Amado e não temido
Como são belos e misteriosos os caminhos de Deus! A Sagrada Escritura, desde o Antigo Testamento, ensinou-nos a ver Deus em sua grandeza...
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Como são belos e misteriosos os caminhos de Deus! A Sagrada Escritura, desde o Antigo Testamento, ensinou-nos a ver Deus em sua grandeza e majestade. De fato, não poderia ser diferente. Ele é maior que o universo; maior que os oceanos; conhece todas as estrelas e constelações. Pode dar ordens aos ventos, mudar o curso dos mares e escurecer o brilho do sol. Caso contrário, não seria Deus.
Santo Afonso de Ligório, para falar da grandeza de Deus recorre ao pensamento de diversos outros santos e teólogos. Um dos santos que ele cita, por exemplo, é Ambrósio. Ambrósio, afirma que: Dizer que Deus é maior que os céus, que todos os reis da terra, que todos os santos é fazer-lhe injúria, como seriam injuriar um príncipe o dizer que ele é maior do que um caule de erva ou uma mosca. Deus é a grandeza mesma, e toda a grandeza é apenas uma mínima parcela da grandeza de Deus.
Diante do poder e da majestade divina, todas as nações pesam menos que uma gota d’água. Apesar disso, Ele escolheu o caminho do estreitamento e da insignificância ao se encarnar e vir morar conosco. São João afirma: O Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós... Com que finalidade Deus fez isso? Para quem fez isso? - Ele fez isso por nós. Fez-se pequeno para nos engrandecer, foi envolvido em paninhos para nos livrar das cadeias da morte, desceu à terra para que pudéssemos subir aos céus...
São Bernardo dizia: Vinde ver um Deus que pode tudo, preso em paninhos de sorte a não poder mover-se; um Deus que sabe tudo, privado da palavra. Um Deus que governa o céu e a terra, necessitando ser carregado nos braços. Um Deus que nutre todos os homens e todos os animais, precisando de um pouco de leite para viver, um Deus que consola os aflitos, que é a alegria do paraíso, e que chora que geme e que procura quem o console!
Pelo mistério da encarnação Deus se fez muito próximo de nós para ganhar o nosso amor. Tomou nossa natureza e não a natureza dos anjos! Quis assumir um corpo humano para que pudéssemos amá-lo com mais proximidade. Mostrou-se ao mundo como uma criança graciosa. Ninguém tem medo de uma criança. No alto de sua inocência ela pode desmontar os corações mais embrutecidos, pode afugentar o terror e fazer brotar o amor! Agindo assim, Deus nos mostra que prefere ser amado a ser temido. Ah! Meu Senhor e meu Deus, afirma Santo Afonso de Ligório, quem, pois, vos obrigou a descer do trono dos céus, para nascerdes num estábulo? – Foi o amor que tendes aos homens! Quem vos arrancou da direita do Pai Eterno, onde estais assentados e vos deixou numa vil manjedoura? Vós que reinais sobre a abóbada estrelada, quem vos estendeu sobre a palha? Quem do meio dos anjos vos fez residir entre dois animais? - Foi o amor. Vós abrasais os Serafins, e tremeis de frio! Vós sustendes o céu e é preciso que vos levem nos braços! Vós nutris homens e animais, e tendes necessidade de um pouco de leite para vos sustentar! Vós sois a felicidade dos santos e eu vos ouço chorar e gemer! Quem, pois, vos reduziu a tão grande miséria? - Foi o amor...
Assim, quis nascer Aquele que prefere ser mais amado que temido!