Uma das músicas mais bonitas de Luiz Gonzaga fala sobre a importância do jegue na vida do nordestino. Nela, ele chega a dizer que o “ju...
Uma das músicas mais bonitas de Luiz Gonzaga fala sobre a importância do jegue na vida do nordestino. Nela, ele chega a dizer que o “jumento é nosso irmão”
…É verdade, meu senhor / Essa estória do sertão / Padre Vieira falou / Que o jumento é nosso irmão…
A música de Luiz Gonzaga dá dignidade para o animal que tem fama de ser burro e pirracento. Apesar disso, é chamado de “grande patriota”, pois é muito útil ao trabalhador do sertão. Hoje quero falar de um jumentinho que aparece no Evangelho de São Lucas (Lc 19,35). No Novo Testamento esse animal aparece pelo menos duas vezes: Na fuga para o Egito e na entrada solene de Jesus em Jerusalém. Minha reflexão, hoje, será sobre esse que serviu de carruagem para o Rei dos Reis, no dia em que ele entrou, solenemente, em Jerusalém. O texto diz o seguinte:
Quando Jesus se aproximou de Betfagé e de Betânia, perto do chamado monte das Oliveiras, enviou dois discípulos, dizendo: Vão até o povoado em frente. Quando vocês entrarem aí, vão encontrar, amarrado, um jumentinho que nunca foi montado. Desamarrem o animal e o tragam. Se alguém lhes perguntar: “Por que vocês o estão desamarrando? Vocês responderão: Porque o Senhor precisa dele. Os discípulos foram e encontraram as coisas como Jesus havia dito.
Os discípulos atenderam, prontamente, o pedido de Cristo. Encontraram e desamarram o jumentinho. Ninguém foi contra esse gesto, nem mesmo o proprietário do animal. Afinal, era o “Senhor” e, dono de todas as coisas, que precisava dele. O pobre jumento acabava de sair do anonimato para entrar na história sagrada!
Devo confessar que, às vezes, sinto inveja desse jumento. Costumo ser mais empacado do que ele diante do chamado de Deus. Sei que Deus me chama e confia em mim. Mesmo assim, permaneço encabrestado nos meus pecados e na minha teimosia. Deus me quer livre para servi-lo. Mas, como é difícil romper com o homem velho (Romanos 6,6)! Muitas vezes, ouvi dizer: O Senhor precisa dele… e, no entanto, não colaborei para soltar as rédeas que me prendiam. Quantos de nós, apesar de cristãos, nos assemelhamos a um burrinho amarrado? Sabemos que o Senhor precisa de nós e quer que sejamos livres para servi-lo. Ainda assim, continuamos algemados no pecado. Que Deus nos ajude a ouvir e atender ao chamado divino com presteza e alegria!