Incidente no comício

  E aqui vou eu com mais uma de minhas histórias. Confesso que dividir isso com você me dá muita alegria. Não tenho outro objetivo a não ser...

 


E aqui vou eu com mais uma de minhas histórias. Confesso que dividir isso com você me dá muita alegria. Não tenho outro objetivo a não ser “trocar figurinhas” com você compartilhando algumas situações vividas ou imaginadas. Na vida real, as coisas nem são tão engraçadas. Às vezes, a vida é meio chué mas, quando recriadas na arte da palavra, uma situação, mesmo chué, ganha novo brilho. Os nomes que uso são inventados já que não posso expor ninguém.

A história de hoje fez parte da vida real e aconteceu numa tarde festiva de comício político à moda antiga. As campanhas políticas de hoje perderam a graça, mas, antigamente a coisa pegava fogo. Rolava de tudo: Era Trio Parada Dura, fogos de artifícios, condução de graça e muitos parentes que sequer imaginávamos ter, davam as caras na casa da gente. E foi numa dessas ocasiões que o incidente aconteceu. O candidato ia visitar o Arraial das Couves, e a expectativa era enorme. Naquele tempo, pelo visto, só existiam dois partidos políticos: O Arena e o MDB conhecido popularmente como “Manda Brasa”. Assim, a vida ficava bem mais fácil. Era como se um partido fosse de Deus e o outro do “Pemba”. Por favor, não me pergunte o que é “Pemba” que eu também não sei. Meu pai não sabia nada de política mas dizia que o Comunismo era um perigo pois, quando chegasse, todo mundo iria andar pelado. Isso não devia assustar ninguém pois, naquele tempo, a meninada já vivia pelada mesmo, até quase nascer bigodes...

No dia do comício apareceu o candidato do Arena, um tipo estranho com um bigode debruçado sobre a boca como se quisesse imprimir seriedade nas palavras. O seu discurso, que me lembro bem, falava sobre a importância da Rodovia Transamazônica. Só hoje entendi que aquilo tudo era conversa pra boi dormir pois, a tal rodovia não levava ninguém para lugar nenhum e pouca coisa restou da dinheirama toda que foi aplicada na invenção daquela que seria o progresso. Aliás, a gente sempre vibrava com a palavra “progresso” mas, nunca se perguntava para quem seria o tal progresso.

Antes do comício, Dona Balofa apareceu com um vestido muito rodado acompanhada do marido que sofria de tremuras. Ela andava com certa dificuldade para arrastar seus 150 quilos em meio a tanta gente.   Ele levava um bule de café adoçado com rapadura para oferecer ao candidato e ela, um foguete de grande potencial explosivo. Emocionado com o discurso do ditadorzinho do bigode ela puxou o foguete de algum lugar e mandou o marido botar fogo no bicho. Tudo corria muito bem, exceto num detalhe, o foguete estava com a boca virada para baixo. Foram três grandes explosões bem debaixo de sua saia rodada. No susto, o café derramou-se todo e a mulher soltou fumaça até pelas ventas. Por sorte não houve mortes naquele dia.

Depois do comício vinha o mais importante: Um show, de graça para todos os jecas ali presentes, incluindo eu, é claro! Nessas ocasiões, a gente "lavava a égua" pois, todo mundo era tratado à pão de ló. Tínhamos condução para nos buscar para o evento e para nos levar de volta pra casa. Eu, na minha inocência, pensava: Como era bom ter tantos parentes que eu nem conhecia! Ô vida boa, sô!

Imagem gerada por IA

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  1. Kkkk que ótima esta crônica, pontuou o que acontecia nos comícios, e que deixou herança até hoje. Os currais eleitorais são visitados por políticos, e a farra da compra de votos em diferentes modalidades acontece infelizmente, porque a despolitização assim permite. O imediatismo de levar vantagem, não vislumbra o prejuizo nas ações contra o povo, deste que comprou o voto.
    Aconteceu sim, algumas mudanças nas campanhas, como a proibição de grandes shows nos comícios. Melhor assim.
    Que música legal o Senhor encontrou para o final. Parabéns

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  2. Muito engraçada essa história, estou imaginando os personagens kkkkkk
    Pemba kkk já ouvi isso quando criança kkk

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  3. Adorei .... eu consegui entrar na história, imagina a situação desta senhora com o foguetório debaixo da saia, muito engraçado mesmo!! E como o senhor disse que aconteceu, eu vou acreditar pq padre não mente. Amei a história!!

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  4. Morro de rir imaginando a cena do foguetório.O padre escreve muito bem

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  5. Sensacional, vivida ou imaginada, sempre é bom ler cada crônica aqui escrita. É uma verdadeira viagem em cada frase, fico imaginando até a cara dos personagens rsrs.

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  6. Fiquei aqui imaginando a situação, rsss

    Uso a palavra Pemba ate hoje, mas não me pergunte o significado kkkk

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