A idolatria é abominável

 

Poderíamos escrever páginas e mais páginas sobre o tema da idolatria pois, a bíblia está recheada de condenações sobre esse pecado. Simplificando muito ele consiste em colocar no lugar de Deus algo que não é Deus. Exemplo: O dinheiro! No Evangelho de São Lucas a condenação a esse tipo de idolatria é bem clara: Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro! (Lc 16, 9 - 15). É preciso entender também o que significa esse “servir”. Quando Maria disse: Eis aqui a serva do Senhor está dizendo, a “escrava” do senhor. Então, quem é escravo do dinheiro e o coloca do altar como um fim, está servindo a um ídolo, um falso deus. Isso, diante de Deus é uma abominação!

Foi grande a abominação quando Antíoco Epifânio IV (167 a. C) demoliu o altar do Templo de Jerusalém e colocou em seu lugar uma estátua de Zeus, deus da mitologia grega, diante da qual passou a oferecer sacrifícios:

No dia quinze do mês de Casleu do ano cento e quarenta e cinco, Antíoco colocou sobre o altar dos holocaustos a abominação da desolação. Pelas cidades de Judá em derredor, construíram se também outros altares. Passaram a queimar incenso até na porta das casas e pelas praças. Rasgavam e queimavam os livros da Lei que encontravam (1 Mc 54 - 57). Vejam bem: Essa estátua foi considerada uma abominação!  Na ocasião a indignação foi tanta, que acabou levando a uma guerra, a Revolta dos Macabeus. As tropas dominadoras foram expulsas de Jerusalém em 164 a. C e o templo foi novamente dedicado a Deus.

A abominação é um termo técnico que designa um mal escatológico, o antideus do final dos tempos. Sendo assim, a idolatria do dinheiro é uma espécie de antecipação do fim do mundo. Se toda a criação é um dom, a obsessão pela posse é uma descriação: Os que desejam enriquecer caem na tentação, na armadilha e em muitos desejos insensatos e prejudiciais que afogam as pessoas na ruina e destruição. Porque a raiz de todos os males é o apego ao dinheiro. Pela ânsia do dinheiro, alguns se afastaram da fé e se torturaram com muitos sofrimentos (1 Tm6, 9 - 10).

Jesus disse que não dá para servir a Deus e ao dinheiro. É como querer andar em dois carrinhos ao mesmo tempo. Uma hora a pessoa cairá e, nesse caso, cairá aquele que decidiu servir ao dinheiro. Um ídolo não se sustenta. Diante de Deus ele trinca e racha. Foi isso o que aconteceu a Dagon, ídolo dos Filisteus que, simplesmente partiu em pedaços diante da arca de Deus:

Depois de capturar a arca de Deus, os filisteus a levaram de Ebenezer para Azoto. Pegaram a arca de Deus e a colocaram no templo de Dagon, perto de Dagon. Na manhã seguinte, quando se levantaram, os cidadãos de Azoto encontraram Dagon caído de bruços diante da arca de Javé. Pegaram Dagon e o colocaram de novo em seu lugar. Na manhã seguinte, quando se levantaram, de novo encontraram Dagon caído de bruços diante da arca de Javé. A cabeça e as duas mãos de Dagon tinham sido cortadas e estavam na soleira da porta. Só o tronco de Dagon estava no lugar  (1Sm 5, 1 ss).

Nesse relato, percebemos que o ídolo dos filisteus não resistiu a presença da arca de Deus. Ele se partiu e permaneceu inclinado diante dela como se estivesse em atitude de adoração.

No Evangelho de Lucas os fariseus riram de Jesus, pois eram amigos do dinheiro. Mas, Jesus não deixou barato quando acusou-os, de hipocrisia: Vós gostais de parecer justos diante dos homens, mas Deus conhece vossos corações. Com efeito, o que é importante para os homens, é detestável para Deus (Lc 16, 15).  

É preciso entender que Jesus não condena o fato de se ter dinheiro mas de ser escravo dele. Quem se deixa escravizar pelo dinheiro passa a não enxergar mais nada além do desejo de posse. Na verdade, não somos donos de nada, nem mesmo de nossas vidas. Somos apenas administradores. Um dia teremos que prestar contas a Deus de tudo o que recebemos como dom e graça. Pense nisso!

Imagem: Imagem de Alana Jordan por Pixabay