Lua

  Na curva da estrada, No alto do morro A lua encurvada Parecia um gorro   Um risco no escuro Um pálido clarão Tirou-me do end...

 


Na curva da estrada,

No alto do morro

A lua encurvada

Parecia um gorro

 

Um risco no escuro

Um pálido clarão

Tirou-me do enduro

E da obrigação

Me fez companhia

Na igual solidão

 

Ó lua arriscada

Risquinho de nada

A viver pendurada

Sem nada dizer

Acorde em meu peito

Entende meu jeito

De alguém imperfeito

Que teima entender

A vida e a morte

Trançadas na sorte

Sem nada temer

 

Ó lua amuada

No céu amarrada

Já tão descorada

Por muito viver

Clareia meus dias

Trazei-me poesia

E de tanta alegria

Fazei-me gemer

 

Ó lua safada

Parece gelada

E nem olha pra mim

Ouça meu lamento

Acalmai meu tormento

Tem pena de mim

 

Pasme, ó lua

Que sorte a sua

Não cai nem recua

Nem perde a brancura

No espaço sombrio

Distante e vazio

Perdida na altura.

 

Ó lua vilã

Qual virgem espiã

Prepara a manhã

Que o sol vai brilhar

Com raios dourados

A terra gelada

 Que há de acordar


Imagem de Kanenori por Pixabay

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