O Verbo se fez carne...

Alguém poderia questionar: Por que o Verbo se fez carne? – Ora, o Verbo se fez carne para nos inflamar com seu divino amor. Santo Afonso Maria de Ligório, dizia que a Festa do Natal deveria se chamar “Dia do Fogo”, pois, nesse dia, Deus ateou o fogo do amor no coração dos homens. Por isso, Jesus dizia, com razão, que veio trazer fogo à terra (Lc 12,49). 

Antes de Jesus, Deus era conhecido apenas numa região do mundo, a Judéia. No resto da terra uns adoravam o sol, os animais, as pedras ou criaturas mais vis ainda. Depois de Jesus, o nome de Deus se espalhou por toda parte e foi amado por muitos. Os corações se abrasaram na chama do seu divino amor e Deus foi mais amado em poucos anos, do que nos milhares de anos que decorreram depois da criação.  Para celebrar, dignamente, o natal não nos basta preparar um presépio. É preciso preparar antes, o nosso coração. É preciso deixar que ele seja incendiado pela chama do amor divino.

Quando o Verbo Eterno se fez homem a justiça divina se cumpriu e a misericórdia se revelou. Ao pecar, o homem rompeu-se com Deus e, por isso, deveria ser punido. Mas, Deus ficou triste porque havia criado o homem pouco abaixo dos anjos. Ele queria perdoar o homem, mas, nesse caso, a justiça não iria prevalecer. A solução foi dada pelo Verbo divino a segunda pessoa da Trindade.  Ele disse ao pai: os homens por si mesmos são incapazes de quitar essa dívida. Então, eu me torno homem e morro no lugar deles. Assim, serão resgatados e vossa misericórdia será conhecida.  Somente assim, os homens poderão saber que vosso amor por eles é infinito. Por isso, o Verbo se fez carne e habitou entre nós e nós vimos sua glória.

Foi para salvar os homens e revelar a misericórdia divina que Jesus veio ao mundo, sofreu, foi rejeitado e morreu na cruz sem reclamar ou sequer abrir a boca. Eis que venho ó Pai. Com prazer faço vossa vontade (Hb 10,5). Por nossa causa, por mim e por você, Deus desceu do céu e se fez homem. 

Santo Afonso afirmou que, quando Alexandre Magno, venceu Dario e se apoderou da Pérsia, para cativar o afeto daqueles povos se vestiu à moda deles. Nosso Deus fez algo semelhante. Para cativar-nos mostrou-se como nós, menos no pecado. O homem não me ama, parece dizer: - não me ama porque não me vê. Vou mostrar-me a ele e conversar com ele, e assim me fazer amar... Ele foi visto sobre a terra, disse o profeta, e viveu familiarmente com os homens (Br 3,38).  Na encarnação do Verbo Deus se fez muito próximo de nós. Ele já havia mostrado o seu poder criando o mundo, dizia São Bernardo, e sua sabedoria governando-o. Na encarnação, porém, manifestou toda sua grandeza de sua misericórdia. 

Pense nisso!