O Capítulo 15 do Evangelho de São Lucas conta-nos três
parábolas: A parábola das cem ovelhas (Lc 15,4- 7); a parábola das dez moedas
de prata (Lc 15, 8 – 10) e a parábola do filho pródigo (Lc 15,11-32). Todas elas
falam da misericórdia divina. Deus é aquele pai que sempre espera a volta do
filho. Ele é capaz de guardar, por anos, uma cadeira vazia esperando que ela volte
a ser ocupada pelo filho que se foi. A propósito disso, já contei aqui, nesse
blog, a história, verdadeira, da mãe que perdeu o seu único filho e continuou a
preparar sua cama por longos anos... (1).
Dentro dessa mesma temática já falei também sobre a música “Naquela
Mesa”(ver abaixo), que Sérgio Bitencourt (1969) compôs em memória de seu pai falecido,
Jacob do Bandolim. Na música ele canta a dor de uma ausência que se faz
presente nas coisas mais corriqueiras. É sempre assim, quem já perdeu o pai se
entristece ao ver os objetos que ele mais gostava em vida (2).
Gostaria ainda, de citar outro exemplo de quando o objeto deixado
por alguém que partiu arrasta, novamente, a lembrança desse alguém para aqueles
que ficaram. Vou tirar esse exemplo do Ramayana, um clássico da literatura
indiana. O Rei de Ayodia queria que Rama fosse seu sucessor no trono. Mas, por
intriga palaciana o reino acabou nas mãos de Baratha, seu irmão, e Rama
juntamente, com Sita, sua amada, foram exilados na Floresta por 14 anos. Nesse
período Baratha colocou as sandálias do irmão no trono real coberta com uma
sombrinha. Todos os dias ele reverenciava o objeto como se reverenciasse o
próprio irmão que a quem ele considerava. Quando precisava tomar uma decisão
importante, consultava as sandálias do irmão e só depois disso decidia (3).
Esse ritual se repetiu por vários anos até que o irmão regressasse.
Para prosseguir em meu raciocínio comentarei, ainda, outra
situação: Quando minha mãe era viva e eu já não morava mais com os pais, ela
guardava, sempre, algumas bananas para mim. Sabia que eu gostava de bananas e,
por isso, tinha esse cuidado. Às vezes, as frutas apodreciam esperando que eu
chegasse, pois, ela não se cansava de me esperar. Qual a mãe não espera sempre
pelos filhos e procura guardar para eles os seus pratos preferidos?
Deus é assim conosco. Ele sempre nos espera e se alegra quando
nós nos voltamos aos seus braços. Ele tem a mesma alegria daquele pastor que
deixou as 99 ovelhas para buscar apenas uma que se perdeu. Ao encontrá-la faz
uma festa e convida os amigos para se alegrarem com Ele. Nós somos as ovelhas
de Cristo. As ovelhas conhecem a voz e até o cheiro do pastor.
Para finalizar esse texto gostaria de fazer-lhe alguns
questionamentos:
-Há quanto tempo Deus não escuta o som dos seus passos
voltando-se para Ele?
-Você ainda separa a voz de Deus da barulheira do mundo?
-Você é daqueles ou daquelas que participa da missa só no
Natal e na Semana Santa?
-Que nota você daria para sua vivência religiosa considerando
de um a dez?
-Quem sabe não estaria na hora de começar a melhorar essa
nota...
Pense nisso!
1-https://ggpadre.blogspot.com/2024/04/uma-cama-de-solteiro.html
1-https://ggpadre.blogspot.com/2020/07/mistica-dor-de-uma-ausencia.html
3-https://ggpadre.blogspot.com/2019/01/tudo-aconteceu-como-tinha-que-acontecer.html
Obrigado pelo texto Padre Geraldo!
ResponderExcluirDeus sempre paciente conosco!
Precisamos exercer um pouco desta Paciência com o outro!
Que reflexão está música é linda faz mim lembrar do meu cunhado que era muito especial 🙏🙏🙏
ResponderExcluirÉ reconfortante pensar que Deus tem todo cuidado com a gente.
ResponderExcluirO amor do pai maior do nosso criador, ou seja criador de tudo é dificil de ser por nos avalido. ELE é tão cheio de misericórdia que mesmo sendo pecadores ele quer nos resgatar, e este fato é incompreensível, afinal somos da justiça humana, e o projeto de Deus está na contramão da forma que avaliamos tudo.
Termino acreditando que realmente Deus é um bom pastor.
É tão bom saber que Deus nunca desiste da gente
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