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sábado, 15 de setembro de 2018

São Vicente: o Santo da Compaixão

Num mundo em que estamos perdendo a capacidade de chorar e sentir compaixão pelo outro, como disse, recentemente, o Papa Francisco, São Vicente de Paulo pode nos ensinar muitas coisas. Em sua primeira paróquia, De Châtillon-les-Dombes, ele cria um grupo ao qual chamou de “Confraria da Caridade”. Esse nome não foi escolhido por acaso, mas, por causa do Hospital da Caridade em Roma. O patrono da confraria deveria ser o próprio Cristo, na opinião de Vicente. Essa escolha do patrono se deu em virtude da fala de Jesus, segundo a qual, aquilo que se faz aos menores entre os seus é a Ele que se está fazendo.

Numa das  correspondências de São Vicente, podemos perceber a delicadeza do santo no trato com os mais pobres (socorridos). No texto ele sugere, com detalhes, a maneira como uma servidora deveria cuidar do idoso ou doente:

[A servidora] ao abordá-los, deve saudá-los alegre e caridosamente, acomodar a prateleira na cama, dispor por cima um guardanapo, uma taça, uma colher e pão, fazer com que os doentes lavem as mãos e dar as Graças, verter a sopa numa tigela e pôr a carne num prato, acomodando tudo isso na referida prateleira, e então convidar o doente caridosamente a comer, pelo amor de Jesus e de sua santa Mãe, sempre com amor, como se cuidasse do próprio filho, ou antes de Deus, que considera feito a ele próprio o bem que ela faz aos pobres. Ela lhe dirá então alguma palavrinha de Nosso Senhor, buscando nesse sentimento animá-lo, se estiver muito desanimado, cortando por vezes sua carne, dando-lhe de beber, e, assim o tendo posto a comer , se houver alguém perto dele, o deixar ir ao encontro de um outro para tratá-lo da mesma maneira, lembrando-se de começar sempre por aquele que tiver alguém junto de si e de terminar pelos que estiverem sozinhos, para poder ficar com eles por mais tempo; e depois voltará à noite para trazer-lhes a ceia com os mesmo utensílios e a mesma ordem que acima.

Vê-se, nas orientações acima, um cuidado quase maternal pelo socorrido. E não para aí. São Vicente orienta as senhoras da confraria como proceder nos funerais dos mais desamparados:  “ No lugar de mães que acompanham seus filhos ao túmulo”. Aqui temos uma grande prova de amor a Cristo. Aliás, a mística vicentina só se sustenta pelo amor a Cristo. Coitado de quem espera receber reconhecimento ou aplausos humanos! O pobre é aquele que descobre para nós o primeiro Sofredor, aquele que carrega o peso de todas as misérias do mundo: Jesus Cristo, pobre e humilhado. Ele é “sacramento de Cristo”. 
Vicente exprime como ninguém essa mística a partir do pobre:

“Não devo considerar um pobre aldeão ou uma pobre mulher conforme seu exterior, nem conforme o que parece pelo reflexo de seu espírito; tanto assim que muitas vezes não tem sequer a figura e o espírito de pessoas racionais, tão grosseiros e terrenos eles são. Virai a medalha, porém, e vereis pelas luzes da fé que o Filho de Deus, que quis ser pobre, nos é representado por esses pobres...”

Às Filhas da Caridade, dizia: “Os pobres são nossos mestre, são os nossos reis”!  -Daí pode-se  entender bem, o que significa “ser vicentino”. É fazer pelos pobres o que se faria ao próprio Cristo. Acho que muitos vicentinos já entenderam isso. Caso contrário, já teriam desistido de participar da missão.
 Hoje em dia está difícil até para fazer o bem. Pode ser que você já tenha sido muito incompreendido nesse trabalho e queira desistir. Não é hora disso. O bem que se faz ao pobre é a Cristo mesmo que se faz. Por isso devemos fazer com alegria e da melhor maneira possível, pois “o pobre é sacramento de Cristo”.
Pense nisso!

Obs: Esse texto foi escrito com base nos livros:

1-Guillame, Maie- Joelle. São Vicente de Paulo: uma biografia. 1ª edição. RJ: Record, 2017 – PP 137.

2-Renouard, Jean-Pierre. Orar 15 dias com São Vicente de Paulo. Aparecida – SP, Ed. Santuário. 2004. Pp 69

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