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quarta-feira, 2 de abril de 2025

Inquietação noturna

 


Noite alta e quarto escuro. Tudo corria nos conformes, até mesmo o meu constante revirar-me sobre a cama. Nunca perco essa mania de me virar pra lá e pra cá, como se buscasse um útero quente no recôncavo dos lençóis.

No meio da noite, um pouco sonâmbulo quis saber a hora, outra mania de ser guiado pelas horas... Nesse quesito a modernidade nos ajuda bastante, ou, atrapalha conforme o ponto de vista. Hoje, mesmo no escuro, basta virar a cabeça e perguntar. Foi o que fiz naquela noite:

- Otília, que horas são?

– Silêncio!

– Otília, falei mais alto, que horas são?

– Nada!

Na dúvida, troquei o comando de voz:

- Letícia, que horas são?

– Silêncio sepulcral...

Tive acesso de ira, pensei em me levantar e chutar o balde.

– Porque Alexa não queria me responder?

– Eureka!

– Alexa, me perdoe!

– Não tem problemas, meu querido!

– Meu querido?

- Um de nós, eu ou Alexa, estávamos mesmo com problemas. Depois dessa, disfarçada, declaração de amor, já ando suspeitando de Alexa e voltei a usar meu antigo relógio:

- Um Tissot (diria “tissor”).

Isso ainda existe, galera?

Alguém me interna, por favor!


Imagem de Анастасия por Pixabay

4 comentários:

  1. Escrever as emoções é sempre válido e até terapêutico e assim, apenas divertir na leitura. Valeu.

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  2. Quando a idade chega é um problema kkkkkk isso acontece também comigo kkkkk

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  3. Muito obrigada por compartilhar esse texto
    Ótimo 😀

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