Medo

Sempre que leio um texto bíblico, alguma passagem ou situação acaba roubando minha atenção.  Lendo o trecho que fala sobre a vinda do Espírito Santo (Jo 20, 19-23), fui atraído pela ideia do medo. A passagem fala que os apóstolos estavam reunidos com as portas fechadas, por medo dos judeus... Fala desse sentimento tão humano e partilhado por todos nós: o medo. 

Por causa do medo contratamos firmas de segurança, colocamos alarmes e cercas elétricas por todos os lados. Fechamos as janelas que nos dão acesso ao mundo. Isso ocorre também no universo da internet. Precisamos de senhas para quase tudo e, mesmo assim, não estamos seguros. Temos medos de toda espécie: De ser assaltado, de ficar doente, de perder o emprego, da velhice... Por causa de nossos medos procuramos nos garantir num espaço seguro, pois “viver é perigoso...”.

O medo é um sentimento que nos causa paralisia e nos impede de dar os primeiros passos. Pelo visto, era, exatamente, esse o sentimento dos apóstolos naquela situação. E era perfeitamente compreensível. Acabaram de matar Jesus, o líder deles, de forma cruel. Deus não impediu esse espetáculo de horrores! Se mataram o chefe o que não fariam com eles? 

O que eles não esperavam acabou acontecendo. Para surpresa de todos, Jesus pôs-se no meio deles, mais vivo do que nunca! E agora, será que iria censurá-los pelo medo? – Não. Jesus não tem nenhum prazer em censurar. Isso fica por nossa conta. Bem ao contrário disso, Jesus deseja-lhes a paz e confere-lhes a força do Espírito Santo. Bastou que isso acontecesse para que o medo desaparecesse de todo. Na sequencia do texto,  a Bíblia fala que todos puseram mão à obra. Pedro, então, falou como ninguém, e convenceu muitos ao Evangelho.  E o medo, para onde foi? – Simplesmente sumiu. 

Parece que onde falta a presença viva de Deus é que o medo ganha terreno. Com o coração cheio de Deus não havia espaço para o medo no intimo dos apóstolos. Por isso, conseguiam testemunhar Jesus, nas condições mais difíceis. São Paulo que o diga! Enfrentou tudo e todos para ganhar a todos para Cristo. Muitas vezes, combateu sozinho e enfrentou o mundo com a coragem própria dos grandes santos. Nas horas mais difíceis da missão, com certeza, lembrava-se das palavras de Cristo: Coragem, eu venci o mundo!