Sobre São Francisco de Sales
O texto a seguir, nasceu após a escuta de uma conferência, em espanhol, por Don Fernando Colomer Ferrandiz, da Paróquia de San León Ma...
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O texto a seguir, nasceu após a escuta de uma conferência, em espanhol, por Don Fernando Colomer Ferrandiz, da Paróquia de San León Magno de Murcia - Espanha. O Video foi postado no Youtube no dia 03/06/2012. O endereço é: youtube.com/watch?v=c9NMq-6f-JQ – Algumas informações vieram de outras fontes.
O Vídeo mencionado foi dividido em duas partes. No presente texto, falarei apenas da primeira. Outros vídeos de reflexões com o mesmo autor podem ser acessados em: https://www.youtube.com/watch?v=c9NMq-6f-JQ&list=PLDp7zJh-Rd25U_5zTvs3hMuf7CA1zD0u_
São Francisco de Sales viveu na segunda metade do Séc. XVI. Nasceu em 1567 e morreu com 55 anos em 1622. Sua família morava na Sabóia, que naquela época, era um território independente ocupando parte da França, parte da Itália e da Suíça. Teve uma primorosa educação e, desde pequeno, destacou-se, no gosto pela língua francesa. Aos 10 anos fez sua primeira comunhão e aos 12 anos começou a sentir-se chamado por Deus ao sacerdócio. Seu pai tinha para ele outros planos. Queria que fosse advogado ou político de influência. Enviou-o para estudar em Paris onde permaneceu por 10 anos.
A Europa naquele tempo vivia sob forte influência do Calvinismo. João Calvino viveu em Genebra. Foi um teólogo protestante, cujas idéias chocavam-se, com a doutrina católica. Por causa da idéia da predestinação muito divulgada em Paris, naquele tempo, São Francisco de Sales viveu uma grande crise espiritual. Começou a pensar que não seria salvo. Então, tomou a decisão de servir somente a Deus, com ajuda da Virgem Maria. Em Paris terminou seu curso de direito, mas paralelamente estudou filosofia e teologia. Em seguida mudou-se para Pádua, na Itália, onde se doutorou em direito canônico com apenas 24 anos. Sempre foi estudioso e considerava o estudo o 8º mandamento.
Aos 26 anos, ordenou-se padre e foi trabalhar na região de Chablais. Missão dura: andava a pé ou montado em cavalos e ia de porta em porta tentando trazer de volta muitos católicos que haviam se debandado para o calvinismo. Organizou adorações de 40 horas. Isso foi uma resposta àqueles que negavam a presença real de Cristo na Eucaristia.
Em 1599 foi nomeado bispo coadjutor, com 35 anos. Depois se tornou bispo titular da Diocese de Genebra que, naquele tempo possuía:
400 paróquias, 15 escolas de educação infantil, 01 catedral, 06 abadias, 04 monastérios de Cartuxos, 04 conventos franciscanos, 02 monastérios de Clarissas e um monastério de Cartuxas. Francisco de Sales procurou percorrer todas as paróquias e cuidar da formação dos sacerdotes. Queria que os padres fossem “médicos” para curar os pecadores. Assim como os médicos não se escandalizam com as enfermidades de seus pacientes os padres também não deviam se escandalizar com os pecados dos filhos de Deus. Mas, deveriam ser instrumentos do Espírito Santo para curar esses pecados.
Com Santa Joana Francisca de Chantal criou a Ordem da Visitação em 1610. Esse trabalho de acompanhamento da Ordem da visitação rendeu-lhe muitos escritos espirituais. Mas, escreveu basicamente, duas obras: Filotéia – Introdução à Vida Devota em 1608. Livro voltado para a espiritualidade dos leigos, pois a busca da santidade é tarefa de todos, independentemente, do estado de vida de cada um. Tratado do Amor de Deus -1616 - Obra de grande profundidade espiritual, dedicada a “Teótimo”, personificação do espírito humano, desejoso de progredir no amor divino.
Durante uma viagem a França em 1622, sofreu uma apoplexia (Avc) em Lião, a 27 de dezembro e recebeu os últimos sacramentos na casa de um jardineiro, onde tinha insistido em ficar. Morreu no dia seguinte com 56 anos. Após a sua morte e já no século XIX surgiram várias congregações religiosas sob sua proteção: Missionários de São Francisco de Sales, de Annecy, os Salesianos fundados por D. Bosco em Turim, e os Oblatos de São Francisco de Sales, em Troyes, França.
As bases da santidade em São Francisco de Sales
As bases da Santidade para São Francisco de Sales são a Humildade e a doçura. Tais virtudes não são apenas frutos de uma boa educação, mas algo que deve brotar do coração. As duas virtudes se entrelaçam. A humildade torna doce o coração.
A condição humana é diferente da condição dos anjos. Por isso, não devemos nos escandalizar com nossas fraquezas. Devemos amar e odiar nossos pecados. Odiar porque é pecado. Amar porque nos permitem experimentar o grande amor de Deus que perdoa sempre contando que tenhamos humildade. Deus é tão enamorado da humildade, que pode perdoar todas as nossas faltas, desde que cultivemos essa virtude. Portanto, não amemos nossos pecados, amemos a humildade.
O Espírito de Jesus é de mansidão e doçura. Ele é manso e humilde de coração. Devemos pedir a Jesus tais virtudes. A mansidão, entretanto, não faz parte de nossa condição natural. Temos um excesso de amor próprio. Basta pisar em nosso calo para que ele reaja e se mostre com bravura. A gente reage com a pergunta: - Porque eu? Porque comigo? – Então deveríamos trocar a pergunta: - Quem sou eu? Quem sou eu, uma pobre criatura mortal, para querer direitos ou me considerar superior ao outro?
É preciso perceber as misérias de nossa condição. Mas, não podemos nos escandalizar com elas. Não somos anjos. Há que ter paciência com a miséria humana, a começar pela miséria de nossa própria condição. No caminho da santidade nosso progresso é lento e nossas vitórias precárias. Não podemos querer a cura de tantas doenças (vícios e fraquezas) em um só dia!