Importância da catequese

Só quem já trabalhou na roça, em outros tempos, é que sabe avaliar as dificuldades desse trabalho. Conheço bem essa realidade. Posso fala...

Só quem já trabalhou na roça, em outros tempos, é que sabe avaliar as dificuldades desse trabalho. Conheço bem essa realidade. Posso falar, com autoridade, sobre ela. Tudo era diferente naquele tempo. Jamais imaginaríamos que um dia iria faltar água no ribeirão. Então, a gente punha fogo no mato, sem culpa. Era uma forma de “limpar” o serrado. A falta de recursos era enorme. O trator era o pescoço do boi, motosserra os nossos braços e a geladeira uma cabaça de água debaixo da moita. A gente trabalhava enquanto havia luz no céu e às vezes também com a luz das  estrelas. A “ração” era minguada e a luta intensa. Não me arrependo de nada. Foi assim, que aprendi a ser gente e não me assustar com pouca coisa. Mas, como era difícil! A recompensa era demorada. Mas, com as bênçãos de Deus ela sempre vinha na hora da colheita.

Jesus, ao que parece, conhecia bem essa realidade do trabalhador rural. Em suas parábolas a gente percebe isso. Ele nos fala da semente, do pastor, da videira... Só quem viveu de perto essa realidade poderia citá-la tão bem nos discursos.

Ao refletir sobre a parábola do semeador (Mt 13, 18-23) e as explicações de Jesus sobre a mesma, fiquei imaginando muitas coisas. Uma das imagens que veio à lembrança foi a da preparação da terra para o plantio.  Assim como acontece com os corações humanos acontece também com a terra. Todas precisam ser preparadas para receber a semente. Caso contrário, desperdiça-se energia e dinheiro. Alguns terrenos são terríveis! O mato toma conta rapidamente. Outros são cheios de pedras. Exigem muito esforço na preparação. Tem ainda aquela terra traiçoeira. Parece boa e fértil, mas logo depois se revela hostil e rende pouco.  Existe um tipo de solo exigente na hora da preparação. Mas, depois vale a pena! Produz farta colheita. Não sei por que outros tipos de solo se enchem facilmente de espinheiros. Tudo isso, conhecemos de perto.

Antes de semearmos a semente da palavra é preciso, portanto, uma boa preparação do solo. Aqui me refiro, sobretudo, à tarefa da catequese. Ela é pesada e exige investimentos. É quase um desbravar da mata virgem onde se encontra de tudo. Conheço catequista que se desanimaram logo com o trabalho de semeadura.  Deixaram o preparo do solo, antes mesmo do almoço. Outros vão até mais tarde, mas desiludidos acabam perdendo a esperança na colheita. Mas, conheço também aqueles que são perseverantes. Enfrentam as securas do tempo e as tempestades de momento. Nada lhe tira o desejo de ver os frutos. Esses costumam colher muito, ao final do dia. 

Uma catequista me disse o seguinte a respeito de um catequizando:

“No começo eu não dava nada por aquele menino. Hoje quando o vejo como padre no altar meu coração se enche de contentamento. Dentro de mim, sinto que Jesus me agradece. Em boa parte, sou responsável por aquela vocação. Por isso, nunca desisto da catequese.  Sinto que ela é o meu caminho para o céu...”

A parábola do semeador se aplica, perfeitamente, ao catequista. Talvez, Jesus tenha pensado neles e nelas quando deu esse ensinamento. Ninguém melhor que o catequista semeia a palavra e se dedica à plantação. Com seu amor planta uma nova realidade. Assim, como o agricultor ele nunca perde a esperança de uma boa colheita. Não teme o calor do sol nem as ameaças do tempo. Segue firme com sua missão. O catequista é especialista em semear. Conhece os corações humanos e sabe que  alguns foram endurecidos  demais. Ainda assim, segue firme seu caminho. Faz o seu trabalho e confia na graça de Deus. Ainda bem que temos esses “agricultores da palavra”. Sem eles e elas não teríamos nenhuma esperança de colheita no futuro.
Que Deus os abençoe. São eles e elas que, plantam a Igreja de amanhã.

Na foto em destaque: Catequistas da Forania Nossa Sra. da Piedade 

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