Última Flecha
A maior prerrogativa de Deus, toda a sua essência, é de Ele ser Seu; existir por si mesmo. Todas as criaturas dependem dele para existir...
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A maior prerrogativa de Deus, toda a sua essência, é de Ele ser Seu; existir por si mesmo. Todas as criaturas dependem dele para existirem e sem Ele não são nada. Assim, afirma Santo Afonso de Ligório, cujas reflexões me baseio para a construção desse texto.
Deus Pai em sua majestade soberana deu-nos o seu Filho, “um filho nos foi dado...”. Esse Divino Filho, por sua vez, se deu, inteiramente, a nós. Assim, Ele se fez nosso! Deus que não pode ser dominado por ninguém foi vencido pelo seu próprio amor, de tal maneira que se fez inteiramente nosso. Somente fez isso, para ganhar o nosso amor e ser amado por nós. De diversos modos Ele havia tentado cativar os homens: benefícios, ameaças e promessas. Agindo assim, nada conseguiu. Pela encarnação do Verbo, diz Santo Agostinho, Deus achou um meio de dar-se, inteiramente, a nós para que pudéssemos amá-lO de todo coração. Ele poderia encarregar um anjo de resgatar o homem. Mas, nesse caso, o homem resgatado ficaria com o coração partido: amaria seu criador e o anjo que o resgatou. Por isso, Deus, que queria o homem só para si, e não contente de ser apenas seu criador quis ser também o seu redentor. O que vemos e contemplamos na grutinha de Belém é Deus mesmo, em pessoa, que estende as mãozinhas para nos resgatar.
Qualquer súdito ficaria imensamente feliz se o seu rei lhe estendesse a mão e o considerasse como amigo. Foi, precisamente, isso que Deus nos fez. Ele nos amou e se entregou por nós... Santo Agostinho dizia que, para conquistar o amor dos homens, Deus lançou-lhes diversos dardos de amor, diretamente, aos seus corações. “O céu, a terra e todas as coisas me dizem que vos ame ó meu Deus!” Assim, uma flor, a montanha, a cachoeira, os pássaros, são realidades que apontam para Deus, a Beleza Suprema e, ao mesmo tempo, carente de nosso amor. As criaturas revelam-nos a beleza do Criador e, muitas vezes, nos acusam de ingratidão para com Ele que tudo fez com perfeição em nosso favor.
Assim como o caçador guarda sua melhor flecha para o último golpe à fera, diz-nos o Cardeal Hugo, assim entre todas os dons que Deus nos destinou, Ele reservou Jesus para no-lo enviar, na plenitude dos tempos, como seta suprema, e mais própria que todas as outras, para nos inflamar de amor. A flecha do amor pode atingir o nosso coração, diante do presépio, do altar ou do Santíssimo Sacramento. Deus não economizou em criatividade para cativar nosso amor. Veio até nós como criancinha carente, como carpinteiro, como condenado ou como pão sobre o altar... Deu tudo por nós, inclusive a Si Mesmo.
Diante desse amor tão grande e tão puro, como podemos lhE retribuir? Os príncipes da terra gostam de reinos e riquezas. Deus se contenta apenas com nossos corações. Vamos consagrar a Ele nossos corações por inteiros. Pelo visto, Ele não gosta de metades, de meias medidas. Já que Ele se deu a nós sem reservas, que tal retribui-lo de forma semelhante?