos da minha conduta e continua persuadida de que o seu caráter me agrada. Um dia, no recreio, disse-me mais ou menos estas palavras com um ar muito contente: “Pode dizer-me, irmã Teresa do Menino Jesus, o que a atrai tanto em mim, pois de cada vez que olha para mim vejo-a sorrir?” Ah, o que me atraía era Jesus, escondido no fundo da sua alma. Jesus torna doces as coisas mais amargas. (Santa Teresinha do Menino Jesus, Manuscrito autobiográfico C 13 v°-14v).

Talvez, fosse bom, adotarmos a “receita” dada por Santa Terezinha, para colocarmos em prática o Evangelho em questão. Amar o outro não por ele ser quem ele é, mas, por causa de Cristo! Ver Cristo em cada irmão, ainda que alguns nos sejam antipáticos.

Pense nisso!

 

1-   https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2024/09/08/cirurgia-de-reimplante-de-braco-de-menino-que-sofreu-acidente-de-onibus-e-considerada-bem-sucedida-crianca-segue-sedada.ghtml - Consulta realizada em 11/09/2024

2-      https://ggpadre.blogspot.com/2020/08/santa-terezinha-santidade-ao-alcance.html

Imagem de Gaurav por Pixabay

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  1. SantaTerezinha dá uma amostra de santidade mesmo! Ela com amor ao próximo via Jesus em pessoas que era difícil de convivência.
    Como estou longe da sanidade, tenho que fazer um grande exercício de paciência com algumas pessoas.
    Estou lembrando de uma conhecida que disse não ser uma boa ouvinte, convenhamos ouvir com detalhes casos de trabalho e mostrar interesse nestes tipos de papo é difícil! acredito não só para mim.
    Admiro o trabalho dos psicólogos mas não tenho vocação mesmo!
    Penso que o tempo aprimora nossos defeitos e qualidades, e que Deus nos ajude a conjugar amor com muita paciência em nossos relacionamentos na vida.

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  2. É muito difícil amar um inimigo,explica Padre Geraldo Gabriel.É um desafio mesmo.Mas,se reconhecemos Jesus como Senhor, Ele nos dá força.Por em prática,o amor aos inimigos,precisa confiar muito em Deus, construí a vida pessoal e comunitária sobre alicerce firme.Se vier um conflito e até perseguição,a gente resiste.Ter amizade com Deus,perceber seus desígnios e sinais é fundamental para seguir no caminho,sem desanimar.O caminho de Jesus é estreito e difícil,mas vale a pena seguir.Neste processo de conversão,tudo terá sentido e valor.Se somos perseverantes no amor ao próximo, teremos o Perfume da Serenidade!

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  3. Atitudes heróicas como essa, faz uma grande diferença em nossas vidas. Nos torna mais humanos e dignos de sabedoria divina. Ainda que de pequenos gestos aos menos favorecidos, são bem recebidos por nosso Deus

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