Solidariedade

Algumas cenas bíblicas mostram de forma muito bonita a solidariedade dos pobres. Uma delas está no Primeiro Livro dos Reis (1ª Rs 17,12...


Algumas cenas bíblicas mostram de forma muito bonita a solidariedade dos pobres. Uma delas está no Primeiro Livro dos Reis (1ª Rs 17,12). Nesse local havia uma pobre viúva que só tinha para dar o filho um punhado de farinha na panela e um pouco de óleo na jarra. Ainda assim, foi capaz de acolher o profeta quando este necessitou de ajuda. Por causa disso, Deus não permitiu que nenhum deles passasse fome. 

No Evangelho de São Marcos (Mc 12, 41) também aparece uma pobre viúva que deu em esmolas tudo o que possuía para viver. É bom lembrar que, naquele tempo, a viúva não tinha aposentadoria e nem as facilidades de hoje. Seu gesto não passou despercebido. Jesus viu o que ela fez e isso o comoveu. De fato, é comovente perceber a solidariedade dos pobres. S. Vicente de Paulo, que mais entendeu desse assunto, chegou a afirmar: “ainda bem que há pobres para ajudar os pobres”.

Já contei, algumas vezes, uma história que se passou comigo e da qual tirei grandes lições. Ela é verdadeira e aconteceu quando eu morava em Belo Horizonte. Numa tarde de sábado, duas senhoras bateram em minha porta pedindo verduras. Havia no seminário, uma pequena horta com alguns canteiros de couves. Bancando o esperto fiz-lhes um questionamento: - Porque vocês não andam separadas? O que a gente tem para uma, nem sempre tem para duas... Sem entender bem, minha colocação, uma delas me disse, após um breve silencio: - Não tem problemas não moço. Se a gente ganhar uma única folha de couve, a gente divide... Naquele momento, era Deus que me falava, para lembrar-me do meu egoísmo. Nunca mais me esqueci dessa lição!

Outro fato, semelhante a esse, aconteceu comigo em Pará de Minas. Tenho na paróquia uma comunidade muito pobre chamada Morro de Santa Cruz. O nome depreciativo é “Morro do Caneco”. Nesse local, mora um moço com o nome de Arquimedes. Ele luta muito com a vida. Para aproveitar um pouco de pastagens na região costuma criar alguns bezerros que são descartados nas grandes fazendas. Na véspera do natal ele me procurou e disse: - Olha padre. Criei dois bezerros esse ano. Agora eles estão encorpados e bonitos. Um eu vou matar para celebrar o natal com minha família. O outro vou doar para a Capela do Morro, aqui também tenho uma família... Esse gesto me deixou muito comovido. Ele só tinha dois bezerros e foi capaz de doar um!

Para aprender a ser santo eu não preciso viajar ou peregrinar em longas distâncias. Basta olhar a vida de meus paroquianos. Eles me dão verdadeiras lições de vida e santidade! Com eles quero aprender a solidariedade e a fraternidade. Quero aprender a dividir não só o que Deus me deu, mas, a própria vida! Quem tem  paroquianos assim, precisa ter inveja de alguém?

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