A Cama de Procusto

Procusto (Polipêmo ou Damástes) é um personagem curioso da mitologia grega. Ele aparece no relato da viagem de Teseu ao encontro de Ege...

Procusto (Polipêmo ou Damástes) é um personagem curioso da mitologia grega. Ele aparece no relato da viagem de Teseu ao encontro de Egeu o seu pai, que o havia abandonado na infância. Terrivelmente maldoso Procusto tinha uma cama de ferro que oferecia para o “repouso” dos viajantes. O detalhe é que o corpo do convidado tinha que ter a medida de sua cama. Caso fosse maior do que a mesma teria o corpo cortado para caber no leito; sendo menor, seria esticado para adquirir o tamanho da cama. A “justiça” de Procusto era assim: uma camisa de força na qual todos deveriam ser encaixados.

A lenda acima serve para nos ensinar muitas coisas. Costumamos avaliar e medir o outro a partir de nossos padrões e referências. Isso nem sempre dá certo. Cada um possui critérios de avaliação e parâmetros diferentes sobre determinadas realidades. O tempo da verdade única está em crise. Ninguém mais tolera camisa de força ou imposições. Vivemos numa época onde a busca pelo diálogo e entendimento é fundamental. As ditaduras estão fora de moda e, queira Deus continue assim!  No universo religioso a busca de uma cultura do diálogo é fundamental. Nesse sentido, o Papa Francisco pode nos ensinar muito.  Em seu pontificado tem buscado o diálogo com o diferente sem imposições. Afinal, existem situações perturbadoras que nos incomoda a todos. A questão ambiental, a violência, a corrupção são exemplos de problemas que nos perturbam independentemente da nacionalidade ou credo religioso.

Infelizmente Procusto ainda não morreu. Quanta gente ainda sofre por causa de imposições que vem de cima. Isso acontece nas famílias, nos grupos humanos e em quase todas as instituições. O nivelamento me parece ser a arma dos despreparados. Nem Jesus quis isso. Já no pequeno grupo de Apóstolos podemos perceber grande diversidade. Num grupo de apenas doze, pelo menos dois traíram ao Mestre: Pedro e Judas Iscariotes. O primeiro se arrependeu e continuou no grupo chegando inclusive à liderança do mesmo. Quanto ao segundo, só Deus sabe que finalidade teve. Seja como for, ali havia grande diversidade. Nem de longe Pedro se parecia com Paulo e, graças a essa diferença, a Igreja cresceu imensamente no mundo pagão sem perder sua identidade e raiz.

Santo Agostinho tem uma afirmação muito importante e que valeria a pena ser lembrada por todos nós que queremos construir pontes e derrubar muros. Diz mais ou menos assim: Nas coisas mais importantes, a unidade; nas menos importantes, a liberdade. Em tudo a caridade!

Que Santo Agostinho venha em nosso socorro e nos liberte das camisas de forças e camas de Procusto! Amém.

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