Lua
Na curva da estrada, No alto do morro A lua encurvada Parecia um gorro Um risco no escuro Um pálido clarão Tirou-me do end...

Na curva da estrada,
No alto do morro
A lua encurvada
Parecia um gorro
Um risco no escuro
Um pálido clarão
Tirou-me do enduro
E da obrigação
Me fez companhia
Na igual solidão
Ó lua arriscada
Risquinho de nada
A viver pendurada
Sem nada dizer
Acorde em meu peito
Entende meu jeito
De alguém imperfeito
Que teima entender
A vida e a morte
Trançadas na sorte
Sem nada temer
Ó lua amuada
No céu amarrada
Já tão descorada
Por muito viver
Clareia meus dias
Trazei-me poesia
E de tanta alegria
Fazei-me gemer
Ó lua safada
Parece gelada
E nem olha pra mim
Ouça meu lamento
Acalmai meu tormento
Tem pena de mim
Pasme, ó lua
Que sorte a sua
Não cai nem recua
Nem perde a brancura
No espaço sombrio
Distante e vazio
Perdida na altura.
Ó lua vilã
Qual virgem espiã
Prepara a manhã
Que o sol vai brilhar
Com raios dourados
A terra gelada
Que há de acordar