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quarta-feira, 6 de novembro de 2024

A cadeira vazia

 


O Capítulo 15 do Evangelho de São Lucas conta-nos três parábolas: A parábola das cem ovelhas (Lc 15,4- 7); a parábola das dez moedas de prata (Lc 15, 8 – 10) e a parábola do filho pródigo (Lc 15,11-32). Todas elas falam da misericórdia divina. Deus é aquele pai que sempre espera a volta do filho. Ele é capaz de guardar, por anos, uma cadeira vazia esperando que ela volte a ser ocupada pelo filho que se foi. A propósito disso, já contei aqui, nesse blog, a história, verdadeira, da mãe que perdeu o seu único filho e continuou a preparar sua cama por longos anos... (1).

Dentro dessa mesma temática já falei também sobre a música “Naquela Mesa”(ver abaixo), que Sérgio Bitencourt (1969) compôs em memória de seu pai falecido, Jacob do Bandolim. Na música ele canta a dor de uma ausência que se faz presente nas coisas mais corriqueiras. É sempre assim, quem já perdeu o pai se entristece ao ver os objetos que ele mais gostava em vida (2).

Gostaria ainda, de citar outro exemplo de quando o objeto deixado por alguém que partiu arrasta, novamente, a lembrança desse alguém para aqueles que ficaram. Vou tirar esse exemplo do Ramayana, um clássico da literatura indiana. O Rei de Ayodia queria que Rama fosse seu sucessor no trono. Mas, por intriga palaciana o reino acabou nas mãos de Baratha, seu irmão, e Rama juntamente, com Sita, sua amada, foram exilados na Floresta por 14 anos. Nesse período Baratha colocou as sandálias do irmão no trono real coberta com uma sombrinha. Todos os dias ele reverenciava o objeto como se reverenciasse o próprio irmão que a quem ele considerava. Quando precisava tomar uma decisão importante, consultava as sandálias do irmão e só depois disso decidia (3). Esse ritual se repetiu por vários anos até que o irmão regressasse.

Para prosseguir em meu raciocínio comentarei, ainda, outra situação: Quando minha mãe era viva e eu já não morava mais com os pais, ela guardava, sempre, algumas bananas para mim. Sabia que eu gostava de bananas e, por isso, tinha esse cuidado. Às vezes, as frutas apodreciam esperando que eu chegasse, pois, ela não se cansava de me esperar. Qual a mãe não espera sempre pelos filhos e procura guardar para eles os seus pratos preferidos?

Deus é assim conosco. Ele sempre nos espera e se alegra quando nós nos voltamos aos seus braços. Ele tem a mesma alegria daquele pastor que deixou as 99 ovelhas para buscar apenas uma que se perdeu. Ao encontrá-la faz uma festa e convida os amigos para se alegrarem com Ele. Nós somos as ovelhas de Cristo. As ovelhas conhecem a voz e até o cheiro do pastor.

Para finalizar esse texto gostaria de fazer-lhe alguns questionamentos:

-Há quanto tempo Deus não escuta o som dos seus passos voltando-se para Ele?

-Você ainda separa a voz de Deus da barulheira do mundo?

-Você é daqueles ou daquelas que participa da missa só no Natal e na Semana Santa?

-Que nota você daria para sua vivência religiosa considerando de um a dez?

-Quem sabe não estaria na hora de começar a melhorar essa nota...

Pense nisso!


1-https://ggpadre.blogspot.com/2024/04/uma-cama-de-solteiro.html

1-https://ggpadre.blogspot.com/2020/07/mistica-dor-de-uma-ausencia.html

3-https://ggpadre.blogspot.com/2019/01/tudo-aconteceu-como-tinha-que-acontecer.html

Imagem de Mariakray por Pixabay

4 comentários:

  1. Obrigado pelo texto Padre Geraldo!
    Deus sempre paciente conosco!
    Precisamos exercer um pouco desta Paciência com o outro!

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  2. Que reflexão está música é linda faz mim lembrar do meu cunhado que era muito especial 🙏🙏🙏

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  3. É reconfortante pensar que Deus tem todo cuidado com a gente.
    O amor do pai maior do nosso criador, ou seja criador de tudo é dificil de ser por nos avalido. ELE é tão cheio de misericórdia que mesmo sendo pecadores ele quer nos resgatar, e este fato é incompreensível, afinal somos da justiça humana, e o projeto de Deus está na contramão da forma que avaliamos tudo.
    Termino acreditando que realmente Deus é um bom pastor.

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  4. É tão bom saber que Deus nunca desiste da gente

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