Em paz com a chuva

Fiz as pazes com a chuva. Não foi de repente. Primeiro, ouvi o gotejar como quem escuta um perdão que não sabe se merece. As nuvens vieram b...

Fiz as pazes com a chuva.

Não foi de repente.

Primeiro, ouvi o gotejar como quem escuta um perdão

que não sabe se merece.


As nuvens vieram baixas,

quase tocando minhas pálpebras.

Eu não desviei.

Deixei molhar o que ainda doía.


Lembrei do meu pai,

com a simplicidade dos mestres antigos,

dizendo como quem entrega um segredo de família:

“tem que gostar de chuva.”


E eu, que sempre temi o desmanche,

descobri que a água não leva tudo,

às vezes devolve.


Hoje, quando ela cai,

não fecho as portas.

Abro o peito.


A chuva me reconhece.

E eu, finalmente,

reconheço a chuva.


Fizemos as pazes.

E tudo em mim começa a nascer de novo.


Ana Cláudia SSaldanha

Foto: Pe. Gabriel - Foto tirada sob a chuva no quintal de Dona Luzia, em S. José da Varginha

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  1. Finalizou fazendo as pazes com a chuva. Poetiza tem mesmo que reverenciar sempre a natureza. Gostei!

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  2. Essa chuva mansa, é meu sonho de consumo. Não gosto daqueles pancadões que logo passam e o calor volta. Mas Deus, deve ouvir tanta asneira nossa. Tem gente que marca sítio com piscina nos finais de semana, e se chove , se revoltam contra Deus. Mau sabem eles e elas, que sem a chuva, o sítio seria um deserto.

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