Senhor, eu não sou digno!

Num mundo de tantas pessoas imponderadas e cheias de si mesmas, o centurião romano, mostrado no texto de São Mateus (Mt 8, 5-11), pode ser para nós, um grande exemplo de humildade. Ele era uma pessoa importante pois, comandava cem soldados! Esse posto militar não fez dele uma pessoa arrogante e grosseira. Nos três evangelhos em que aparece, com algumas variações, a sua humildade vem à tona. Ele amava o seu servo, ajudou os judeus a erguerem uma sinagoga e não julgou merecedor de receber Jesus em sua casa.  Quanta diferença percebemos no comportamento dele e de outras autoridades daquele tempo e de hoje! Sendo romano de nascimento ele tinha seus deuses e não conhecia a fé de Israel. Ainda assim, foi dócil para com os judeus e respeitoso com Jesus, a quem teve a humildade de recorrer numa hora difícil.

Ciente dos costumes judaicos, o centurião quis poupar Jesus de constrangimentos quando afirmou: - Senhor, eu não sou digno que entres em minha casa! Ele sabia que os judeus não entravam em casas pagãs e, talvez, pensou que Jesus partilhasse dos mesmos preconceitos de seu tempo.  Nesse ponto ele enganou-se. Ao ser solicitado, Jesus não perguntou se ele era ou não um estrangeiro. Tratou logo de atendê-lo, apesar dos comentários maldosos que, certamente, enfrentaria depois.  Diante de sua postura humilde ele exclamou: Nem em Israel encontrei tamanha fé!  Essa afirmação de Jesus, provavelmente, rendeu muitos cochichos. No texto de São Lucas (Lc 7, 1 -10), ele termina citando esse pagão como modelo de fé: "Nem mesmo em Israel encontrei tamanha fé"!

Aquele centurião não pedia para si mesmo, intercedia para o servo a quem amava muito. Isso me faz pensar no grande valor da intercessão. Com sua prece de intercessão Deus poderá atender aquela pessoa pela qual você intercede. O servo que foi curado, provavelmente, nem esperava isso do seu senhor, visto que, aparentemente,  ele não era um homem de fé. Mas, Deus que conhece os corações sabe avaliar o que se passa no interior de cada um. Nós nos enganamos, facilmente, por ver apenas as aparências.

Com sua atitude Jesus nos mostra que o amor de Deus é universal. Ele não veio salvar, apenas, uma panelinha de eleitos. Veio para todos! Assim, ensinou que também nós, devemos superar as barreiras sociais e os preconceitos. Muitos que se dizem cristãos ainda cultivam hábitos racistas, homofóbicos, misóginos... O Cristo ao qual dizem seguir é bem diferente do meu. O que eu conheço e amo é esse que, no Evangelho revelou-nos, que o amor está acima de todas essas questões. Ele é um bom pastor capaz de dar a vida pelas ovelhas, principalmente pelas mais sofridas. Quantas lições podemos tirar desse Evangelho! 

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Imagem de Wajari Velásquez por Pixabay