Primavera: A deusa que nos visita!

  A palavra primavera vem do latim, “primo vere” e quer dizer primeiro verão. É a estação que sucede o inverno e antecede ao verão. No Hemis...

 


A palavra primavera vem do latim, “primo vere” e quer dizer primeiro verão. É a estação que sucede o inverno e antecede ao verão. No Hemisfério Sul, ela começa no dia 22 de setembro e vai até 21 de dezembro. Considerada a estação das flores ela, carrega consigo, um grande poder de sedução. Costuma, também, ser associada à idade das pessoas. Por isso, falamos que alguém “celebrou” mais uma primavera quando esse alguém completou mais um ano de vida. Seja como for, ela não passa imperceptível dadas às mudanças que provoca na superfície da terra. A secura do clima e da paisagem começa a ganhar novo brilho com sua chegada. As árvores, que pareciam mortas, de repente, se abrem em flores e os insetos festejam, no meio das folhas novas, garantidas pela estação. Os primeiros sinais de chuva aparecem no azul do céu, que começa a ganhar tons cinzentos, ao final de cada dia.

Na mitologia grega, a primavera estava associada à uma ninfa (Salmácis), uma espécie de “Anjo da Guarda” que protegia algumas espécies de plantas, lugares, animais ou pessoas.  Salmácis, de tal maneira se apaixonou por Hermafrodito que acabou se fundindo como ele num único corpo. Daí veio a lenda que quem se banhasse na Fonte Salmácis acabaria tornando-se afeminado ou masculinizado. Hermafrodita, como se sabe, é a designação para um vegetal ou invertebrado que possui os dois sexos num único corpo.

Acho melhor associar a primavera a outro mito grego: Deméter e Perséfone! O outro nome de Deméter é Ceres e Perséfone também foi conhecida como Prosérpina. Na cultura latina os deuses gregos receberam outros nomes. Mas, vamos ao mito: A deusa Deméter junto com Zeus teve uma linda filha que foi chamada Perséfone. Por ser tão bonita Perséfone chamou a atenção de Hades (Plutão), o deus que morava na mansão dos mortos.  Dos subterrâneos profundos onde habitava, Hades saiu um dia, e raptou a donzela quando ela colhia suas flores no campo. Sua mãe ficou desesperada e chorou muito, além de procurá-la, em todos os lugares.  Durante esse tempo, a terra ficou feia e triste nada produzindo. Deméter (Ceres) era a deusa encarregada de cuidar da fecundidade da terra e estando naquele estado não podia se dedicar aos seus ofícios. Da palavra “Ceres” procedem as palavras “cereais, celeiros...” Mas, os cereais estavam se extinguindo e as searas morrendo. A fonte Aretusa, no entanto, conhecedora das profundezas da terra revelou para Deméter o paradeiro de sua filha. Desse-lhe, que ela se encontrava nos subterrâneos de Plutão. Deméter reivindicou de Zeus o direito de buscar sua filha pra a superfície da terra. Mas, havia um problema: Se ela tivesse ingerido alimento na morada de Plutão, isso a impediria de retornar, definitivamente, aos braços de sua mãe. E fora, exatamente, isso o que acontecera: Perséfone havia comido alguns grãos de romãs! Assim, sua mãe só pode realizar, em parte, o seu desejo. Zeus, o chefe dos deuses, permitiu que Perséfone passasse dois terços do ano na superfície da terra. Um terço, porém, ela deveria permanecer ao lado do seu marido no mundo subterrâneo.  A primavera, então, passou a ser o tempo em que Perséfone estava liberada do mundo subterrâneo e poderia passear na superfície da terra. Assim, poderia acariciar as flores e ser carregada nos braços de Zéfiro, o vento brando, a cada manhã. Findo esse “tempo de férias” retornaria ao mundo de Hades. Perséfone, assim como o trigo, antes de receber os raios solares e bailar com seu corpo ao sopro delicado do vento, deve passar por um tempo na escuridão da terra. Esse “tempo de provação” é necessário para que a semente possa brotar e romper a crosta seca da terra.

Ao longo da história, os homens sempre procuraram decifrar a si mesmo e à realidade.  Entender a primavera foi um belo empreendimento humano. Inspirados por ela, músicos e poetas produziram suas obras, algumas de rara beleza. Associar a primavera às divindades foi perfeito, pois, a beleza sempre foi um atributo divino. Hoje, não quero entender a primavera. Quero, apenas, ser arauto de sua presença. Vistamo-nos,  para uma  festa, pois, uma deusa está entre nós! Talvez, por isso, a pitangueira, no quintal da Rádio Santa Cruz e Stilo esteja vestida de noiva (foto em destaque). Quem sabe, não venha com a primavera um novo tempo marcado pela beleza e pela paz. Afinal, não se dever guerrear quando uma deusa está presente...

Foto destaque: Pitangueira em flor, no quintal da Rádio Santa Cruz

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  1. E muito bom ler um belo texto como este. Foi muito apropriada a construção fazendo paralelo com a mitologia grega. Realmente ficou interessante este conhecimento que o Senhor tem, e o mesclar que fez, para falar e nos encantar mais, com a bonita estação do ano, a primavera.
    Que privilégio, melhor dizendo, que benção, ter um pé de pitanga como o mostrado. Esta é uma riqueza para poucos.
    Agradeço pela música ao final. Concluo meu comentário dizendo; O texto agradou do começo ao fim.

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  2. Ahhhhh Padre, que leitura gostosa. Estava precisando dessa leveza

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  3. Texto bom de ler ,música boa de ouvir, flores lindas de ver ..
    Obrigada Padre Gabriel

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  4. Como é bom desfrutar dos seus escritos. Primavera, mudança de estação, que delicia para nosso olhos

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