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sexta-feira, 5 de outubro de 2018

Viva São Benedito!



No dia 05 de outubro a Igreja celebra São Benedito. Mas, quem foi esse Santo?
São Benedito nasceu em San Fratello, perto de Messina, sul da Itália, e morreu em Palermo em 04 de abril de 1589. Sua beatificação aconteceu em 1743 e a canonização em 25 de março de 1907 com Pio VII.

Benedito era filho de pais escravos que foram trazidos da África e se converteram ao catolicismo. Liberto aos 18 anos Benedito ficou trabalhando no campo onde foi conhecido por sua grande caridade, pois repartia com os mais pobres quase tudo o que ganhava. Juntou-se à um grupo de eremitas para viver de forma mais radical a pobreza evangélica. Mas, em 1562, o Papa Pio IV, ordenou que todos esses grupos religiosos se integrassem em Ordens já existentes. Foi então, que Benedito entrou para a Ordem Terceira de São Francisco e passou a viver no Convento de Santa Maria  de Jesus em Palermo.

No convento foi designado para trabalhar na cozinha. Mas, sua virtude não podia ser abafada. Acabou se tornando mestre de noviços, mesmo sendo analfabeto,  e até guardião do convento. Terminada essa função retornou ao ofício de cozinheiro, função que mais gostava.

No Brasil, São Benedito é festejado em dezembro, 13 de maio e em alguns lugares no dia cinco de outubro. Sua imagem não é representada de uma única maneira. Existem pelo menos três representações diferentes: Na Itália é representado segurando o menino Jesus, em Portugal segurando um avental cheio de rosas e na Espanha segurando um coração. No Brasil foi chamado de “açúcar mascavo”, por Frei Antonio do Rosário, em 1702, para realçar a grande doçura do santo de cor preta.

A representação mais frequente do santo o mostra como um frade negro levando nos braços uma criança branca enrolada por um lençol igualmente branco. Essa representação está ligada a ideia de que São Benedito é o “padrinho-carregador” do Menino Jesus. A história do santo é recriada num tempo mítico que coloca sua existência antes mesmo do nascimento de Jesus. As primeiras representações do Santo, com o Menino Jesus nos braços,  são italianas e remontam ao Séc XVII. Ela está ligada à aparição da Virgem Maria que entrega ao santo o seu próprio filho.  Santo Antônio de Pádua também foi representado nesse padrão.

Em Portugal São Benedito foi representado com flores no avental.  Diz a lenda que ele carregava o lixo do dormitório na aba do avental quando foi questionado pelo Vice-rei da Sicília. Ao abrir o avental em vez do lixo apareceram muitas rosas de extrema beleza. Em outras versões da história em vez de lixo ele carregava no avental o pão para os pobres. Essa narrativa sobre Santo Antônio das Rosas, assemelha à de São Juan Diego, que ao abrir o manto diante do bispo em vez de flores apareceu retratada ali a imagem da Virgem de Guadalupe.

Na Espanha, São Benedito foi representado segurando numa das mãos um coração jorrando gotas de sangue.  Às vezes, em vez de carregar um coração carrega uma pequena trouxa de tecido manchada de sangue. Essa representação aproxima-se da representação de Santo Isidoro- santo lavrador,  padroeiro de Sevilha.

A devoção a São Benedito chegou ao Brasil através dos portugueses. Em Portugal já existiam as Confrarias (Irmandades) dos Pretos, desde que a colonização portuguesa se dera, ao longo das costas africanas. No Brasil essas confrarias dedicadas à Nossa Sra. Do Rosário passaram a contar com um valioso aliado, ou seja, São Benedito. No Rio de Janeiro, a irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos parece ter sido fundada no início do Século XVII, e se instalou na Igreja de São Sebastião do Morro do Castelo. Um dos motivos que levaram à criação das Irmandades dos homens pretos era para que elas se encarregassem de sepultar os negros que, naquele tempo não podiam ser sepultados nos pátios das igrejas junto com os brancos.  Na maioria das vezes, os corpos dos escravos eram simplesmente jogados nas valas ou em espaços próprios denominados cemitério de escravos.

Valorizar a Festa de São Benedito é reconhecer que parte importante da história do Brasil foi negada por causa da discriminação e preconceito. O Brasil verde-amarelo foi pintado desde o início pelo vermelho do sangue africano.  Recuperar essa devoção é incluir a cultura negra que tanto enriqueceu o nosso país. “Raça humana não tem cor”, mas deve ter coração. Somos todos filhos do mesmo pai não importa se negro, branco ou amarelo. Que São Benedito, nos ajude a construir um mundo mais fraterno e mais humanizado. Amém.

Fonte consultada para esse texto:

   Augras, Monique, 1937. Todos os Santos São Bem-vindos. Rio de Janeiro: Pallas, 2005

8 comentários:

  1. "São Benedito sua casa cheira, cheira cravo e rosa, flor de laranjeira."
    Quem vivencia a fé sabe quantas graças podem ser alcançadas através da intercessão de São Benedito. Por quantas vezes em casa preocupada em bem servir convidados me vi pedindo ao Santo negro a graça da multiplicação dos alimentos, e sem entender tudo se transforma. E quando em almoços da paróquia vemos o fundo do tacho aparecendo e pessoas chegando para comer, levantamos os olhos para o alto da cozinha e olhamos a imagem pequena,negra, de barro e confiamos na sua intercessão...lá brota-se como milagre o feijão tropeiro da tia Rita que bem serve e alimenta a todos.
    São Benedito rogai por nós

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  2. É msm muito linda a história de São Benedito . Obrigada!!! Padre Geraldo tbm é cultura

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  3. É msm muito linda a história de São Benedito . Obrigada!!! Padre Geraldo tbm é cultura

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  4. Estou encantada com a visa de Sao Benedito. Não conhecia. Adorei conhecer mais sobre ele. Fiquei devota a ele. Obrigada Pe Geraldo Gabriel.

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  5. "Raça humana não tem cor”, mas deve ter coração. Lindo testo. 👏👏👏👏👏

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  6. Que São Benedito abençoe tidos os lares e neles não falte o pão de cada dia.

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