Somos assim

 

Quando vejo a terra revirada para o plantio, 

no silêncio, estremeço-me interiormente, 

sinto em mim o desenhar dos sulcos, 

dilacerando minha existência.

Eles são frestas de esperança, 

feridas aguardando bálsamo,

vales que acalentam sonhos.

Prova do que somos: inacabados e frágeis.

Mas desde o princípio

paira sobre nós a sentença de salvação:

na terra do ser, a aragem terá a medida da 

existência. 

Sereis terra sempre revirada.

Venturoso destino foi reservado para nós:  aguardar o anúncio da semente, frutificar. Nisto somos parecidos com a terra. 

Inaudita beleza!

Texto: Dom Geovane Luís da Silva

Foto: Pe. Gabriel ( Paisagem de São José da Varginha)