Quem reza vive mais
Talvez, não seja verdade, que quem reza viva mais. Mas, seguramente, é verdade que, quem reza vive melhor. Já li, inúmeras veze,s so...

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Talvez, não seja verdade, que quem reza viva mais. Mas, seguramente, é verdade que, quem reza vive melhor. Já li, inúmeras veze,s sobre as vantagens da oração. Mas, por experiência própria, também posso dizer alguma coisa. Uma das grandes vantagens da oração, em minha opinião, além do encontro com Deus, é o encontro consigo mesmo.
Penso que a oração bem feita consta de dois movimentos: um vertical e outro horizontal. O primeiro movimento nos eleva e nos põe em sintonia com o transcendente ("trasns"= movimento; e "ascendente"= para cima). Quem reza se eleva e comunica-se com o mistério. Essa comunicação não é unidirecional, do sujeito para Deus. Ela acontece também no sentido inverso, de Deus para o sujeito. Por isso, rezar é falar com Deus, mas também é ouvir o que Deus tem para nos dizer. Nesse caminho de comunicação existem muitos obstáculos que devem ser removidos. Nosso excesso de preocupação com as coisas do dia-a-dia, por exemplo, nos atrapalha na concentração e, por isso, durante a oração nos parecemos com um rádio que tenta ajustar duas sintonias ao mesmo tempo. O resultado disso é a canseira e a sensação de fracasso na hora da reza. Outro obstáculo que atrapalha a oração é a falta de um local adequado. Por isso, sugeri, recentemente em um artigo que todos adquirissem um oratório para rezar diante dele. Além de cultivar uma tradição católica mineira, o oratório poderia ser um espaço sagrado dentro de nossas residências. As crianças iriam adorar a idéia!
O movimento horizontal resultante da prece vai em direção ao outro. Quanto mais pleno for o meu encontro com Deus, melhor será minha convivência com o outro e com o mundo. A qualidade de meu estar no mundo depende muito de minha harmonia interior. Tal harmonia pode ser adquirida no primeiro movimento da oração. A certeza do amor de Deus me faz amar tudo o que ele criou. O amor não elimina a dor do mundo, mas, pode suavizá-la. Talvez esse tenha sido o segredo de Madre Tereza de Calcutá, D. Hélder Câmara e tantos outros místicos. A oração cristã não me separa das realidades, às vezes sofridas, desse mundo. Ela me leva ao encontro de todas elas na tentativa de amenizá-las. Quem reza sabe a que veio e sabe também para onde vai. Por isso, a oração diminui nossas ansiedades e harmoniza nossa existência. É melhor rezar do que tomar calmantes. É mais eficiente é bem mais barato…
A oração bem feita supõe treinamento e disciplina. Ninguém reza bem se só reza de vez em quando. Assim como aprendemos a tomar banho todos os dias, devemos aprender a rezar todos os dias. Assim como precisamos tirar um tempo e ter um local ideal para o banho, também devemos tirar tempo e buscar um local adequado para rezar. Jesus rezava com o povo, mas buscava a solidão das montanhas para conversar com o Pai. Sua harmonia interior era invejável. Sua oração possuía os dois movimentos citados acima. O "Pai nosso", única oração ensinada por ele mostra isso. "Sua primeira parte é voltada para o Pai: "Pai nosso que estais no céu, santificado seja o vosso nome", a segunda parte é voltada para o próximo e para a convivência: " Perdoai as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido…" Jesus ensinou-nos a rezar dessa forma. Sua vida de oração foi perfeita. Ele não viveu muito tempo, mas viveu intensamente todos os minutos da vida.
Imagem de Mihir Upadhyay por Pixabay
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